Mais de 30 países cobram Brasil e exigem retorno de meta para abandonar combustíveis fósseis


Por: Jadson Lima*

21 de novembro de 2025
Mais de 30 países cobram Brasil e exigem retorno de meta para abandonar combustíveis fósseis
A informação consta em carta divulgada pela delegação da Colômbia (Rafa Neddermeyer/COP30 Brasil Amazônia/PR)

MANAUS (AM) – Mais de 30 países consideraram insuficiente, nessa quinta-feira, 20, o projeto de acordo apresentado pela presidência brasileira da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025 (COP30) e solicitaram a reinclusão de um roteiro para a eliminação progressiva das energias fósseis. A informação consta em carta divulgada pela delegação da Colômbia, segundo o jornal Folha de São Paulo.

A minuta da proposta mais recente elaborada pela presidência da conferência não inclui o chamado “mapa do caminho” para a transição energética. A retirada do compromisso, que vinha sendo mencionado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) desde o início do evento climático na capital paraense, teria ocorrido em meio a pressões de países produtores de petróleo, como Arábia Saudita e Rússia, e de grandes consumidores de combustíveis fósseis, como a Índia, segundo reportagem do jornal The Guardian.

O jornal britânico informa ainda que os países signatários da carta afirmam que podem dificultar qualquer avanço no texto final caso o tema não seja reinserido. Nesta sexta-feira, 21, os negociadores dos países se reúnem, pela última vez em Belém, para discutir o conteúdo do documento que será divulgado ao final do evento climático.

Plenária de lideres durante a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (Ayrton 360/COP30)

O presidente da COP30, diplomata André Corrêa do Lago, conduz as negociações com representantes de quase 200 países presentes em Belém desde a semana passada, com o objetivo de formular uma proposta capaz de atender às exigências de consenso previstas nas regras das conferências do clima.

Na carta enviada ao Brasil, que presidente o evento, Colômbia, França, Reino Unido, Alemanha e Bélgica afirmaram estar preocupados com a proposta atual, descrita como “de pegar ou largar”. O documento também é assinado por países europeus, como Áustria, Bélgica, Finlândia, França, Alemanha, Holanda e Espanha, e por países latino-americanos, como Chile, Colômbia, Costa Rica e México. Pequenos Estados insulares, entre eles Palau e Vanuatu, também assinam o texto.

O comissário para clima da União Europeia, Wopke Hoekstra, declarou que a nova versão não corresponde ao nível de ambição necessário em mitigação e afirmou que há decepção com o texto em debate. Na carta, o grupo reconhece o esforço da presidência da COP para avançar nas negociações, mas afirma que, na forma atual, a proposta não atende às condições consideradas mínimas para um resultado com credibilidade.

Reunião de Transição Energética na Cúpula do Clima em Belém (Rafa Neddermeyer/COP30 Brasil Amazônia/PR)

Os países signatários afirmaram não apoiar um texto que não inclua um roteiro para uma transição considerada justa, ordenada e equitativa para a eliminação dos combustíveis fósseis. A manifestação foi divulgada na véspera do encerramento oficial da COP30, previsto para sexta-feira, 21, com possibilidade de extensão das discussões pelo fim de semana.

O rascunho apresentado por André Corrêa do Lago não inclui referência ao fim do desmatamento, ponto que a carta dos países signatários menciona como motivo de preocupação. O grupo solicita uma revisão da proposta que considere a posição da maioria e que restabeleça equilíbrio, ambição e credibilidade no processo. O texto afirma que o sucesso da COP30 não será alcançado se for solicitado aos demais países que aceitem apenas o que um grupo mais restrito está disposto a aprovar.

A discussão sobre produção de petróleo, carvão e gás foi retomada em Belém, dois anos após o tema ter sido apontado na COP28, em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos.

Negociadores e organizações ambientais vinham destacando o empenho brasileiro na elaboração de um “mapa do caminho” para a transição energética, mas a retirada desse ponto no rascunho mais recente gerou reações. Tracy Carty, da organização Greenpeace, afirmou que o texto apresentado poderia estar em branco, fazendo referência ao termo usado pelo Brasil para caracterizar as discussões em Belém.

Leia mais: Guterres alerta para limite climático e pressiona por acordo final na COP30
(*) Com informações da Folha de São Paulo

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