Live de lançamento: compositores ganham voz em livro sobre ‘Festival da Canção de Parintins’ neste sábado, 8
04 de maio de 2021
A live será transmitida pela página no facebook da editora Valer (Reprodução/Divulgação)
Com informações da assessoria
MANAUS – A Editora Valer apresenta neste sábado, 8, a partir das 10h, uma live para marcar o lançamento do livro de Hiana Magalhães, historiadora e mestre em História Social pela Ufam, intitulado ‘O Festival da Canção de Parintins – por meio das narrativas dos compositores’.
O livro é um projeto contemplado pela Lei Aldir Blanc, edital Encontro das Artes, de 2020, da Secretaria de Estado da Cultura e Economia Criativa.
(Reprodução/Divulgação)
A obra nasceu de uma dissertação, é norteada pela História Oral e traz uma importante contribuição para o avivamento de um acontecimento, esquecido da histórica Ilha de Tupinambarana – O Festival da Canção de Parintins, que teve vida curta, mas que marcou profundamente os artistas da época e pontuou o direcionamento para a música feita em Parintins, que circula pelo mundo.
A live será transmitida pela página no Facebook da editora Valer. O evento contará com a participação do professor Glauber Biazo, doutor em História Social; Dori Carvalho, poeta e cronista, e Jéssica Dayse Matos Gomes, historiadora mestre e doutoranda em Sociedade e Cultura.
Hiana Magalhães explicou que o tema tem como proposta perceber a importância desses festivais de música na cidade de Parintins/interior amazônico, por meio das narrativas destes compositores e como eles contam suas experiências, e, ao mesmo tempo, qual a avaliação que eles fazem sobre a importância do festival para a comunidade parintinense.
A autora ressalta no livro quais as principais reivindicações dos narradores e quais os significados que atribuem a sua participação na produção cultural regional e na cena cultural do Norte do País, percebendo as relações entre memórias construídas, identidades defendidas por estes narradores que são os próprios compositores nas entrevistas e em suas canções. Traz ainda a cena musical da MPB dos anos 1970 e 1980 como uma forte influência na construção artística dos compositores entrevistados.
“Percebemos que as canções produzidas nesse contexto por estes compositores marcaram não somente o início de suas carreiras como são representações de uma identidade musical original”, relatou Hiana.
Um pouco sobre a história do Festival
Parintins na década de 80, já era reconhecida pelo Festival Folclórico dos bois-bumbás Garantido e Caprichoso, sempre vista como “a festa maior” no município, dispondo de recursos financeiros vindos do governo do Estado. Percebendo que o contexto da época, os incentivos à cultura dependiam desse vínculo com a política tradicional e seus representantes, que favoreciam as manifestações artísticas antigas e consolidadas aos grupos políticos dominantes da cidade.
Concomitante aos grandes festivais de música brasileira e ao Festival Folclórico dos bois-bumbás que representam o elo entre tradição e vanguarda, surgiu o ‘Festival da Canção de Parintins’, o Fecap, organizado com a intenção de alavancar o cenário cultural parintinense, o que proporcionou ambiência na cidade e efervescência crítica e política aos artistas que participaram, imprimindo inovação nas suas produções musicais.
Na obra, as fontes orais utilizadas são dos compositores Fred Góes, José Carlos Portilho, Inaldo Medeiros, Tony Medeiros e Paulinho Dú Sagrado, e de Erivaldo Maia que na época foi um dos produtores Executivos do Fecap, junto com o Jornalista Nelson Brilhante. “Estas fontes orais, constituídas por meio das narrativas que são o grande aparato da dissertação, agora transformada em livro”, explicou a autora.
“Agradeço imensamente aos meus colaboradores e gostaria de dedicar este lançamento, in memorian, ao compositor José Carlos Portilho, recentemente falecido por Covid-19”, disse a autora.
Sobre a autora
Hiana Rodrigues da Silva Magalhães nasceu em Parintins, estudou no ensino público no colégio Araújo Filho, Brandão de Amorim, Senador Álvaro Maia, e Colégio Nossa Senhora do Carmo, no curso de magistério. No ensino Superior, cursou na Universidade Estadual do Amazonas-CESP/Parintins, Licenciatura em História, no ano de 2010. Em Manaus pela Ufam/No programa de pós-graduação PPGH cursou Mestrado em História Social. Entre 2017 e 2019.
(Reprodução/Divulgação)
Para o orientador de Hiana, professor Glauber Biazo, as linhas escritas por Magalhães fluem como o Amazonas e cuidadosamente levam leitoras e leitores a atracarem na Ilha Encantada, conhecida como a Capital Mundial do Folclore.
