Da redação
Durante entrevista em cadeia nacional para o canal CNN Brasil, o prefeito Arthur Neto (PSDB) declarou nesta sexta-feira, 10, que em Manaus “o sistema [de saúde] já colapsou” e que apela ao governador Wilson Lima (PSC) o uso imediato de crematórios. A capital amazonense, que conta com quase 90% dos 981 casos confirmados nesta sexta-feira, 10, é uma das cidades brasileiras com a maior curva de contaminação do novo coronavírus.
“Manaus está entrando em um caos funerário, daqui a pouco não tem mais espaço”, afirmou ao vivo. Uma das principais causas que o prefeito atribuiu para a crise atual foi a desinformação sobre a pandemia, acentuada, principalmente, por governantes e agentes públicos.
“As pessoas pagam duas vezes o preço de se arriscar [ao sair de casa]: ficarem adoecidas, e se doentes, não serem atendidas adequadamente. Tenho pena quando vejo pessoas inocentemente tentando convencer elas próprias de que não há nada demais; de que incêndio só acontece na casa do vizinho”, afirmou fazendo analogia.
Para Arthur, “isso explica o que já havia sido previsto há bastante tempo e porque Manaus teve um pico tão grande” na contaminação da SARS-CoV-2.
Críticas ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) por estimular cada vez menos adesão ao isolamento social também foram usadas por Arthur Neto para alarmar a situação em Manaus.
“Essas atitudes do presidente, que sai tranquilamente às ruas e diz que não há perigo, isso desmobiliza. Ele não pode mais dar esses exemplos; deve se alçar à altura de quem tem todo esse peso nas costas, afinal de contas são vidas. Tomara que eu esteja errado dizendo só tolices”, ironizou.
Trabalho conjunto
Embora enfatize a divergência com o governo federal, Arthur sinalizou estar somando esforços com o governo do estado para o assistencialismo aos infectados internados. Uma das medidas é o hospital de campanha no bairro Lagoa Azul, na Zona Norte, próximo à barreira de Manaus. O local é instalado num Centro Integrado Municipal de Educação (Cime).
Além disso, o prefeito também relatou o chamamento de 100 enfermeiros e 263 técnicos de enfermagem para atuar no hospital universitário Nilton Lins, alugado pelo Executivo Estadual. O apoio também se estende a serviços de limpeza, infraestrutura e conservação.