MapBiomas: Pará tem três dos cinco municípios que mais queimaram florestas em 40 anos


Por: Ana Cláudia Leocádio

24 de junho de 2025
MapBiomas: Pará tem três dos cinco municípios que mais queimaram florestas em 40 anos
Dos cinco municípios que mais queimaram nos últimos 40 anos, três estão localizados no Estado do Pará, segundo o MapBiomas (Fotos: Ana Jaguatirica/Arquivo/CENARIUM | Composição: Paulo Dutra/CENARIUM)

BRASÍLIA (DF) – Dos cinco municípios que mais queimaram nos últimos 40 anos, três estão localizados no Estado do Pará, no bioma Amazônia, um no Pantanal e outro no Cerrado, aponta a “Coleção 4” de mapas de cicatrizes de fogo do Brasil e a primeira edição do Relatório Anual do Fogo (RAF) do MapBiomas, lançados nesta terça-feira, 24, em Brasília. De uma lista de 15 cidades, sete estão no Cerrado, seis na Amazônia e dois no Pantanal, sendo Corumbá (MS) o município que mais queimou florestas de 1985 a 2024, com a destruição de 3,8 milhões de hectares.

Depois de Corumbá, estão os municípios de São Félix do Xingu, Altamita e Cumaru do Norte, todos no Pará, que juntos destruíram 6 milhões hectares de florestas nativas, segundo o MapBiomas Fogo. O quinto maior queimador é o município de Formosa do Rio Preto, localizado na parte do Cerrado do Estado da Bahia, com a supressão de 1.388.520 de hectares.

A capital de Rondônia, Porto Velho, também aparece no ranking, na sexta posição entre os 15 municípios que mais queimaram suas florestas no bioma Amazônia, totalizando 1.255.556 hectares. Os Estados do Pará e Mato Grosso detêm, cada um, quatro municípios nas estatísticas do MapBiomas com maior área acumulada de queimadas da vegetação, desde que começou a ser realizado o levantamento, em 1985.

Relatório destaca Estados com maior área queimada acumulada (Reprodução/MapBiomas)

Novo Progresso, Altamira, São Félix do Xingu e Cumaru do Norte, no sul do Pará, integram o chamado Arco do Desmatamento, que reúne os municípios prioritários, para a prevenção e combate ao desmate e ao fogo, que aumenta principalmente na época de estiagem.

Conforme o MapBiomas, os 15 municípios que mais queimaram responderam por 10% de toda a área queimada do Brasil, nos últimos 40 anos. Completam o ranking, os municípios de São Desidério (BA), Cocalinho (MT), Balsas (MA), Paranatinga (MT), Cáceres (MT), Alto Parnaíba (MA), Formoso do Araguaia (TO) e Vila Bela da Santíssima Trindade (MT).

O ano de 2024 marca o recorde de área queimada na Amazônia, em toda a série histórica iniciada em 1985 com 52% de toda área nacional afetada pelo fogo. O bioma registrou aproximadamente 15,6 milhões de hectares afetados, 117% acima da média histórica.

Além do recorde em extensão, o ano passado marcou um ponto sensível para os biomas porque, pela primeira vez, entre 1985 e 2024, foi registrado um aumento da ocorrência do fogo na vegetação nativa, que antes era de 69,5% e, ano passado, saltou para 72,7%. Também houve mudança no tipo de vegetação primária mais afetada: historicamente, a formação savânica era a mais impactada (média anual de 6,3 milhões de hectares), mas em 2024, predominou o impacto na formação florestal, com 7,7 milhões de hectares, o que corresponde a uma extensão 287% superior à média histórica.

Ainda conforme o relatório, um quarto (24%) do território nacional, equivalente à soma das áreas do Pará e do Mato Grosso, queimou pelo menos uma vez entre 1985 e 2024, o que impactou 206 milhões de hectares afetados pelo fogo com intensidades diferentes em cada um dos seis biomas do País.

Mato Grosso lidera área queimada

Ainda segundo o MapBiomas, 47% da área queimada em 40 anos está concentrada em três Estados: Mato Grosso, Pará e Maranhão. O Mato Grosso lidera o ranking com a destruição de 44.981.584 de hectares de 1985 a 2024. Em seguida vem o Pará (31.251.958 hectares), Maranhão (20.422.849 hectares) e Tocantins (19.394.209 hectares), todos localizados na Amazônia.

