Marine Le Pen é condenada e pode ficar fora da eleição de 2027
Por: Cenarium*
31 de março de 2025
MANAUS – A pré-candidata à Presidência da França Marine Le Pen está potencialmente fora das eleições de 2027 após ser condenada, nesta segunda, 31, por desvio de fundos do Parlamento Europeu para o caixa de seu partido, o Reunião Nacional (RN)
Os juízes do Tribunal Correcional de Paris decidiram que ela não pode concorrer a cargos públicos por cinco anos — sentença que entra em vigor imediatamente devido a uma medida de “execução provisória” solicitada pelos promotores. Le Pen, no entanto, não perderá seu atual mandato de deputada na Assembleia Nacional, onde preside a sigla com o maior número de cadeiras.
Isso significa que a líder não poderá entrar na corrida presidencial de 2027, a não ser que tenha sucesso ao recorrer da decisão. Trata-se de um revés catastrófico para Le Pen, que trabalha pacientemente para suavizar sua imagem desde a primeira derrota para o atual presidente francês, Emmanuel Macron, em 2017.
Ela também foi condenada a uma multa de € 100 mil (R$ 624 mil) e a quatro anos de prisão –dos quais dois estão suspensos e dois serão cumpridos em prisão domiciliar. Diferentemente da inelegibilidade, porém, essas penalidades não serão aplicadas até que os recursos se esgotem, o que pode demorar meses ou anos.
Outros oito deputados europeus do RN também foram condenados no caso, que pode ter dado um prejuízo aos cofres públicos de € 2,9 milhões (cerca de R$ 18 milhões). A defesa argumentou que o dinheiro foi usado legitimamente e que as acusações definiram de forma muito restrita o que um assistente parlamentar faz.
Sem ela, o nome mais viável da RN é o jovem Jordan Bardella, 29, presidente do partido. Ele mesmo está envolvido no caso, embora não estivesse sendo julgado. Bardella era assessor parlamentar na época do desvio de fundos, e é acusado de ter forjado anotações em uma agenda para justificar ter trabalhado para o partido.
“Hoje, não foi apenas Marine Le Pen que foi injustamente condenada: Foi a democracia francesa que foi assassinada”, afirmou ele sobre a sentença.
Embora Bardella tenha ajudado a expandir o apelo do RN entre os eleitores mais jovens, não está claro se ele tem a experiência necessária para conquistar o eleitorado mais amplo que o partido precisa para garantir a vitória em 2027.
Le Pen é líder nas pesquisas de intenção de voto para o pleito, o que faz a inelegibilidade da pré-candidata um momento-chave da política francesa, segundo Arnaud Benedetti, analista político que escreveu um livro sobre o RN.
“Este é um evento político sísmico”, disse ele à agência de notícias Reuters. “Inevitavelmente, isso vai reorganizar as cartas, especialmente na direita.”
Uma das ironias do caso é que o próprio RN apoiou a lei de inelegibilidade, uma espécie de “ficha limpa” francesa, quando ela foi votada pelo parlamento, em 2016. Outra ironia é que, no extremo oposto do espectro político, o partido A França Insubmissa (LFI), de ultraesquerda, condenou a inelegibilidade de Le Pen. Para o LFI, Le Pen vai usar a pena para se vitimizar.
O vice-primeiro-ministro da Itália e líder da ultradireitista Liga, Matteo Salvini, criticou a decisão. “Pessoas que têm medo do julgamento dos eleitores muitas vezes são tranquilizadas pelo julgamento dos tribunais”, disse ele. “Em Paris, condenaram Marine Le Pen e gostariam de excluí-la da vida política.”