‘Maldoso e insano’, dizem defensores da causa animal sobre PL que libera caça por ‘diversão’


14 de dezembro de 2021
‘Maldoso e insano’, dizem defensores da causa animal sobre PL que libera caça por ‘diversão’
Bruno Pacheco – Da Revista Cenarium

MANAUS – “Maldoso, insano e cruel”, é o que dizem os defensores da causa animal sobre o Projeto de Lei (PL) nº 5544/2020, que libera a caça esportiva, ou seja, a perseguição, captura e abate de animais no Brasil, onde é proibida desde 1967. Para os protetores, a medida significa a morte de animais por “pura diversão”. O texto, de autoria do deputado federal Nilson Stainsack (PP/SC), foi colocado em pauta pela deputada federal bolsonarista Carla Zambelli (PSL-SP) e deve ser votado na quinta-feira, 16, na Comissão do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável.

“Esse Projeto de Lei é maldoso e defende, de forma clara e direta, a caça esportiva dos animais silvestres da nossa fauna, como a anta, a onça, o macaco, o veado e outros. E isso é absurdo. Eles querem autorizar a criação de animais para soltura e servir de caça. Ou seja, querem manter o animal em cárcere de privado para depois soltar o animal e matá-lo. É um projeto insano e maldoso. Nós somos totalmente contra esse PL e repudiamos essa atitude”, declarou à CENARIUM o acadêmico de Medicina Veterinária e defensor da causa animal João Sarmanho.

João Sarmanho afirma que o projeto é insano e maldoso (Reprodução/Instagram)

Sarmanho lembra que, fisiologicamente, os animais sentem dor e têm sentimentos como o ser humano, como o estresse e o medo ocasionado pelo barulho do tiro de caçadores. O estudante de Medicina Veterinária defende um local apropriado para a prática de esportes de tiro sem comprometer a vida animal e, ainda, a liberdade deles de transitarem pela floresta sem correr o risco de serem mortos ou alvos da caça esportiva.

João Sarmanho e Amauri Gomes, defensores da causa animal, se mobilizaram nas redes sociais contra o PL 5544/2020 (Reprodução)

“A fauna é um patrimônio de todos nós e temos que preservar ela. Temos que manter a floresta em pé e o bem-estar dos animais silvestres. A sociedade não pode tomar de conta de um habitat que não é do humano. Somos a favor da floresta em pé, com nossos animais transitando com liberdade, sem perigo e risco de um louco atirar no animal”, defendeu o estudante.

Caça

Segundo o texto do PL 5544/2020, para atuar como caçador esportivo, é preciso ter mais de 21 anos, ter registro como Colecionador, Atirador e Caçador (CAC), além de possuir licença de caça. Esta, por sua vez, terá validade de três anos e será emitida por órgão federal de meio ambiente.

A justificativa do autor da proposta, o deputado Nilson Stainsack, seria o controle de javalis, mesmo eles já tendo a caça autorizada no País, por não terem predadores naturais e serem animais considerados invasores e de grande poder reprodutivo.

Nilson Stainsack propõe um sistema de licenciamento para caça esportiva. (Najara Araujo/Câmara dos Deputados)

Segundo o texto, fica proibido a comercialização de qualquer produto oriundo da caça esportiva; o uso de equipamentos em desacordo com regulamento; e atos de abuso ou maus-tratos de animais. O PL ressalta que não configuram maus-tratos eventuais lesões ocasionadas em cães envolvidos na atividade.

Pela proposta, praticar a caça em desconformidade com a nova lei poderá gerar em punição ao envolvido, como a aplicação de multa entre R$ 1 mil a R$ 10 mil, pena de detenção de um a dois anos, e cassação da licença. De acordo com o texto, a pena de detenção será aplicada em caso de abate de animal ameaçado de extinção.

Crueldade

Para a jornalista e apaixonada pela causa animal Bhia Borges, as propostas do Projeto de Lei desrespeitam a vida dos animais, causam repúdio e são frutos da crueldade humana. Ela declara ainda que a medida é um retrocesso para o Brasil e afirma que a caça esportiva é uma prática maldosa.

“Ao me deparar com esse tipo de coisa, penso na crueldade humana. Como pode uma pessoa se divertir matando outro ser vivo? Isso me revolta. Sinto repúdio! Observo que, ao invés do “homem” evoluir, está regredindo à era primitiva, mas com um agravante: o que antes era feito por sobrevivência, hoje é feito por pura maldade, aliás, maldade é uma palavra muito leve pra uma atitude tão vil”, afirma Bhia Borges.

A jornalista pontua que, enquanto o mundo se preocupa e luta pela preservação ambiental, políticos brasileiros, mais uma vez, demonstram total despreparo. Segundo ela, o empenho de Organizações Não-Governamentais (ONGs) no Brasil na defesa dos direitos dos animais tem sido incansável, mesmo com a falta de amparo para a causa.

Para Bhia Borges, as propostas do Projeto de Lei desrespeitam a vida dos animais (Reprodução/Instagram)

“Aqui mesmo em Manaus conheço pessoas que dedicam a vida à causa animal. Uma tarefa árdua. Um trabalho de formiguinha num País onde leis de amparo a esse movimento são, na prática, inexistentes. Daí vem um ‘Projeto de Lei’ para usar cães para caça? Isso é inadmissível! Seria um impacto negativo imenso na luta pelos direitos dos animais!”, lamentou.

Mobilização

Para barrar o PL 5544/2020, ativistas e defensores da causa animal criaram a mobilização Todos contra a Caça e o abaixo-assinado contra a liberação da caça no Brasil. Até as 18h desta terça-feira, 14, mais de 1 milhão e 200 mil pessoas já assinaram a petição.

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