Maioridade do ICMBio traz avanços, mas jovens ainda enfrentam desafios em reservas


Por: Cenarium*

28 de agosto de 2025
Maioridade do ICMBio traz avanços, mas jovens ainda enfrentam desafios em reservas
Rogério Barros, seringueiro filho de Raimundão Barros, na Resex Chico Mendes (Christian Braga/Elefanti Films/WWF-Brasil)

RIO BRANCO (AC) – Na comunidade Porangaba, na Reserva Extrativista (Resex) Chico Mendes (onde vivem 3,5 mil famílias), no Acre, o trabalhador rural Dione Torquato, de 38 anos, garante que as condições de trabalho e vida melhoraram nas últimas duas décadas, mas o cenário ainda apesenta dificuldades. 

A população, que atua na pesca artesanal, no seringal e nas produções de castanha e açaí, segundo o que acredita, viu políticas públicas chegarem ainda que sejam necessários diferentes aperfeiçoamentos para fazer jus às necessidades no território.

Para ele, a transformação foi nítida desde a criação do Instituto Chico Mendes da Conservação e da Biodiversidade (Icmbio), que completa 18 anos nesta quinta, 28. Em evento realizado na quarta-feira, 27, o trabalhador esteve presente, ouviu falas de autoridades e avaliou que o órgão tem sido fundamental para o fomento, apoio à produção, cursos de capacitação, ajuda no monitoramento e no controle dos territórios.

O secretário-geral do Conselho Nacional das Populações Extrativistas, Dione Torquato, na cerimônia de comemoração de 18 anos do ICMBio (Valter Campanato/Agência Brasil)
Prioridades

Entre as prioridades, na avaliação do trabalhador, que é secretário-geral do Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS), estão a inclusão digital, o aperfeiçoamento de políticas de educação, trabalho e renda para manter os mais jovens nas reservas. “Os jovens querem permanecer e continuar fazendo as suas atividades com outras oportunidades também”, afirma Torquato.

No evento comemorativo no ICMBio, a ministra Marina Silva, do Meio Ambiente e da Mudança do Clima, destacou também o papel da instituição para a conservação da biodiversidade no cenário desafiador do século 21.

Ela entende que a criação do instituto representou evolução histórica para o país por tornar prático o ideal de atuar de forma técnica e sensível em prol da biodiversidade. “Gestores podem ser de esquerda, de direita, de centro. O que não podem é ser negacionistas em relação ao meio ambiente”, afirmou a ministra.

A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva (Valter Campanato/Agência Brasil)
9,5% do território

Em entrevista à Agência Brasil, o presidente do Icmbio, Mauro Pires afirmou que a instituição chegou à maioridade com a responsabilidade de cuidar de 344 unidades de conservação, ou aproximadamente 9,5% do território brasileiro.

“O nosso grande desafio é dar conta da gestão dessas áreas tão grandes e fazer esse trabalho de forma que a biodiversidade seja conservada”, disse o presidente.

Além do compromisso com a conservação do habitat, Pires, que é sociólogo de formação, disse que o trabalho do instituto deve respeitar os direitos das pessoas que vivem do extrativismo.

As unidades de conservação sofrem de diferentes impactos, lembra.

“Em alguns lugares, é uma atividade agropecuária, em outros casos, é atividade industrial. É importante que o setor empresarial seja parte da solução. E nós trabalhamos com eles nessa perspectiva”.

Planejamento

No habitat, ele entende que o desmatamento na Amazônia, no Cerrado, na Mata Atlântica, e na Caatinga preocupa os técnicos da organização. “Nós temos planos de ação voltados para reduzir as ameaças às espécies vulneráveis. Em relação ao desmatamento, a gente faz um trabalho intenso de monitoramento, de fiscalização em campo”.

Para dar conta dessas atividades, o Icmbio tem cerca de 1,5 mil servidores e recebeu o reforço de mais 350 novos funcionários que ingressaram por concurso público. “Queremos ampliar esse número porque é um território muito grande”, afirmou o presidente da instituição.

Leia mais: Plataforma da ICMBio colhe dados sobre espécies ameaçadas de extinção
(*) Com informações da Agência Brasil

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