Livro organizado por pesquisador da UEA reúne histórias sobre origem do povo Tikuna


05 de janeiro de 2022
Livro organizado por pesquisador da UEA reúne histórias sobre origem do povo Tikuna
Obra apresenta narrativas do povo Tikuna no Alto-Solimões, maior população indígena da América Latina (Divulgação)

Com informações da Assessoria

Lançado originalmente nos anos de 1980, a coletânea “Torü Duü’ Ügü – Nosso Povo” ganhou nova edição e organização a cargo do integrante do Centro de Estudos Superiores de Tabatinga da Universidade do Estado do Amazonas (CESTB/UEA), Pedro Rapozo, e dos pesquisadores do Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), João Pacheco de Oliveira e do Museu Magüta, Santo Cruz Pucüracü. O livro reúne resenhas da história da criação do povo Tikuna (ou povo Magüta), da região do Alto Solimões.

Pedro, que também é professor do Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Ciências Humanas (PPGICH/UEA), trabalhou na reedição e reorganização da obra no ano passado. Ele assinala que os Tikuna representam a própria criação antes do “mundo dos brancos”, relatando como tudo que é conhecido foi concebido a partir de entidades religiosas e da relação com a natureza. “É um livro para os indígenas produzido pelos próprios indígenas”, destaca.

“Torü Duü’ Ügü” é uma expressão da língua tikuna que significa “Nosso Povo” e traduz a necessidade de se reconhecer que o povo conta sobre a própria história.

Ao elaborar o trabalho, os organizadores focaram em propagar cultura, saberes e patrimônios indígenas do povo Magüta; difundir o material bibliográfico produzido a partir da perspectiva indígena para o ensino da educação patrimonial no sistema de educação público do Estado; e potencializar a divulgação turística do acervo patrimonial indígena do museu Magüta.

Segundo o docente, embora a UEA tenha participado da concepção do material, os principais propagadores do saber do povo Tikuna são os próprios Tikunas. O trabalho executado pelas instituições, professores e pesquisadores revela o compromisso socioambiental com a Amazônia e reconhece a necessidade em dar visibilidade cada vez mais aos saberes dos povos indígenas.

“Assim como os Tikunas, muitos povos de nossa região também merecem que sua cultura, identidade e territórios sejam valorizados. Cabe às universidades cumprirem o papel de popularizar o saber. Divulgar o saber e a cultura do povo é uma pequena parte daquilo que nossas instituições públicas comprometidas com a sociedade regional devem fazer”, alertou Pedro.

O professor comenta ainda que o trabalho em colaboração com os povos indígenas é fundamental para abrir outras frentes de atuação e destacar as capacidades de mobilização política em defesa das culturas, identidades e territórios.

Distribuição para os indígenas

Como uma forma de devolver os resultados gerados pelos trabalhos, 2 mil cópias do livro serão entregues a escolas indígenas. A princípio, as unidades destinatárias se localizam nos nove municípios que compõem a região do Alto Solimões no Amazonas, onde se encontram os territórios do povo Tikuna. Posteriormente, as obras poderão ser distribuídas a outros públicos.

Todo o trabalho contou com a participação de lideranças indígenas, especialistas do povo Magüta e professores bilíngues e tradutores, que possibilitaram a organização das histórias com cuidado e rigor linguístico. A elaboração da obra e a entrega dos exemplares nas comunidades foram possíveis graças à Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Governo do Amazonas, por meio da Lei Aldir Blanc, via edital Cultura Criativa – Prêmio Feliciano Lana.

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