Marcha para Exu em Manaus terá cortejo e concurso de trajes


11 de setembro de 2024
Marcha para Exu em Manaus terá cortejo e concurso de trajes
Marcha para Èṣù 203 (Reprodução/Arquivo pessoal)
Carol Veras – Da Cenarium

MANAUS (AM) – A segunda edição da Marcha para Exu em Manaus está programada para o próximo sábado, 14. O evento terá início às 15h30 na Praça da Polícia, localizada na Avenida Sete de Setembro, Centro da capital amazonense, e contará com um cortejo em homenagem ao orixá, que sairá às 16h30, descendo pela Avenida 7 de Setembro e subindo pela Avenida Eduardo Ribeiro.

Organizada pela Articulação Amazônica dos Povos e Comunidades Tradicionais de Terreiro de Matriz Africana (Aratrama), a ação cultural tem objetivo de promover visibilidade a esses povos e celebrar as entidades Èṣù Òrìṣà, Lɛ́gba Vòdún, Mpambu Njila, Exus Catiços e Pomba Giras.

Trajeto do evento (Reprodução)

Os participantes vão seguir para uma manifestação cultural, que acontece às 18h no Largo de São Sebastião, Centro, onde serão apresentadas performances de artistas, casas de axé, terreiros e centros de umbanda. Durante o evento, será realizado um concurso para o melhor traje de Exu Catiço e Pomba Gira, com premiação em dinheiro.

O evento é uma realização da Associação de Desenvolvimento Sócio Cultural Toy Badé, e conta com apoio da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Amazonas, da Manauscult e da Secretaria Nacional de Mulheres do PT. Os responsáveis técnicos pelo evento são o coordenador-geral da Aratrama, Alberto Jorge Silva, o secretário-geral, Jonathan Azevedo, e a coordenadora municipal, Mãe Maria de Jacaúna.

Manifestação ocorrida em 2023 em Manaus (Reprodução/Redes Sociais)
O orixá

No Candomblé, Exu foi a primeira divindade criada por Olodumaré, moldado a partir de um solo vermelho. Ele representa o elemento dinâmico responsável por impulsionar, mobilizar e transformar. A entidade atua como o elo de conexão entre Olodumaré e os humanos, sendo o mensageiro e intermediário, participando do início de tudo que existe.

Devido a essa relevância, o orixá é o primeiro a receber oferendas dos adeptos do candomblé. Já na Umbanda, ele não é considerado um orixá, mas sim uma entidade ou espírito de luz, cuja missão é ajudar seus protegidos e atuar como mensageiro dos orixás, guardião dos templos e terreiros, conduzindo energias pesadas, desfazendo demandas e abrindo caminhos.

De acordo com Alberto Jorge Silva, em uma parte da África Ocidental, que tem como expoentes a Nigéria, o Benin, o Togo e o Gana, existe um conceito teológico, filosófico e uma visão de mundo. “As nossas divindades, sejam elas da Nigéria, do Togo ou do antigo reino de Dahomey /ou Danxomè, hoje República do Benin, têm uma configuração muito diferente daquilo que é colocado pela cultura hebraico-cristã”, afirma.

Ele explica como divindades africanas como Exu foram injustamente associadas ao demônio da tradição cristã devido à influência de um bispo anglicano que traduziu a Bíblia para o Yorubá no século XIX. O organizador do evento também aborda como essa visão eurocêntrica contribuiu para a demonização de elementos das religiões africanas e como movimentos culturais estão combatendo essa visão distorcida, afirmando que o orixá não é o equivalente ao Satanás da cultura religiosa cristã, mas sim uma figura que representa comunicação e dinamismo.

“O que acontece é que, dentro desse processo de dominação religiosa, se utiliza a luta entre o bem e o mal para perpetuar esse pensamento. O bem seria representado por Jesus Cristo nas diversas versões religiosas, enquanto o mal precisa de um bode expiatório. Esse bode expiatório acaba sendo a nossa cultura africana, rotulada como ignorante e sem filosofia ou teologia”, explica o religioso.

Marcha para Exu 2023 (Reprodução/Redes Sociais)

De acordo com a liderança religiosa, religiosa, esse evento é um símbolo da resistência afro-amazônica. “Quando saímos às ruas para dizer que Exu não é Satanás, estamos lutando contra essa demonização, que é o ponto central do nosso movimento”, conclui.

Leia também: ‘Joalheria dos Orixás’ celebra cultura afro-brasileira em reinauguração em SP
Editado por Adrisa De Góes

O que você achou deste conteúdo?

VOLTAR PARA O TOPO
Visão Geral de Privacidade

Este site usa cookies para que possamos oferecer a melhor experiência de usuário possível. As informações dos cookies são armazenadas em seu navegador e executam funções como reconhecê-lo quando você retorna ao nosso site e ajudar nossa equipe a entender quais seções do site você considera mais interessantes e úteis.