MDB sai fortalecido após eleições e PL perde força no Pará
Por: Fabyo Cruz
28 de outubro de 2024
BELÉM (PA) – Nos municípios paraenses de Belém e Santarém, o segundo turno das eleições municipais de 2024 trouxe vitórias expressivas para o Movimento Democrático Brasileiro (MDB), destacando o fortalecimento do partido e do governador Helder Barbalho em importantes colégios eleitorais do Estado. Em Belém, Igor Normando foi eleito com 56,36% dos votos válidos, derrotando o Delegado Éder Mauro (PL), que obteve 43,64%. Já em Santarém, Zé Maria Tapajós garantiu a prefeitura com 52% dos votos, superando JK do Povão (PL), que teve 48%.
A disputa trouxe à tona questionamentos sobre a influência das vitórias do MDB no cenário político local e sobre a posição do PL, principal partido de oposição no estado. Cientistas políticos analisaram o impacto dessas derrotas para o Partido Liberal, refletindo sobre as estratégias e desafios do partido para as próximas eleições.
MDB consolida liderança no Pará
As vitórias do MDB em Belém e Santarém reforçam a liderança do governador Helder Barbalho e a posição do MDB como principal força política do Estado. Segundo a cientista política Karol Cavalcante, doutoranda pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), o êxito do MDB consolidou o governador como o maior vencedor das eleições, colocando-o em destaque não só no Pará, mas também no cenário nacional.

“O governador mostrou força e vitalidade, com um alto índice de aprovação popular e mais de 80 prefeitos eleitos no Estado. Isso o torna um importante líder no tabuleiro político nacional”, afirmou Cavalcante. Ela acredita que o PL poderá tentar se viabilizar como uma alternativa de oposição ao governo estadual, porém, enfrentará a força consolidada do MDB.
Desafios do PL e a busca por alianças
Para o jurista eleitoral e cientista político Breno Guimarães, presidente do Instituto Brasileiro de Direito Partidário (Ibradip), as derrotas do PL estão ligadas à falta de alianças e à dificuldade em formar coligações robustas. Em Belém, Éder Mauro recebeu apoio apenas de Jefferson Lima (Podemos), um candidato derrotado no primeiro turno. Já em Santarém, JK do Povão teve o suporte do partido Avante, mas sem o impacto necessário para assegurar a vitória. “A falta de alianças significativas prejudicou a candidatura do PL em ambas as cidades”, pontuou Guimarães.

Guimarães também destacou que a vitória em Marabá, apesar de relevante, não assegura uma força sólida para cargos majoritários nas próximas eleições estaduais, sendo necessário fortalecer a base municipal do partido.
Resistência ao perfil dos candidatos do PL
As derrotas do PL em Belém e Santarém também foram interpretadas como um sinal de resistência ao perfil dos candidatos. Cavalcante observou que a postura mais radicalizada de Éder Mauro e JK do Povão foi rejeitada pelo eleitorado. Ela apontou que houve um desinteresse dos eleitores pela “nacionalização da disputa” e uma preferência por candidatos que demonstrassem capacidade de gestão e de articulação para resolver problemas locais.
“O eleitor paraense demonstrou nas urnas rejeitar o perfil radicalizado que ambos os candidatos representam. Houve eleitoralmente um certo desinteresse pela nacionalização da disputa e um maior interesse em ter gestores que demonstrem capacidade de estabelecer parcerias para resolver os problemas das cidades. O radicalismo saiu derrotado das urnas”, avaliou Karol Cavalcante.
Futuro do PL e a oposição ao MDB
O desempenho do PL, segundo Cavalcante, embora sem vitórias nas maiores cidades, mostrou um partido competitivo, com candidatos que alcançaram mais de 40% dos votos no segundo turno. Isso indica que o partido possui uma base eleitoral, mas precisa aprimorar sua estratégia de coligações e fortalecer sua atuação no Legislativo estadual, onde atualmente é a única oposição ao MDB.
“O PL é um partido de oposição ao governo do MDB no Pará. Uma oposição inclusive tímida e restrita ao partido quando se pensa em nível de atuação no legislativo paraense. Hoje não existe uma frente de partidos de oposição no estado. Basicamente, a oposição no legislativo se restringe a atuação do PL e isso deve se manter no próximo período“, afirmou Karol Cavalcante à CENARIUM.
Guimarães ressaltou que, caso o PL consiga ampliar sua bancada federal nas próximas eleições, o partido pode influenciar políticas regionais por meio de emendas parlamentares, beneficiando as bases locais no Pará.
“A derrota do Partido Liberal nas cidades de Belém e Santarém mostra que o partido não teve capacidade de superar a força política do MDB nessas cidades. Porém, se as lideranças políticas do PL conseguirem reunir um grupo para as próximas eleições de 2026, os candidatos derrotados como prefeitos podem obter uma votação maior nas eleições de Deputado Federal e ampliar a bancada federal do partido, podendo, a partir das emendas parlamentares impositivas fazerem políticas públicas regionalizadas, conforme as necessidades das suas bases locais no Pará”, afirmou.