Manifestantes rompem bloqueio e ocupam Hangar da COP30; ato registra confronto com agentes da ONU


Por: Ana Cláudia Leocádio, Bianca Diniz, Fred Santana e Jadson Lima

11 de novembro de 2025
Manifestantes rompem bloqueio e ocupam Hangar da COP30; ato registra confronto com agentes da ONU
O grupo é formado por integrantes do Baixo Tapajós, do Movimento Juntos, da Juventude Ecossocialista e de outras organizações ligadas a pautas ambientais e sociais (Fred Santana/CENARIUM)

BELÉM (PA) e MANAUS (AM) – Um grupo de manifestantes que acompanha a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30) furou o bloqueio e ocupou, na noite desta terça-feira, 11, parte do Hangar Centro de Convenções da Amazônia, em Belém (PA), onde ocorrem as discussões com a presença de chefes de Estado e delegações internacionais sobre o futuro do planeta. Imagens registradas pela TV CENARIUM mostram o momento em que dezenas de pessoas se aproximam do espaço antes de atravessar a barreira de proteção.

Durante a ocupação da Zona Azul da COP30, área restrita a credenciados, manifestantes entraram em confronto com a equipe de segurança, que tentou dispersar o grupo. Participaram do ato representantes de diversos coletivos reunidos para realizar uma intervenção visual em frente ao pavilhão principal do evento. Veja registros dos jornalistas da Rede CENARIUM Ana Cláudia Leocádio, Bianca Diniz e Fred Santana.

A CENARIUM apurou que o grupo era formado por moradores do Baixo Tapajós, do Movimento Juntos, da Juventude Ecossocialista e de outras organizações ligadas a pautas ambientais e sociais. A mobilização buscou chamar atenção para temas como a exploração de petróleo no Amazonas, o Marco Temporal e questões relacionadas à devastação ambiental.

Ronaldo Barbosa, advogado de Ribeirão Preto, interior de São Paulo, participou da ação que ocupou o local. De acordo com o manifestante, a iniciativa foi realizada para apresentar, durante a COP30, as pautas defendidas pelos movimentos socioambientais e expor às lideranças reunidas no evento as preocupações relacionadas aos impactos ambientais e econômicos na Amazônia.

Ocupação da Zona Azul ocorre no segundo dia da COP30 em Belém (Fred Santana/CENARIUM)

Aqui está reunido o pessoal do Baixo Tapajós, também o Movimento Juntos e o Movimento de Juventude Ecossocialista. A gente entende que, neste momento, é a hora de conseguir apresentar a intervenção em frente ao polo onde está a COP e fazer a denúncia sobre a exploração de petróleo liberada recentemente na Foz do Amazonas, entre tantas outras contradições recorrentes, como a questão do marco temporal e a falta de vetos no PL da devastação“, declarou o advogado à CENARIUM.

CENARIUM registra violência e tentativa de intimidação

O ato terminou com registros de violência contra jornalistas que acompanhavam a manifestação. Os profissionais da CENARIUM relataram ter sido alvo de hostilidade durante a cobertura, com tentativa de intimidação por parte da segurança interna e danos a equipamentos de trabalho. O tumulto começou quando os manifestantes romperam a barreira de isolamento e ocuparam a área destinada às delegações oficiais, o que provocou uma ação imediata das equipes de segurança do evento.

A editora multimídia da CENARIUM, Bianca Diniz afirmou que um segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) atingiu o dispositivo com o qual ela registrava um episódio de ocupação da Zona Azul do evento. Em vídeo, ela relatou o ocorrido durante o segundo dia da Conferência do Clima, em Belém (PA).

O jornalista Fred Santana disse que os seguranças da ONU no local não usavam rádios comunicadores, ou seja, não havia comunicação entre eles. “Isso provavelmente ajudou na situação que a gente viu agora a pouco”, disse. A resposta da segurança foi com mais truculência. Houve ameaças de agressão. Veja vídeos:

Durante o ato de ocupação, a jornalista Ana Cláudia Leocádio, que está em Belém cobrindo a COP30, conversou com agentes da ONU no local. No momento em que os manifestantes entraram na Zona Azul da COP30, os seguranças isolaram a área, impedindo que as pessoas credenciadas saíssem do espaço.

“Os manifestantes estão querendo entrar e os agentes estão colocando mesas que ficavam aqui para eles não conseguirem entrar. Alguns seguranças já foram feridos”, narrou em uma passagem no momento da ocupação. Em seguida, o vídeo registra a quebra de parte da estrutura do local durante um tumulto. Veja o registro:

Organizações negam relação com ocupação

A ocupação da Zona Azul da COP30 ocorreu após um ato realizado pelas organizações que integram a Marcha Global Saúde e Clima. Em nota à imprensa, as entidades negaram qualquer relação com o episódio ocorrido na entrada do espaço a afirmaram que a manifestação que resultou em confusão ocorreu após o encerramento da marcha.

“O ato foi pacífico, público e previamente comunicado às autoridades competentes. A mobilização reuniu profissionais da saúde, lideranças indígenas e organizações da sociedade civil em defesa da vida, da Amazônia e da justiça climática”, diz trecho do comunicado. “O grupo que se dirigiu à Zona Azul após o fim da marcha não fazia parte da organização ou da articulação oficial do ato, tendo participado de forma independente”, finaliza a nota.

Apib se manifesta

A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) informou que tomou conhecimento do ato realizado nesta terça-feira, 11, por movimentos sociais, com a participação de alguns povos indígenas. A entidade destacou que o movimento indígena é amplo e diverso e afirmou não ter coordenado as atividades da manifestação. A Apib reafirmou o respeito ao direito de manifestação e à autonomia de cada povo em suas formas de organização e expressão política.

A nota informou que mais de três mil indígenas, entre brasileiros e estrangeiros, estão em Belém para acompanhar a COP30. A Apib explicou que os povos indígenas não participam das negociações oficiais do evento, mas têm atuado politicamente há mais de dois anos para incluir suas demandas nas decisões sobre a crise climática.

A entidade reiterou que o movimento indígena é diversificado e que valoriza a autonomia dos povos para se manifestarem de forma democrática. A Apib afirmou que os indígenas sabem o motivo de sua presença na conferência e o espaço que ocupam, e declarou que estão em Belém para obter compromissos e reafirmar seu papel nas soluções para a crise climática.

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