Entre os 15 Estados com maior área queimada acumulada por 40 anos, Rondônia aparece na 10ª posição (9.946.488 hectares), seguido de Roraima (5.573.070 hectares), Amazonas (4.940.272 hectares) e o Acre (2.689.959 hectares). O Estado do Amapá ficou na última posição, com 1.580.120 hectares queimados.

Floresta queima na Amazônia (Ana Jaguatirica/Arquivo/CENARIUM)

“Os biomas com maior proporção de vegetação nativa afetada pelo fogo entre 1985 e 2024 foram Caatinga, Cerrado, Pampa e Pantanal, todos com mais de 80% da extensão afetada. Na Amazônia e Mata Atlântica, o fogo ocorreu principalmente em áreas antrópicas (mais de 55%). No caso de Amazônia, pastagens respondem por 53,2% da área queimada no período; na Mata Atlântica, 28,9% da extensão queimada eram de pastagem e 11,4% de agricultura”, informou o MapBiomas.

Outros biomas

Ainda segundo o MapBiomas Fogo, ao lado da Amazônia e da Mata Atlântica, o Pantanal teve 62% de seu território queimado pelo menos uma vez no período mapeado de 1985 a 2024. A quase totalidade (93%) dos incêndios ocorreu em vegetação nativa, especialmente em formações campestres e campos alagados (71%). No ano passado, houve um aumento de 157% da área queimada no bioma, na comparação com a média histórica do período avaliado.

O relatório mostra, ainda, que três em cada quatro hectares no bioma (72%) queimaram duas vezes ou mais nas últimas quatro décadas, além de que é no Pantanal onde se encontra a maior prevalência de extensões queimadas superiores a 100 mil hectares (19,6%). As áreas com cicatrizes de queimada entre 500 e 10 mil hectares também se destacam (29,5%), distribuídas por diferentes regiões do bioma.

O ano de 2024 representou um recorde para a Mata Atlântica, que teve 1,2 milhão de hectares afetados pelo fogo, 261% acima da média histórica para o bioma, de 338,4 mil hectares por ano. Foi a maior extensão de área queimada em um único ano desde 1985. O levantamento aponta ainda que, em 2024, São Paulo concentrou 4 dos 10 municípios com maior proporção de área queimada no Brasil, todos no entorno de Ribeirão Preto.

Estado de São Paulo concentrou 4 de 10 municípios com maior proporção de área queimada no País (Reprodução/MapBiomas)

No Cerrado, foram detectados 89,5 milhões de hectares queimados no período analisado. Ao lado da Amazônia, que teve 87,5 milhões de áreas queimadas, ambos responderam por 86% da área atingida por fogo pelo menos uma vez no Brasil. Proporcionalmente, como a Amazônia tem área total quase o dobro do Cerrado, a área queimada pelo menos uma vez desde 1985 corresponde a 21% do bioma e 45% do Cerrado.

Na Caatinga, 38% do bioma foi afetado pelo menos uma vez pelo fogo nos últimos 40 anos, uma extensão de 11,15 milhões de hectares queimados. Ainda em 2024, foi registrada uma redução da área queimada de 16% no bioma, com 404 mil hectares queimados, comparados à média histórica de 480 mil hectares.

A menor área queimada foi registrada no Pampa, com 495 mil hectares afetados, o que corresponde a 3% do bioma. O ano com maior área queimada dentro do período analisado foi 2022, com 36,2 mil hectares. As áreas em que o fogo predominou são pequenas, com menos de 250 hectares. A maior parte dos incêndios ocorre em áreas naturais de formação campestre.

Dados do MapBiomas na Amazônia
• 20,8% do bioma queimou pelo menos uma vez desde 1985 (1/5 do bioma)
• 42,4% do total de área queimada do país ocorreu na Amazônia, o que a torna o segundo bioma com a maior área queimada
Nos últimos 40 anos
• 44,7% das áreas queimadas na Amazônia queimaram pela última vez entre 2013 e 2023
• 64,6% das ocorrências de fogo na Amazônia foram registradas entre os meses de agosto e outubro
• 47,9% das áreas queimadas na Amazônia possuem tamanho inferior a 500 hectares
• Em 2024, pela primeira vez, desde 1985, a formação florestal (43%) foi a mais afetada pelo fogo na Amazônia, superando a classe de pastagem (33,7%)
Leia mais: Queimadas devastaram 30 milhões de hectares no Brasil em 2024
Editado por Adrisa De Góes

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