Mais de 100 países apresentam metas climáticas antes da COP30 em Belém


Por: Fred Santana

28 de setembro de 2025
Mais de 100 países apresentam metas climáticas antes da COP30 em Belém
Os planos formam o conjunto mais detalhado de compromissos climáticos nacionais já apresentados até hoje (ImageFx | Composição: Paulo Dutra/CENARIUM)

MANAUS (AM) – Mais de 100 países aproveitaram a Cúpula do Clima do Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), realizada em Nova York, para apresentar novos planos e metas de ação climática antes da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025 (COP30), que ocorrerá em novembro, em Belém. O anúncio coletivo contrasta com os recentes ataques do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, às discussões sobre o clima na ONU no início da semana. Entre os países que anunciaram planos na quarta-feira estiveram China, Mongólia, Vanuatu, Micronésia, Paquistão e Libéria, juntando-se a Austrália, Nigéria e Jamaica na submissão de metas para 2035.

Os planos formam o conjunto mais detalhado de compromissos climáticos nacionais apresentados até o momento. Em muitos casos, abrangem pela primeira vez todos os setores da economia, incluindo transporte e indústria, e também áreas estratégicas como oceanos, florestas e recursos naturais. Mais de 90% dessas propostas estão alinhadas a pelo menos um dos resultados energéticos estabelecidos na COP28.

Essas promessas refletem avanços registrados desde o Acordo de Paris. Entre 2015 e 2025, a economia global cresceu quase 28%, enquanto as emissões aumentaram apenas 3%. Nesse período, a intensidade de carbono caiu 21% e o crescimento anual das emissões desacelerou em cinco vezes, para 0,32%, segundo análise do Energy and Climate Intelligence Unit (ECIU). Os dados reforçam como planos nacionais mais robustos podem consolidar a tendência de redução gradual do ritmo de emissões.

O anúncio coletivo contrasta com os recentes ataques do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, às discussões sobre o clima na ONU (Alan Santos/PR)

Apesar do otimismo, a meta global de limitar o aquecimento da Terra a 1,5°C, firmada em 2015 no Acordo de Paris, não é mais considerada viável. O alerta foi feito à CENARIUM pelo cientista Paulo Henrique de Mello Santana, professor da Universidade Federal do ABC (UFABC). Para ele, no entanto, o diagnóstico não deve ser lido como pessimismo, mas como premissa essencial para que a humanidade possa agir e se adaptar. 

A China, um dos maiores emissores do planeta, apresentou um compromisso de reduzir as emissões entre 7% e 10% após atingir o pico, que analistas afirmam ter ocorrido em 2024. Embora visto como modesto, o anúncio é considerado significativo por ser a primeira meta chinesa a abranger toda a economia e todos os gases de efeito estufa.

O país também fixou a meta de elevar a participação de fontes não fósseis para mais de 30% da demanda total de energia até 2035. A expectativa de analistas é de que o setor de tecnologia limpa chinês, em expansão acelerada, supere largamente a meta de 3.600 GW em capacidade eólica e solar.

Na abertura da cúpula, o Secretário-Geral da ONU, António Guterres, fez um apelo para que os líderes adotem Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) mais ambiciosas. “Precisamos de novos planos para 2035 que avancem muito mais e muito mais rápido: cortes dramáticos de emissões compatíveis com 1,5 °C, cobrindo todas as emissões e setores, e acelerando uma transição energética justa em escala global”, declarou.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, anfitrião da COP30, também discursou no evento e reafirmou a meta do Brasil de reduzir as emissões de todos os gases de efeito estufa entre 59% e 67%, abrangendo todos os setores da economia. “Ao sediar a COP na Amazônia, o Brasil quer mostrar que é impossível preservar a natureza sem cuidar das pessoas”, afirmou.

O presidente da China, Xi Jinping, destacou a importância da cooperação internacional diante da resistência de alguns países. “Embora alguns países ajam contra isso, a comunidade internacional deve manter o foco na direção correta, permanecer firme na confiança, incansável nas ações e determinada na intensidade, e avançar na formulação e implementação das NDCs, com o objetivo de trazer mais energia positiva para a cooperação na governança climática global”, disse Xi.

Já a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, ressaltou a dimensão econômica da transição. “A questão já não é mais se a transição ocorrerá e com que rapidez, mas quem se beneficiará dela”, afirmou. Von der Leyen destacou ainda o papel da União Europeia como maior financiadora climática do mundo. “É por isso que continuamos sendo o maior financiador climático do mundo. Vamos mobilizar até €300 bilhões para apoiar a transição limpa em escala global por meio do nosso programa de investimentos Global Gateway, e vamos transformar em realidade nosso acordo coletivo de triplicar as energias renováveis até 2030”, declarou.

Leia mais: Lula encerra agenda nos EUA com defesa da democracia e reuniões da COP30

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