Mais de 250 mil jovens estão fora da escola na Amazônia Legal


Por: Fabyo Cruz

30 de julho de 2025
Mais de 250 mil jovens estão fora da escola na Amazônia Legal
Crianças em sala de aula no Estado do Acre (Mardilson Gomes/SEE)

BELÉM (PA) – Mais de 250 mil crianças e adolescentes entre 4 e 17 anos estão fora da escola na Amazônia Legal. O dado é da estratégia Busca Ativa Escolar (BAE), desenvolvida pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) em parceria com a União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua/IBGE). O levantamento não apenas dimensiona a exclusão escolar na região, mas evidencia um recorte étnico-racial: a maioria dos estudantes excluídos é preta, parda ou indígena, o que reforça desigualdades históricas enfrentadas por essas populações.

Na Amazônia Legal, o Pará aparece com o maior número absoluto de crianças e adolescentes fora da escola: 72.386. Desse total, 55.451 são pretos, pardos ou indígenas, o que representa mais de 76% dos casos. O Amazonas (42.409), o Maranhão (44.026) e o Mato Grosso (18.652) também apresentam números expressivos, mantendo o mesmo padrão de exclusão majoritária de estudantes de grupos étnico-raciais historicamente marginalizados. O Amapá segue essa mesma lógica: dos 14.942 estudantes excluídos, 12.636 são pretos, pardos ou indígenas, um índice de 84%.

O Pará possui o maior número de crianças e adolescentes, entre 4 a 17 anos, fora da escola (Reprodução/BAE)

A situação se repete em Estados com menor densidade populacional, como Acre, Rondônia e Roraima. No Acre, dos 13.090 estudantes fora da escola, 11.392 pertencem a esses grupos. Em Roraima, são 6.774 entre os 8.126 registrados. Já em Rondônia, dos 14.416 casos, quase 70% são pretos, pardos ou indígenas. Esses dados revelam como o racismo estrutural e a desigualdade territorial continuam impactando diretamente o acesso à educação básica na Amazônia Legal, especialmente em regiões com grande presença de povos indígenas e comunidades tradicionais.

O levantamento apresenta ainda uma lacuna: os dados referentes ao Tocantins não foram disponibilizados, por conta de erros no retorno das informações. Essa ausência compromete uma visão mais completa do cenário educacional na Amazônia Legal e destaca a necessidade de aprimorar os mecanismos de coleta e sistematização de dados públicos, especialmente em áreas onde o acesso à informação é historicamente deficitário.

Busca Ativa Escolar

A BAE é definida como uma estratégia criada justamente para ajudar os governos na identificação, no registro, no controle e no acompanhamento de crianças e adolescentes fora da escola ou em risco de evasão. Com ela, Estados e municípios podem desenvolver políticas públicas baseadas em evidências, promovendo ações intersetoriais que garantam o direito à educação.

Estudantes em sala de aula no Amazonas (Foto: Cleudilon Passarinho/Seduc-AM)

A iniciativa é composta por uma metodologia social e uma ferramenta tecnológica, ambas disponibilizadas gratuitamente, e desenvolvida pelo Unicef e pela Undime, com apoio do Colegiado Nacional de Gestores Municipais de Assistência Social (Congemas) e do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems).

Por meio da plataforma digital, que pode ser acessada por diferentes dispositivos, os profissionais de áreas como Educação, Saúde e Assistência Social atuam em conjunto na identificação, rematrícula e permanência dos estudantes na escola. A ferramenta também permite o armazenamento e o acompanhamento dos dados, inclusive com formulários impressos para regiões sem acesso à internet ou dispositivos móveis.

Leia mais: Amazônia Legal concentra o menor investimento em educação por criança, mostra pesquisa
Editado por Adrisa De Góes
Revisado por Gustavo Gilona

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