Mais de 8 milhões de hectares de floresta viraram terras agrícolas em cinco anos, mostra estudo
08 de setembro de 2022
Gado ocupando pastagem (Toby Gardner/Reprodução)
Marcela Leiros – Da Revista Cenarium
BRASÍLIA – Um novo estudo publicado nesta quinta-feira, 8, na revista científica americana Science aponta que entre 90% e 99% de todo o desmatamento nos trópicos é causado direta ou indiretamente pela agropecuária. Os dados também mostram mais de 8 milhões de hectares de floresta que foram convertidos em terras agrícolas, por ano, entre 2011 e 2015.
O levantamento é uma colaboração entre diferentes especialistas em desmatamento no mundo, coordenados pela pesquisadora Florence Pendrill, da Universidade Técnica Chalmers, na Suécia. O estudo mostra que apesar da agropecuária impulsionar mais de 90% do desmatamento mundial, apenas 45% e 65% representa a expansão da produção agrícola nas terras desmatadas. O “resto” é devastação devido à especulação de terras e até incêndios.
“Nossa análise deixa claro que 90% e 99% de todo o desmatamento nos trópicos é causado direta ou indiretamente pela agropecuária, mas o que nos surpreendeu foi que uma parcela comparativamente menor do desmatamento, 45% e 65%, resulta na expansão da produção agrícola real nas terras desmatadas”, diz Florence Pendrill.
“Este é um trabalho de revisão e compilação de várias outras iniciativas. O trabalho de montar todas as peças e análise demorou um ano”, disse o coordenador-geral do programa MapBiomas, Tasso Azevedo, que participou da pesquisa. “[O desmatamento ocorreu], por ano, entre 2011 e 2015. Em média, a cada ano, foi entre 6,4 a 8,8 milhões de hectares”.
Especulação de terras, projetos abandonados ou mal concebidos, terras que se mostraram impróprias para o cultivo, assim como incêndios, também contribuem para o desmatamento (Alexander C. Lees/Reprodução)
O estudo ainda explicita que mais da metade do desmatamento ligado à produção em terras agrícolas é referente apenas a pastagens, soja e óleo de palma (dendê).
“Embora a agropecuária seja o motor final, as florestas e outros ecossistemas são, frequentemente, desmatados para especulação de terras que vieram a ser usadas, projetos que foram abandonados ou mal concebidos, terras que se mostraram impróprias para o cultivo, bem como devido a incêndios que se espalharam para florestas vizinhas a áreas desmatadas”, explicou o pesquisador Patrick Meyfroidt, da Universidade Católica de Louvain, na Bélgica.
Lacunas
O estudo destaca três lacunas importantes nas quais mais evidências são necessárias para orientar os esforços de redução do desmatamento. A primeira é que, sem uma base de dados global e temporalmente consistente sobre desmatamento, não há como ter certeza sobre as tendências gerais de conversão de vegetação nativa.
A segunda é que, com exceção do dendê e da soja, são necessários dados sobre cobertura e expansão de commodities específicas para saber quais são mais importantes. E a terceira é que se sabe “bem pouco” sobre florestas tropicais secas e sobre as florestas na África.
O estudo ainda explicita que mais da metade do desmatamento ligado à produção em terras agrícolas é referente apenas a pastagens, soja e óleo de palma (dendê) (Alexander C. Lees/Reprodução)
“O que é mais preocupante, dada a urgência da crise, é que cada uma dessas lacunas de evidência impõe barreiras significativas a nossa capacidade de reduzir o desmatamento da maneira mais eficaz – sabendo onde os problemas estão concentrados, ou compreender o sucesso dos esforços até agora”, acrescentou o professor Martin Persson, da Chalmers University of Technology.
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