Luísa Sonza fala sobre coreografia em festa junina do AM: ‘Festa tradicional é para imortalizar a cultura local’
07 de junho de 2022
A cantora Luíza Sonza. (Reprodução/ Instagram)
Marcela Leiros – Da Revista Cenarium
MANAUS — A cantora pop Luísa Sonza se manifestou, nessa segunda-feira, 6, sobre a indignação de um espectador ao assistir à apresentação de um grupo artístico em Manaus. Em um vídeo, o homem critica a escolha da música “Anaconda”, de autoria da cantora brasileira Luísa Sonza e da cantora norte-americana Mariah Angeliq, para a dança apresentada no Festival Folclórico no Centro Social Urbano (CSU), no bairro Parque 10, zona Centro-Sul.
O festival está na 41ª edição e tem mais de 60 atrações e 80 danças. Diversos grupos folclóricos se apresentam no evento. O vídeo do momento repercutiu após um homem, que estava assistindo à apresentação, criticá-la. “Isso porque a gente está falando de arraial, né? Aí a gente vê essa dança aí, com essas músicas ‘escrotas’ que não tem nada a ver com arraial”, disse ele. (Veja o vídeo abaixo)
Espectador criticou a dança e a música. (Reprodução/ Instagram)
Após o vídeo ser compartilhado por um Instagram de notícias sobre artistas e famosos, Luísa Sonza comentou a publicação dizendo que, apesar de ter ficado feliz com a escolha da música, concorda que em festas tradicionais o que deve ser apresentado são músicas que exaltem a cultura e tradição do evento.
“Acho importante que os jovens vivam e gostem do novo, mas sem nunca deixar de lado a raiz de tudo. Só cresce e sobrevive broto que cria/tem raiz! Tem momento para tudo e isso é lindo”, disse ela.
Comentário da cantora Luísa Sonza na publicação. (Reprodução/ Instagram)
Manter as tradições vivas
A professora de dança e cultura popular na Universidade do Estado do Amazonas (UEA) e doutora em Sociedade e Cultura na Amazônia Jeanne Chaves de Abreu afirmou que, apesar das atualizações e modernizações das danças ao longo do tempo, é importante respeitar as festas e tradições folclóricas.
“Penso como uma estudiosa e professora da cultura popular, que a gente não deve deixar morrer as tradições”, disse ela. “A gente sabe que os festejos juninos têm todo um contexto. Então eu, como público, quando vou a um arraial nesse período junino, eu quero, e tem várias pessoas que esperam o ano todo para isso, provar comidas típicas, assistir às danças representativas. Ela [a pessoa] espera encontrar aquilo naquele lugar. Algumas pessoas se decepcionam quando não encontram aquilo que está na nossa própria cultura”.
Jeanne lembra ainda que os festejos tradicionais, com comida, cenário e trajes típicos, remontam a vivências e é importante que cada dança seja apresentada em seu local e momento ideais. “Penso que cada coisa tem que estar em seu devido local, não vou ser radical. O que levar para aquele local? A mídia, as redes sociais, a televisão. Eles quiseram inovar, está errado? Não sei se está errado ou certo, isso é uma atualidade, uma modernização”, disse ainda.
Funk na Roça
O líder da Quadrilha Alternativa Funk na Roça, que se apresenta há 27 anos em festivais folclóricos, Maicon Costa, diz que não discorda totalmente da crítica feita à dança, mas é necessário que as pessoas, ou os grupos de dança, não se prendam ao modismo ao levar um conteúdo para cima de um palco.
“Folclore é folclore e funk é funk. A gente [o Funk na Roça] procura entrar na temática folclórica, trazendo a cultura de rua para dentro do folclore, mas de uma maneira educada, direcionada, com trabalho de dança, onde você pode levar a família, as crianças podem assistir, e mostrando que sensualidade não tem nada a ver com vulgaridade. Eu não vi nada de mais, estavam apenas dançando, mas do ponto de vista do rapaz eu vejo que ele foi preconceituoso, mas não tiro totalmente a razão dele”, disse.
“Eu não tiro a razão do rapaz que fez a filmagem e também não apoio a maneira que ele colocou, porque ele generalizou. Não viu a parte folclórica, o momento dos jovens estarem naquele palco se apresentado, quando eles poderiam estar fazendo qualquer coisa diferente, eles estavam dançando. O problema não foi a música da Luíza Sonza, qualquer música que tocasse ele falaria a mesma coisa”, finalizou.
A Quadrilha Alternativa Funk na Roça. (Reprodução/ Arquivo pessoal)
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