Maioria das cidades que mais emitiram carbono no Brasil estão na Amazônia e lideram taxas de desmatamento

De acordo com dados divulgados pelo Inpe, em maio de 2021 esse número atingiu o pior índice desde o início da série que ficou marcada, em 2016 (Ricardo Oliveira/Revista Cenarium)

Com informações do G1

MANAUS – São Félix do Xingu (PA), Altamira (PA) e Porto Velho (RO). Essas são as três cidades com a maior taxa de desmatamento dos últimos dois anos e que estão na lista das 10 que mais perderam floresta desde 2008. São elas também as que mais emitem CO2 no país, o principal gás do efeito estufa. 

Há uma relação direta, principalmente no Brasil. Pela primeira vez, dados do Observatório do Clima, rede de 56 organizações da sociedade civil, contabilizam qual é a emissão de cada um dos 5.570 municípios do Brasil.

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Entre as 10 cidades com a maior liberação de carbono, sete também estão no topo na lista de desmatamento do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

Cidades com mais emissões e a posição na Amazônia de perda de floresta:

  1. São Félix do Xingu (PA) – 2° lugar na taxa de desmatamento
  2. Altamira (PA) – 1° lugar na taxa de desmatamento
  3. Porto Velho (RO) – 3° lugar na taxa de desmatamento
  4. São Paulo (SP)
  5. Pacajá (PA) – 6° lugar na taxa de desmatamento
  6. Colniza (MT) – 12° lugar na taxa de desmatamento
  7. Lábrea (AM) – 4° lugar na taxa de desmatamento
  8. Novo Repartimento (PA) – 18° lugar na taxa de desmatamento
  9. Rio de Janeiro (RJ)
  10. Serra (ES)

Desmate, agropecuária e carbono

Quando qualquer árvore morre, seja por decomposição ou por queima, ela emite carbono. Para os dados do Observatório do Clima, a unidade de medida é a tonelada de CO2, mas a floresta derrubada também emite outros gases: o metano (CH4), que equivale a 25 toneladas de CO2; e o óxido nitroso (N2O), que equivale a 270 toneladas.

“Se a floresta tem 200 toneladas de carbono vivas, e essas 200 toneladas vão oxidando depois do desmate, o carbono vira CO2 e, se está em condições anaeróbicas (sem oxigênio), pode até virar metano”, explica Tasso Azevedo, coordenador do Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa (SEEG), nome dado ao projeto que contabiliza as emissões.

Cidades que desmatam, mas que tem uma população reduzida, somam uma taxa de emissões per capita altíssima. Por exemplo, Santa Cruz do Xingu (MT): cada pessoa emite 857,9 toneladas de CO2 por ano, um número equivalente à produção de gases do efeito estufa de 800 carros. Segundo Azevedo, essa distorção está relacionada à forte perda de floresta em um município que tem menos de 3 mil habitantes.

A agropecuária também é uma fonte importante das emissões de gases no Brasil. No topo da lista do setor, também está São Félix do Xingu. A cidade, além de contribuir com altas taxas de desmatamento, também tem o maior rebanho bovino do país. Dados mais recentes apontam um crescimento de 18% nos últimos 10 anos, com 2,3 milhões de animais apenas na cidade paraense.

“Quando você vê as emissões de agropecuária, elas envolvem os animais, são as chamadas ‘fermentações entéricas’, o arroto do boi. Ele come capim, e ele degrada a matéria orgânica dentro do estômago, um ambiente anaeróbico, que gera metano”, explica Azevedo.

Além da participação do gado nas emissões de gás carbônico, o setor também contribui com os gases liberados pelas áreas alagadas das plantações de arroz, óxido nitroso dos fertilizantes nitrogenados, além de outras causas menos representativas.

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