Manaus concentra quase metade das crianças não alfabetizadas no Amazonas
Por: Fred Santana
09 de setembro de 2025
MANAUS (AM) – Dados do Indicador Criança Alfabetizada (ICA) apontam que Manaus concentra 47% das crianças do 2º ano do Ensino Fundamental não alfabetizadas em todo o Amazonas. No Estado como um todo, 49% dos alunos dessa etapa foram alfabetizados em 2024, abaixo da meta estabelecida para o período, de 57%. Nessa segunda-feira, 8, o mundo celebrou o Dia Internacional da Alfabetização.
Dos 62 municípios amazonenses, 35 não atingiram a meta, e 25 registraram índice de alfabetização igual ou inferior a 40%. Uarini apresentou o menor desempenho, com 11% das crianças alfabetizadas, seguido por Envira (19%), Manaquiri (21%), Caapiranga (22%), Borba (23%) e, em Coari e Nova Olinda do Norte, 33% alcançaram a alfabetização.
Manaus com problemas
No que diz respeito à alfabetização de adultos (15 anos ou mais), o IBGE aponta uma taxa de alfabetização de 93,1% no Amazonas em 2022, em comparação com 90,2% em 2010. Cerca de 198.976 pessoas da faixa etária de 15+ permanecem analfabetas no Estado. Manaus apresenta a menor taxa de analfabetismo entre todos os municípios, com apenas 2,98% dos adultos alfabetizados. A capital mantém índice de alfabetização adulto de 97,02%.

Em relação ao nível de escolaridade, 19,8% da população com 25 anos ou mais em Manaus possui Ensino Superior completo, o menor índice entre todas as capitais brasileiras. Esse percentual se compara ao Estado do Amazonas, onde 12,97% da população nessa faixa etária completou o Ensino Superior, também um dos menores do País. No contexto nacional, 18,4% dos brasileiros adultos concluíram o grau escolar, segundo o IBGE.
A frequência nas escolas decresce conforme o ciclo educacional avança. No Amazonas, o IBGE registra 94,8% de frequência nos anos iniciais do Ensino Fundamental, caindo para 81,1% nos anos finais; no Ensino Médio, o índice é de 65,1%, e apenas 21,5% no Ensino Superior. Em Manaus, o desempenho segue padrão semelhante, mas com índices levemente superiores: 95,2% – nos anos iniciais, 85,3% – anos finais, 74,3% – Ensino Médio, e 32,4% – Ensino Superior.
Dados sobre servidores públicos reforçam o quadro educacional na capital. Em Manaus, 42,2% dos servidores municipais têm Ensino Superior completo, enquanto 40,1% concluíram o Ensino Médio. A proporção de servidores com Ensino Fundamental completo é de 16,1%, e apenas 1% possuem pós-graduação; 0,3% não têm instrução formal.
Analfabetismo ainda é um desafio
Em nível nacional, dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que, em 2024, o Brasil tinha 9,1 milhões de pessoas não alfabetizadas, representando 5,3% da população com 15 anos ou mais. Apesar de a taxa ser a menor da série histórica iniciada em 2016, o número absoluto de pessoas não alfabetizadas ainda é um desafio a ser enfrentado.

A pesquisa revelou que, no País, a falta de alfabetização está associada à idade e à raça. Quanto mais velho o grupo populacional, maior a proporção de pessoas não alfabetizadas. Em 2024, havia 5,1 milhões de analfabetos com 60 anos ou mais, o que corresponde a uma taxa de 14,9% do total das pessoas nessa faixa etária. Entre os grupos mais jovens, os percentuais diminuem progressivamente: 9,1% entre as pessoas com 40 anos ou mais; 6,3% entre aquelas com 25 anos ou mais; e 5,3% na população com 15 anos ou mais.
Os dados comprovam também que, em 2024, 3,1% das pessoas de cor branca com 15 anos ou mais de idade não eram alfabetizadas. Já entre pretos e pardos, do mesmo grupo de idade, a taxa era de 6,9%. A diferença se acentua entre os idosos: na faixa de 60 anos ou mais, 8,1% das pessoas brancas eram analfabetas, contra 21,8% entre as pretas ou pardas.