Memorial do Holocausto abre suas portas com uma exposição permanente no Rio de Janeiro
19 de janeiro de 2023
Em construção desde o início de 2019, o memorial foi erguido no Mirante do Pasmado, em Botafogo (Reprodução)
Da Revista Cenarium*
RIO DE JANEIRO – O Memorial do Holocausto, um novo espaço museológico na cidade do Rio de Janeiro, está abrindo nesta quinta-feira, 19, as portas ao público. Na exposição permanente, os visitantes podem ampliar conhecimentos sobre os acontecimentos que marcaram a história e ter acesso a relatos de vida dos sobreviventes.
A construção do Memorial do Holocausto, no Rio, começou a ser idealizada há mais de 30 anos pelo ex-vereador e ex-deputado estadual Gerson Bergher, já falecido. Um concurso organizado no fim da década de 1990, pelo departamento fluminense do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB-RJ), teve como vencedor o projeto do arquiteto e urbanista Andre Orioli. Mas a proposta só saiu do papel mais recentemente.
Em construção desde o início de 2019, o memorial foi erguido no Mirante do Pasmado, em Botafogo. O local foi definido junto à prefeitura do Rio, que deu apoio ao projeto e cedeu o uso do terreno em 2018. A obra é de responsabilidade da Associação Cultural Memorial do Holocausto e contou com o patrocínio de empresas privadas. O Consulado da Alemanha também é parceiro da iniciativa. Em 2020, houve a inauguração da área externa, que abriga um monumento de quase 20 metros de altura, dividido em dez partes, representando os Dez Mandamentos. Em sua base, foi escrita a frase: “Não matarás”.
Construção do Memorial do Holocausto, no Rio, começou a ser idealizada há mais de 30 anos (Fernando Frazão/Agência Brasil)
Com a abertura das instalações da área expositiva, as visitas já podem ocorrer, semanalmente, de quinta-feira a domingo, a partir das 10h. A última entrada deve ocorrer às 17h. O acesso é gratuito, mas há um controle de fluxo e é necessário retirar antes, o ingresso, por meio da plataforma Sympla.
Também é possível agendar visitas guiadas em grupo, por meio do programa educativo do memorial. Haverá, ainda, estímulo para excursões de estudantes das redes pública e privada. “Nosso objetivo, aqui, no memorial é educar e transmitir valores. E fazer isso mantendo viva a memória, mostrando para as novas gerações que isso existiu. Porque amanhã, num futuro próximo, as pessoas podem começar a achar que foi um filme de ficção. Manter preservada a memória é a única maneira de não se repetir um holocausto nazista com o passar dos anos”, diz Alberto Klein, presidente da Associação Cultural Memorial do Holocausto.
Ele disse que espaços como esse ajudam a sociedade a se preparar para coibir certos tipos de manifestação. “Discurso de ódio não é liberdade de expressão. Defender o extermínio de um grupo não é liberdade de expressão. É racismo e, aqui, na lei brasileira, é crime”.
O Holocausto foi o assassinato em massa de milhões de judeus e de integrantes de outros grupos populacionais minoritários durante a Segunda Guerra Mundial. É considerado o maior genocídio do século 20. Conduzido por meio de um programa sistemático de extermínio, colocado em prática pelo Estado nazista liderado por Adolf Hitler, ocorreu na Alemanha e nos demais países ocupados pelos alemães durante a guerra. Monumentos em todo o mundo buscam preservar sua memória para que não seja esquecido, nem repetido.
De acordo com Alfredo Tolmasquim, que coordenou o grupo curatorial formado por quatro pessoas, há diversas formas de provocar reflexões sobre o Holocausto. Ele lembra que memoriais, em diferentes países, que ressaltam, por exemplo, a resistência armada ou o massacre nos campos de concentração. No Rio, o foco central recai sobre a história de vida dos sobreviventes. “Ao invés de falarmos de uma história de milhões, queremos contar milhões de histórias”, afirma.
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