Medicamentos para entubar paciente devem acabar em 20 dias e associações pedem socorro à Anvisa

Sem eles, não será mais possível socorrer pacientes em UTIs em estado grave (Diego Vara/Agência Brasil)

Com informações da Folha de S. Paulo

O estoque de analgésicos, sedativos e bloqueadores musculares usados para a entubação de pacientes em UTIs pode durar apenas mais 20 dias no Brasil – o que criaria um drama adicional para os hospitais: como socorrer os doentes, se acabarem os medicamentos.

Caso isso ocorra, um novo gargalo, insuperável, será colocado na luta já dramática contra a Covid-19: mesmo com a abertura de leitos de UTIs, o treinamento de profissionais de saúde e o suprimento de oxigênio, os médicos não vão poder tratar dos pacientes pois será impossível intubá-los.

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A consequência será um crescimento ainda maior dos óbitos, pois as pessoas morrerão sufocadas sem que os profissionais possam garantir a elas a ventilação mecânica. A situação se agravou de tal forma nas últimas horas que associações que reunem intensivistas, hospitais e operadoras de saúde vão se reunir com a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para discutir soluções urgentes para o problema.

“O número de internações aumentou, a permanência dos doentes nas UTIs também, e o consumo dos medicamentos explodiu”, diz Reinaldo Scheibe, presidente da Associação Brasileira de Planos de Saúde. A entidade representa operadoras de planos de saúde e seguradoras, que trabalham com hospitais próprios ou credenciados.

“Os relatos se repetem em todo o país”, afirma ele. Médicos que trabalham em UTIs de São Paulo fizeram o mesmo relato à coluna, sob a condição de anonimato. Um deles afirmou que está vivendo momentos “infernais”, que a curva de internações só cresce na instituição em que trabalha e que já está “começando a faltar insumos” para tratar de doentes em estado grave.

O presidente da Abrafarma afirma que a reunião com a Anvisa deve ocorrer no fim da tarde desta quinta, 18. Dela devem participar também, segundo ele, a Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp) e associações de médicos intensivistas. Ele diz acreditar que a Anvisa precisa se articular com a indústria nacional para que ela aumente a produção desses insumos.

“Mas ela tem que fabricar também outros medicamentos indispensáveis para outras enfermidades. É preciso articular como isso pode ser feito”, diz. Uma outra solução seria a agência facilitar a importação dos produtos, repondo os estoques que estão pertos de terminar. “Precisamos discutir com urgência como fazer para agilizar e normalizar a situação”, diz ele.

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