Menos de 2% da população do continente africano está vacinada, segundo a OMS

Contudo, de todos os continentes, o africano é o menos afetado pela pandemia de coronavírus (Reprodução/Siphiwe Sibeko/Pool via AP)

Com informações do Portal Alma Preta

ÁFRICA – Informações da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam que das, em média, 550 milhões de doses da vacina contra a Covid-19 aplicadas na população mundial, menos de 2% foram no continente africano. A porcentagem abrange o período de imunização global até abril e representa cerca de 11 milhões de doses destinadas à África.

Contudo, de todos os continentes, o africano é o menos afetado pela pandemia de coronavírus. Com 4,3 milhões de casos, a OMS contabiliza 114 mil mortes, levando em consideração uma população de 1,2 bilhão de habitantes contra 2,9 milhões de mortes em escala mundial.

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Do total de 54 países africanos, 45 já iniciaram a vacinação e 36 só puderam começá-la com o auxílio da iniciativa global Covax, da OMS. A ação visa a distribuição de maneira mais igualitária das vacinas no continente. Na África, a maioria das vacinas administradas pertencem ao laboratório AstraZeneca, pelo valor de custo baixo e pela facilidade de armazenamento.

Segundo um estudo da coalizão de organizações e ativistas chamada The People’s Vaccine Alliance, as nações ricas, que representam apenas 14% da população mundial, adquiriram mais da metade (53%) de todas as vacinas mais promissoras. Esse dado inclui todas as vacinas da Moderna para 2021 e 96% da produção esperada da Pfizer.

O Canadá liderou a lista, de acordo com os dados da empresa de análises Airfinity, com doses suficientes para vacinar cada canadense cinco vezes. Mesmo o continente africano sendo o menos afetado pela pandemia, na comparação com os outros, faltam vacinas em todo território africano e o atraso na distribuição é de 20%. Uma pesquisa do Centro Africano de Controle e Prevenção de Doenças (CDC África) mostra que as vacinas entregues através da Covax não são suficientes para acabar com a pandemia no continente.

O exemplo que a pesquisa cita é o do Quênia, que só conseguiu obter um milhão de vacinas, em média, quando o programa Covax havia determinado distribuição inicial de 1,5 milhão de doses. O quantitativo cedido ao Quênia não supre nem a vacinação prioritária de professores e trabalhadores de saúde. 

O estudo ainda aponta que existem países mais avançados do que a média e que já vacinaram mais de 2% de suas populações. Ruanda, Senegal e Gana estão entre eles. Os demais países da África começaram a campanha de imunização de maneira mais lenta e atualmente contam com cerca de 1% da população imunizada.

O único País do continente que interrompeu o uso da AstraZeneca foi a África do Sul. O CDC África afirma que devido aos casos raros de surgimento de coágulos sanguíneos em alguns pacientes após a aplicação da AstraZeneca, outros países, com condição de investir em fabricantes com valor de custo mais alto, optaram por deixar a vacina anglo-sueca de lado. Em todo continente africano isso é impossível.

“Os países ricos rejeitam as vacinas da AstraZeneca e da Johnson & Johnson, por exemplo, pois eles têm alternativas. Estas vacinas acabam na África porquê a maioria dos países não tem outra escolha”, comenta uma das autoras do estudo, a epidemiologista Catherine Kyobutungi, nas considerações do artigo.

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