Medicado por doença mental, Adélio diz ter “desistido” de matar Bolsonaro

Adélio Bispo logo após ser detido ao tentar matar o então candidato à Presidência Jair Bolsonaro, em Juiz de Fora (MG), em 6 de setembro de 2018 (Guilherme Leite/Folhapress)

SÃO PAULO – Depois de receber tratamento psiquiátrico, Adélio Bispo de Oliveira, que esfaqueou o então candidato à Presidência da República, Jair Bolsonaro (sem partido), “está calmo, diminuiu com as alucinações e apresenta uma mudança positiva de comportamento”, segundo um funcionário da Penitenciária Federal de Campo Grande, onde Adélio se encontra preso.

O detento teria desistido de seu “plano” de matar Bolsonaro e o ex-presidente Michel Temer (PMDB) “quando saísse da prisão”.

“No começo ele só falava em maçonaria. Até o presídio tinha, na visão dele, símbolos da maçonaria”, disse um funcionário ao UOL, que pediu para não ser identificado.

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“No começo ele só falava em maçonaria. Até o presídio tinha, na visão dele, símbolos da maçonaria”, disse um funcionário ao UOL, que pediu para não ser identificado.

A maçonaria consiste em uma fraternidade ligada a homens poderosos da história, como imperadores e políticos, hoje também frequentada por cidadãos comuns. Dado ao sigilo envolvendo seus rituais, é alvo de constante especulação.

Adélio passa o dia lendo livros de direito, graduação que pretende cursar. Aos psiquiatras que o examinaram, ele afirmou que sonha em ser promotor ou procurador de Justiça.

A mudança de planos sobre “não matar mais” Bolsonaro e Temer foi revelada pelo próprio Adélio no último depoimento que prestou ao delegado da PF (Polícia Federal) Rodrigo Morais, no dia 31 de outubro de 2019, quando já estava sendo medicado.

“Viver uma vida normal”, deseja Adélio

Nesse dia, Adélio disse que não tem nada que possa fazer para combater a maçonaria, “organização estruturada política e economicamente, razão pelo qual desistiu de atacá-la”.

Ele disse ainda que, quando sair do presídio, só quer “viver uma vida normal”.

Segundo os presos, Adélio começou a alimentar o plano de matar Bolsonaro e Temer ao ser aplaudido por membros da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) ao dar entrada no presídio.


“Em razão da proximidade com os membros da organização, Adélio está [na época do depoimento] eufórico que finalmente ia conseguir matar Bolsonaro e o ex-presidente Michel Temer quando saísse da prisão com uma arma cedida pela facção”, afirmou o instrutor de pilotos do PCC Felipe Ramos Morais, um dos detentos mais próximos de Adélio, no depoimento que prestou no dia 19 de agosto de 2019.

Integrante do PCC nega elo entre a facção e atentado contra Bolsonaro

Felipe disse à PF, no entanto, que a facção não teve nenhuma participação na tentativa de assassinato de Bolsonaro ocorrida em Juiz de Fora (MG).

Segundo o instrutor, a participação do PCC no ato criminoso foi uma história inventada por outro preso, o iraniano Farhad Marvizi. De acordo com Felipe, Marvizi, que chegou a escrever uma carta ao presidente Bolsonaro envolvendo a organização no crime, “é uma pessoa totalmente desequilibrada”, que “vive contando histórias mentirosas só para conseguir benefícios”.

O delegado Morais, ao interrogar Marvizi, chegou à mesma conclusão, segundo relatório final da PF que descarta a participação do PCC no atentado de 2018.

Felipe esclarece que Adélio nunca admitiu a participação de outras pessoas na tentativa de homicídio. No último depoimento que prestou ao delegado da PF, Adélio afirmou que procura se manter distante dos membros da facção do PCC porque “não são muito confiáveis”.

(*) Com informações da UOL

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