Livro denuncia genocídio de povos indígenas na ditadura militar


17 de julho de 2024
Livro denuncia genocídio de povos indígenas na ditadura militar
Imagem mostra o livro centralizado (Composição: Paulo Dutra/CENARIUM)
Isabella Rabelo – Da Cenarium

MANAUS (AM) – O livro “Povos indígenas do Alto Rio Negro e dominação colonial”, lançado no início de julho por professores da Universidade Federal do Pará (UFPA), denuncia o genocídio sofrido pelos povos indígenas na época da ditadura militar no Brasil, que ocorreu de 1964 até 1985. A obra é baseada em um relatório que foi peça documental da denúncia ao Tribunal Roussel, em 1978, pelas mãos das lideranças indígenas Álvaro Tukano e Márcio Souza.

O documento resultou no julgamento e condenação do Estado Brasileiro pelo genocídio de povos indígenas praticado durante o período que os militares ocuparam o Poder após o golpe de 1964. Ao tempo, a veiculação do texto foi proibida pelos órgãos de repressão.

Lançado pela editora Valer, o material foi construído pelos professores Edna Castro, Joaquina Barata Teixeira, Valdecir Palhares e Antonio Maria, com o objetivo de informar sobre os povos indígenas e incentivar a sociedade sair em defesa de pessoas, do meio ambiente e da Amazônia. 

Segundo Márcio Meira, do Museu Paraense Emílio Goeldi, este livro é o renascimento público do relatório de 1976, que o retira definitivamente da clandestinidade. A obra será útil para os pesquisadores que estudam a história do indigenismo no noroeste amazônico ou mesmo, de forma mais ampla, a história das ações da ditadura militar e missionárias no Brasil indígena, na década de 1970. 

O antropólogo Márcio Meira (Marcello Casal Jr./Agência Brasil)

Interessa também, e sobretudo, à memória dos indígenas da região, que confrontaram e resistiram ao regime a eles imposto e hoje estão organizados em torno da Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (Foirn), fundada em 1987, uma das mais importantes organizações indígenas do Brasil contemporâneo“, ressaltou Mário no prefácio do livro. 

Violência

Segundo um relatório finalizado em 2014 pela Comissão Nacional da Verdade, colegiado instituído pelo Estado Brasileiro para investigar violações de direitos humanos ocorridas no período de repressão, a estimativa é de mais de 8 mil mortes entre os povos indígenas ocorridas pela ditadura militar.

Ao final do relatório, a Comissão apresentou, entre diversas recomendações aos povos originários, um pedido público de retratação do Estado Brasileiro pela violência causada, além da tomada de suas terras e violações de seus direitos.

Trecho do Relatório Final (Reprodução/Comissão da Verdade)
Leia mais: No AM, pesquisa aponta impactos da ditadura na vida de indígenas Tenharim e Waimiri-Atroari

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