Menina de 9 anos é internada e especialista alerta sobre perigos de ‘progressivas’

Por ser uma região mais vascularizada, pode ocorrer a absorção de produtos em proporções que desencadeiam alergias ou reações mais graves (Reprodução/ Pixabay)
Priscilla Peixoto – Da Cenarium

MANAUS – Após a pequena Yasmim, de 9 anos, ser internada e passar por duas minicirurgias depois de ter feito uma escova progressiva no cabelo, um especialista em procedimentos estéticos capilares alertou, neste sábado, 4, sobre os perigos dos procedimentos em crianças.

O cabeleireiro Rhonaillesson Alcântara atua no mercado há mais de 15 anos e alerta para os perigos na qual crianças ficam expostas ao fazer procedimentos que envolvem alisamentos, principalmente aqueles que possuem formol na composição. De acordo com o profissional, por ser uma região mais vascularizada, pode ocorrer a absorção de produtos em proporções que desencadeiam alergias ou reações mais graves.

“Como profissional, não oriento os pais deixarem os filhos passarem por alisamentos ou progressivas com ou sem formol em menores de 16 anos. Fazer isso durante o processo de formação do cabelo de uma criança você maltrata toda a estrutura do cabelo. Por mais que venha no rótulo dizendo que não contém formol, que crianças e até mulheres grávidas podem fazer, não é confiável e é melhor evitar”, explica o profissional.

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Tinturas

Além das progressivas, ele atenta para as tinturas, procedimentos que por serem mais fáceis de realizar, acabam oferecendo riscos ou maltratam a saúde capilar de crianças e pré-adolescentes. “As tinturas não são vistas por algumas pessoas como um perigo e é preciso prestar atenção que o tingimento pode conter água oxigenada e outros químicas como a amônia, que resseca os fios e causa até mesmo alergias e irritações no couro cabeludo e na pele. Por isso, é sempre bom procurar um profissional sério para lhe orientar”, ressalta.

A procedimento foi realizado sem o consentimento dos pais (Reprodução/arquivo pessoal)

Responsabilidade

O cabeleireiro revela que em alguns salões os pais insistem em mexer na estrutura capilar dos filhos de forma precoce e assinam um termo de responsabilidade assumindo que estão cientes dos possíveis riscos. “Eu como profissional me recuso a fazer, mesmo com o consentimento dos pais. Tudo tem sua hora, serviços leves tudo bem, mas alisamento não creio que seja uma boa alternativa. No caso dessa criança ficou claro que não foi pelo querer dos pais, mas fica de alerta aos que estão pensando em fazer o mesmo”, declara Alcântara.

O profissional acredita que na infância a melhor alternativa é conversar e incentivar a beleza natural que as crianças possuem e aguardar para um momento mais adequado para sofrer as desejadas transformações estéticas.

“Já cheguei a convencer uma menina de 14 anos que tinha o cabelo cacheado a não passar por alisamento. Expliquei que, na verdade, faltava uma orientação de como cuidar dos cabelos naturais dela. Hoje, ela usa produtos livres de formol e é feliz com os cachos dela. Decidiu esperar um pouco mais”, relembra.

Yasmim precisou passar por duas minicirurgias para colocar drenos na cabeça(Reprodução/arquivo pessoal)

A progressiva

O caso ocorreu na cidade de Ferraz Vasconcelos, localizada em São Paulo, por uma cabeleireira que trabalha em casa situada no condomínio onde moram os pais de Yasmim. A progressiva teria sido feita sem o consentimento, ao invés de uma simples hidratação. Com a criança ainda em tratamento, o pai José Flávio de Souza tenta arrecadar doações para custear uma peruca e os medicamentos voltados para a recuperação de Yasmim.

De acordo com José, três dias após o procedimento capilar, a garota apresentou crises de vômitos e os olhos inchados e depois de dez dias, já com tratamento em andamento com antialérgico e anti-inflamatórios, a menina teve uma inflamação mais acentuada e foi submetida a duas minicirurgias. “O médico falou que por pouco ela não ficou cega, porque o formol entrou pelo couro cabeludo dela e quase chegou aos olhos”, relatou o pai ao G1.

Lesão Corporal

Procurada pelos pais da criança, a cabeleireira negou que o produto usado no cabelo da criança tenha causado malefícios à saúde de Yasmim. Segundo o pai da menina, até o momento a mulher não deu nenhum tipo de assistência e será movida uma ação contra ela e a marca do produto. O caso foi registrado no Distrito Policial de Ferraz como lesão corporal culposa (sem intenção).

“Quando eu voltei, a moça tinha feito uma progressiva nela. Eu perguntei se poderia, por ela ser criança, mas ela respondeu que não tinha problema porque era um produto orgânico.Ela está muito triste, não quer ir para a escola, sair de casa. Está indo só ao médico uma vez por semana para avaliação e também está passando com o psicólogo” contou o pai.

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