Manifestações ‘pró-Bolsonaro’ provocam queda na bolsa de valores e aumento do dólar

Em São Paulo, apoiadores de Bolsonaro comemoram Dia da Independência (Isac Nóbrega/PR)
Suzy Figueiredo – Da Cenarium

MANAUS – Economistas apontam reflexos negativos na economia brasileira após manifestações pró-Bolsonaro durante o feriado de 7 de setembro, Dia da Independência do Brasil. Enquanto o presidente atribuía discurso de ataque contra o Supremo Tribunal Federal (STF), o Ibovespa – a bolsa de valores brasileira – teve perdas, com queda de 3,04%, aos 114.289 pontos, ao contrário do dólar que teve acréscimo de 2,45%, a R$ 5,263.

“Houve uma instabilidade maior porque já tem deputado federal querendo entrar com pedido de impeachment devido às declarações do presidente. Com isso, a economia é afetada: primeiro, a bolsa de valores e o dólar, e caso continue essa instabilidade política e a briga entre os Poderes, devem ser cancelados alguns investimentos dos estrangeiros previstos para serem realizados no Brasil”, analisou o economista Ailson Rezende.

Ailson ressalta que uma economia instável pode agravar a geração de emprego e renda. “Pode ocorrer perdas no que diz respeito à geração de emprego, que venham a ser criados com essa nova onda de investimentos estrangeiros. A geração de renda e a arrecadação de impostos também podem ser prejudicados”, avaliou Rezende, ao esclarecer que as empresas que dispõem de capital estrangeiro e algum projeto de investimento correm o risco de ter seus investimentos suspensos pelo embate entre os Poderes.

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“Nenhuma empresa multinacional vai investir em um país onde o Executivo e o Judiciário estão em briga constantemente. A culpa é do governo federal porque foram as declarações do presidente Jair Bolsonaro que levaram a essa crise que estamos sentindo hoje, e deve se prolongar por toda semana até que se resolva essa instabilidade e crie um ambiente de paz entre os poderes”, acrescentou o economista.

Ibovespa cai em 3,04%, e dólar sobe em 2,45%, após manifestações pró-Bolsonaro (INDEXBVMF/Reprodução)

Instabilidade

Para a economista Socorro Corrêa, um cenário político impreciso e a ausência de uma estabilidade econômica comprometem decisões de investimentos. “Para termos estabilidade econômica é necessário a existência de um ambiente político seguro e previsível. O país que toda hora muda suas regras internas, que altera marcos legais, que divide poderes e população, causa insegurança em relação ao futuro, afeta as decisões de investimento, inibe o consumo, trava o segmento empresarial e a consequência disso é uma instabilidade econômica”, completa Socorro.

Produção Industrial

Correa diz que o aumento do dólar causa impactos nas indústrias brasileiras. “Significa perda em negócios e afeta diretamente o investimento produtivo. Além disso, aumenta o volume de insumos importados e consequentemente aumenta o custo das indústrias brasileiras. Se isso for mantido por um prazo, causa prejuízos para a competitividade do Brasil, contribui para o aumento dos preços brasileiros e reduz a nossa capacidade de investimento”, ponderou a economista.

Vista aérea do Polo Industrial de Manaus (PIM) (Reprodução/Internet)

Retrocesso

No Amazonas, a produção industrial retrocedeu em 11%, no mês de julho deste ano, e os setores mais afetados foram o eletroeletrônico, de informática e de Duas Rodas, informou o presidente da Federação das Indústrias do Estado do Amazonas (Fieam), Antonio Silva.

“A estratégia para lidar com situações iguais a essa varia de acordo com o planejamento de cada empresa. Umas reduzem o volume produzido ou tentam eliminar custos possíveis, a fim de não perder competitividade no mercado e poder colocar seus produtos a disposição do consumidor”, explicou Silva.

Silva acrescenta que a problemática não acontece somente no Estado, mas que repercute em todo o País. “O que está ocorrendo na produção local não é problema apenas do Amazonas, mas de todo o País”, ponderou o empresário, para quem a crise que está ocorrendo na área política e institucional extrapola e afeta também a economia, fazendo com que os empresários não tenham a confiança de investir no aumento de empregos e capacidade de consumo da população. “Infelizmente esse é o quadro”, observou Antonio Silva.

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