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Maranhão e Amazonas lideram extrema pobreza no País, indica IBGE
Ágata construiu seu barraco no meio-fio de uma das principais avenidas de Manaus. (Ricardo Oliveira/ Revista Cenarium)
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04 de dezembro de 2021
Marcela Leiros – Da Revista Cenarium
MANAUS – O Maranhão, que faz parte, parcialmente, da Amazônia Brasileira, e o Amazonas são os Estados da região com a maior proporção da população em situação de extrema pobreza no País. As Unidades Federativas têm 14,4% e 12,5%, respectivamente, da população vivendo com menos de US$ 1,90 por dia, ou seja, R$ 10,73 em valores atuais. Os dados foram divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nessa sexta-feira, 3.
O Banco Mundial define US$ 1,90 por dia como a linha da extrema pobreza, US$ 3,20 (R$ 18,08) como a linha da pobreza em países de renda média-baixa, e US$ 5,50 (R$ 31,07) a linha-padrão para países de renda média-alta. Alagoas e Pernambuco, no Nordeste, dividem o 3º lugar da lista, com 11,8%. (Veja o gráfico a seguir)
Ainda segundo o IBGE, houve uma queda acentuada da extrema pobreza nesses Estados em relação a 2019, quando os percentuais da população abaixo dessa linha eram: Maranhão (21,3%), Amazonas (15,0%), Pernambuco (13,6%) e Alagoas (15,7%).
Estes Estados da Amazônia têm tradição em liderar os índices de pobreza na região. Em abril, o Especial da CENARIUM “Pandemia de fome” mostrou que Maranhão, Amazonas e Pará, nesta ordem, eram os Estados da Amazônia com maior número de pessoas com rendimento domiciliar per capita abaixo da linha da pobreza.
Uma pesquisa do IBGE coletada em 2019, e divulgada no final de 2020, mostrou que 11,8 milhões de pessoas viviam abaixo da linha da pobreza na região e 3,6 milhões de pessoas viviam em extrema pobreza. No Maranhão, estava nessa condição 52% da população. No Amazonas eram 47%, e no Pará, 44%. Juntos, os Estados abrigavam 9,4 milhões de pessoas vivendo na pobreza.
Na época, o economista Orígenes Martins Júnior pontuou que o tamanho dos Estados já os colocava no primeiro grande problema econômico da região: a área e diversidade. “Ao concentrar na Amazônia Ocidental, a pobreza começa a ser um problema pela concentração da produção nas capitais. As distâncias e dificuldade de acesso à maioria dos municípios contribuiu para esta realidade e a falta de uma política Econômica de estímulo à geração de riqueza a partir das características de cada região pirou mais ainda esta situação”, destacou ele.
Informalidade
Segundo o IBGE, a população do Maranhão, neste ano, chegou a 7,1 milhões de habitantes. Em setembro, o Instituto indicou que o Estado apresentou taxa de desemprego recorde no 2º trimestre de 2021. O número de desocupados atingiu 17,2% da população em idade de trabalhar. Em números absolutos, eram 457 mil pessoas desempregadas em todo o Estado, o que correspondia a um aumento de 20,4% em relação ao mesmo período do ano passado. Os números indicam grande desigualdade.
“O Maranhão, assim como o Amazonas, ainda é reduto de um processo oligárquico, ou seja, a concentração de riqueza na mão de poucos. Isso gera uma desigualdade perversa, que é uma característica do sistema capitalista. E como se faz a distribuição: por meio do trabalho remunerado, investimentos privados ou políticas públicas (saúde, educação, moradia de qualidade)”, destaca o antropólogo e coordenador do Núcleo de Cultura Política-Ciências Sociais da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Ademir Ramos.
Cenário nacional
Ainda de acordo com o IBGE, o Brasil não tem uma linha de pobreza oficial. A Síntese dos Indicadores Sociais do instituto analisa as condições de vida da população brasileira considerando as linhas sugeridas pelo Banco Mundial e os critérios adotados em programas sociais do governo federal.
Em 2020, o País tinha 7,3 milhões de pessoas (3,5% da população) com rendimento mensal per capita de até R$ 89, abaixo da linha de pobreza extrema do Bolsa Família. Considerando-se a linha de extrema pobreza do Banco Mundial (renda de US$1,90/dia, ou R$155 mensais per capita), são 12 milhões de pessoas (5,7% da população).
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