“Entrelaçando o contexto histórico regional parintinense aos processos de redemocratização política que marcaram o País no início dos anos 1980 e, também, aos movimentos culturais e influências musicais latino-americanas, sobressaem temas que iluminam as entrevistas. As narrativas de Fred, Inaldo, Paulinho, Tony, Portilho e Erivaldo são costuradas e apresentadas na medida em que expressam significados coletivos e delineiam conteúdos representativos a respeito das obras artísticas e musicais legadas pelo festival”, afirmou o orientador.
Segundo o professor, o registro histórico que agora vem a público é fruto de uma investigação atenta e criteriosa. Munida de uma escuta sensível, Magalhães foi capaz de ouvir as narrativas cuidadosamente, em um esforço que consiste na compreensão dos processos de construção da memória e nos significados coletivos presentes em cada uma das experiências individuais pesquisadas.
“Ah! A experiência, esta palavra hoje tão relegada ao esquecimento, possui nesse livro um peso intrigante que merece atenção, porque guarda o significado profundo e fascinante que marca as histórias transmissíveis, aquelas dedicadas ao desfrute do desconhecido, como também ao aprendizado sobre o outro, princípio da alteridade”, disse.
Glauber Biazo é doutor em História Social pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH-USP). Professor de Teoria da História do Departamento de História e do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal do Amazonas. Pesquisador do Laboratório de História Oral e Audiovisual do Amazonas (Labhora-AM/Ufam).
Entre os participantes da live deste sábado, além do professor Glauber, está a historiadora mestre e doutoranda em Sociedade e Cultura Jéssica Dayse Matos Gomes, e comentou a importância do lançamento desta obra.
“Bom, a obra é um marco significativo para a memória, cultura e identidade parintinense, que ultrapassa os limites do município e amplia nossas visões sobre a riqueza cultural que temos. A Hiana apresenta os compositores das quais nós conhecíamos as canções, mas que não tínhamos olhado diretamente para eles, para suas memórias e identidades. O Festival da Canção de Parintins foi um marco na vida dos que estavam envolvidos em sua organização e realização, que deu impulso para carreiras dos compositores e introduziu novos ritmos na música amazonense. Na contemporaneidade, não tem como falar de Parintins sem sua cultura musical, suas toadas que são as condutoras, as essências da festa de boi-bumbá que ganhou o mundo. A canção que se multifacetou e se tornou a toada de boi-bumbá tem uma “magia” que eles compositores conseguem capturar e inserir em sua obra, sendo que o Fecap tem um papel importante nesse processo”.
As influências do Fecap realçaram o compromisso da obra do compositor com o contexto sociocultural que vivenciamos. As toadas não tem só letra e música, mas reinvindicações, críticas, memórias e identidades que são de suma importante para o meio social parintinense e para além dele.
“A obra de Hiana Magalhães apresenta histórias, memórias e identidades que são vocalizadas, mas que muitos não ouviram. E é um privilégio ter a oportunidade de conhecer essas histórias, memórias e identidades que a experiência do Fecap hoje nos presenteia por meio dessa obra. Falar sobre a memória de compositores em meio a um festival no contexto político tão crítico em que o Fecap foi realizado também é importante até para analisar a situação em que vivemos no agora, com a pandemia e o campo cultural se reinventando. Nos períodos mais críticos, a música consegue impulsionar nossos desejos de uma sociedade melhor”, ressaltou Jéssica Dayse.
Jéssica Dayse Matos Gomes é Licenciada plena em História pela Universidade do Estado do Amazonas, Centro de Estudos Superiores de Parintins – Cesp. Mestra em Sociedade e Cultura na Amazônia pela Universidade Federal do Amazonas – Ufam. Atualmente cursa o doutorado em Sociedade e Cultura na Amazônia com pesquisa sobre cultura negra, identidades e relações étnico-raciais em Parintins-AM.
Este site usa cookies para que possamos oferecer a melhor experiência de usuário possível. As informações dos cookies são armazenadas em seu navegador e executam funções como reconhecê-lo quando você retorna ao nosso site e ajudar nossa equipe a entender quais seções do site você considera mais interessantes e úteis.
Cookies Estritamente Necessários
O cookie estritamente necessário deve estar ativado o tempo todo para que possamos salvar suas preferências de configuração de cookies.
Se você desativar este cookie, não poderemos salvar suas preferências. Isso significa que toda vez que você visitar este site, precisará habilitar ou desabilitar os cookies novamente.