Manifesto ‘Vidas negras importam: nós queremos respirar’, lança campanha para reduzir impacto do racismo no Brasil

Campanha faz alusão ao caso George Floyd, homem negro morto durante abordagem de um policial branco nos EUA. (Samuel Boivin/NurPhoto)

Da Revista Cenarium*

 SÃO PAULO – Um manifesto produzidos pela Faculdade Zumbi dos Palmares e a Afrobras, em parceria com a Agência Grey, lança na próxima semana o “Movimento Ar” de combate ao racismo. O nome é uma alusão ao caso de George Floyd, homem negro morto durante abordagem de um policial branco nos EUA.

A campanha vai publicar o manifesto “Vidas negras importam: nós queremos respirar”, que diz: “O ódio racial envenena o ar que respiramos, sufoca e asfixia todos e a nação”. O documento tem reunidas assinaturas de personalidades negras, escritores, esportistas, artistas e instituições.

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O cantor e compositor Martinho da Vila, um dos signatários, vai fazer a leitura do texto. “A morte de George Floyd nos Estados Unidos alavancou um movimento antirracista no mundo, e são procedentes os manifestos e debates a respeito da violência policial e do racismo no nosso país”, afirma o artista.

Como resposta a mortes como a de Floyd ou a de João Pedro, menino de 14 anos assassinado durante uma ação policial dentro de sua casa, em São Gonçalo, região metropolitana do Rio, a iniciativa aponta também dez ações efetivas para reduzir o impacto do racismo na vida da população negra.

O plano de ação, a ser cumprido em cinco anos, elenca medidas para garantir o acesso ao mercado de trabalho e pede a reformulação nos protocolos policiais, a criação de oportunidades de estudos para jovens negros e a implementação do Fundo Vidas Negras Importam, entre outras ações, tendo como meta alcançar 30% delas em um ano.

Ações de combate ao racismo

Entre as ações, há o pedido de prorrogação do sistema de cotas raciais, que deve ser reavaliado em 2022. Para o reitor da Faculdade Zumbi dos Palmares, José Vicente, a ideia é que essas iniciativas tirem as pessoas negras do centro do debate e coloquem nele toda a sociedade brasileira, a fim de promover mais reflexão.

“Não é só uma coisa de negros, pura e simplesmente, mas é um trabalho de negros de todas as cores com aqueles que têm valores consonantes”, diz o reitor. Para ele, o movimento é importante para colocar a pauta racial na agenda pública. “O negro tem esse joelho no pescoço desde o nascimento, com o impedimento dos nossos sonhos, da nossa vida

Marcos

A iniciativa propõe uma “ação zero”, com 10 itens de combate ao racismo, como a prorrogação da Lei de Cotas nas universidades públicas federais, o Manifesto, assinado por personalidades renomadas da sociedade brasileira. Bem como mudança de protocolos policiais para impedir técnicas de sufocamento e estrangulamento, disparos letais nas abordagens e confrontos policiais, e invasão e ocupação com disparos de arma de fogo em favelas e comunidades.

Para a segurança privada o grupo propõe alterações nos protocolos da segurança privada para impedir abordagens, hostilização, perseguição e constrangimentos nos ambientes públicos e privados, eliminação da sala de segurança, da agressão física, tortura e morte de negros, nos bancos, shoppings e supermercados;

Criação de 500 mil bolsas de estudos para qualificação de jovens negros em graduação, pós-graduação, pesquisa e formação tecnológica, economia criativa e negócios e empreendedorismo; Criação de 300 mil vagas de estágios, trainees e profissionais para negros nas empresas públicas e privadas; entre outras

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