Mata fechada e grotas de cachoeiras: como autor de chacina no DF consegue escapar da polícia

O suspeito Lázaro Barbosa de Sousa, de 32 anos (Reprodução/Internet)
Com informações do O Globo

SÃO PAULO – É nas matas fechadas e em grotas — cavidades provocadas por água de rios e cachoeiras — que Lázaro Barbosa Sousa, apontado pelas autoridades como um serial killer, consegue fugir dos policiais que há nove dias o procuram na região rural de Cocalzinho, em Goiás. Caçador, ele conhece bem a área e, mesmo quando está cercado, dá um jeito de driblar os agentes.

A polícia acredita que Lázaro esteja já cansado e com fome. Mas, como há muitas casas abandonadas na região — moradores temem se tornarem vítimas do criminoso —, ele as invade para buscar comida.

“Ali tem Cocalzinho, Edilândia e Girassol. Edilândia é no município de Cocalzinhho, com cerca de mil habitantes. Girassol tem pouco mais de cinco mil pessoas. Ficam às margens da BR-070. Depois disso é só mato. Mato, mato, mato. Às vezes campo aberto, com vegetação de cerrado, às vezes com uma mata muito fechada. Tem alguns rios, córregos e cachoeiras. E nessas cachoeiras são pedras. A água forma grotas, buracos, onde ele se esconde e dificulta a polícia a achá-lo”, contou Naldo Lopes, que administra um perfil que publica notícias da região e acompanha a caçada a Lázaro desde o primeiro dia.

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Ele viu quando Lázaro trocou tiros com policiais, na tarde da última terça-feira. No confronto, um agente ficou ferido. “Teve toda aquela correria. Teve o dia também que ele trocou tiros com um caseiro. Esses dias a gente estava muito próximo, inclusive a gente correu mata adentro com os carros para tentar filmar ele fugindo ou a polícia pegando ele. Mas não tivemos êxito”, disse.

Naldo vê a frustração dos policiais a cada vez que Lázaro consegue escapar. “Decepção, né? Os policiais cercam e cercam ele, mas ele sempre consegue fugir. É decepcionante porque são as melhores forças do Estado de Goiás que estão atuando. Esses caras não costumam falhar, não”, conta.

A caçada a Lázaro já virou assunto de governo. Nesta quinta-feira, 17, o secretário de segurança pública de Goiás, Rodney Miranda, afirmou que a Força Nacional vai ajudar na captura do criminoso. Segundo ele, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, ligou ontem oferecendo 20 agentes para reforçar a força-tarefa montada para deter o assassino.

Os crimes de Lázaro

Quarta-Feira, dia 9 de junho: Lázaro invade a chácara de Cláudio Vidal e mata ele e seus filhos, em uma ação que dura cerca de 10 minutos. No momento da fuga, faz Cleonice Marques, de 43 anos, mulher de Cláudio, refém e a sequestra. Logo após a entrada do bandido na casa, ela teria feito uma ligação para seu irmão pedindo por socorro. Sua família chega momentos depois, mas encontra apenas os corpos de Cláudio e seus filhos.

Quinta-feira, dia 10 de junho: Na parte da manhã, Lázaro Barbosa teria invadido outra residência apenas três quilômetros de distância da chácara da família de Cláudio e Cleonice. Ele teria mantido a dona da casa, Sílvia Campos, de 40 anos, e o caseiro, Anderson, de 18, sob a mira de sua arma durante três horas e os obrigado a fumar maconha. Ele teria roubado cerca de R$ 200 e celulares antes de deixar a residência. Cleonice continua desaparecida.

Sexta-feira, dia 11 de junho: Lázaro é suspeito de roubar um carro e fazer mais um refém. Ele teria deixado Ceilândia e ido para Cocalzinho, em Goiás. Lá, incendeia o veículo. A polícia acredita que ele pode ter contado com a ajuda de um comparsa nesse momento. As buscas por Cleonice continuam.

Sábado, dia 12 de junho: O corpo de Cleonice é encontrado em um córrego próximo ao Sol Nascente. Enquanto isso, Lázaro teria invadido uma residência nos arredores de Lagoa Samuel, onde teria ingerido bebidas alcoólicas, feito o caseiro refém e destruído o seu carro. Horas depois, ele teria invadido outra chácara, atirado em três homens e roubado armas de fogo. À noite, teria incendiado uma casa em Cocalzinho. Alguns relatos afirmam que ele teria trocado tiros com a polícia, informação que não foi confirmada pelo secretário de Segurança Pública de Goiás. Os três homens baleados foram levados a um hospital. Dois encontram-se em estado grave.

Domingo, dia 13 de junho: Lázaro invade uma casa por volta das 15h. A residência estaria vazia naquele momento. O criminoso teria roubado um carro Corsa vermelho. Aproximadamente às 18h30, o veículo teria sido abandonado em uma rodovia, a 30 quilômetros da residência invadida mais cedo. Acredita-se que Lázaro tenha avistado um bloqueio policial e decidiu fugir para o mato. Dentro do carro, a polícia encontrou um carregador de munição. De acordo com a Polícia Militar de Goiás, o suspeito teria chegado a trocar tiros com a polícia antes de fugir para um matagal.

Segunda-feira, dia 14 de junho: Lázaro troca tiros com um fazendeiro na região de Edilândia. Policiais civis e militares fecham o cerco, mas não efetuam a prisão do suspeito. Foi levantada a hipótese de o autor da chacina ter ficado ferido.

Terça-feira, dia 15 de junho: Uma família é feita refém por Lázaro na zona rural de Edilândia. Segundo Rodney Miranda, secretário de Segurança Pública de Goiás, ele utilizou o mesmo modus operandi e levou o casal dono da propriedade e a filha adolescente deles para a beira de um rio. A menina conseguiu, porém, mandar uma mensagem para o celular de um policial que visitou a casa das vítimas no dia anterior. As equipes foram até o local e houve confronto com o criminoso. Os reféns foram salvos, mas um policial acabou sendo baleado de raspão. Ele recebeu atendimento e passa bem. Lázaro conseguiu fugir.

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