Mesmo com alto risco da nova variante, prefeito de Manaus, David Almeida, mantém Réveillon na capital

O prefeito de Manaus, David Almeida (Avante), disse que a prefeitura da capital amazonense só divulgará a decisão pela realização ou não do evento entre os dias 10 e 12 de dezembro. (Reprodução/ Internet)
Marcela Leiros – Da Revista Cenarium

MANAUS – O alto risco da disseminação da variante do novo coronavírus, conhecida como Ômicron, colocou várias cidades brasileiras em alerta. Até a manhã desta terça-feira, 30, pelo menos sete prefeituras informaram que não pretendem fazer festas no Réveillon, mas em Manaus, o prefeito David Almeida (Avante), conhecido pelo escândalo dos fura-filas, decidiu manter a festa, que reúne milhares de pessoas em diversos pontos da capital.

A cepa B.1.1.529 foi identificada neste mês em Botsuana, país vizinho à África do Sul. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a variante pode ser responsável pela maior parte dos novos registros de infecção pelo novo coronavírus em províncias sul-africanas. Evidências preliminares sugerem que a Ômicron tem potencial de ser mais transmissível e ter maior escape imune em relação a variantes anteriores. A cepa já foi registrada em 12 países, com 142 casos já confirmados

Nessa segunda-feira, 30, Almeida declarou em coletiva de imprensa no Palácio do Planalto, em Brasília, que a prefeitura da capital amazonense só divulgará a decisão pela realização ou não do evento entre os dias 10 e 12 de dezembro. “Nós já temos a contratação de um evento para o Réveillon, mas estamos analisando a possibilidade da liberação ou não do Réveillon e também do Carnaval em nossa cidade”, afirmou.

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R$ 600 mil por show

No último dia 11, a Prefeitura de Manaus anunciou que a festa de Réveillon terá como atração nacional o cantor Luan Santana e os artistas do segmento gospel Fernandinho e Leonardo Gonçalves. O cantor vai custar R$ 600 mil aos cofres da prefeitura, de um montante de R$ 10 milhões que está sendo gasto com as atrações das festas comemorativas de fim de ano.

O gasto desproporcional à realidade da prefeitura fez o vereador Rodrigo Guedes (PSC) ajuizar, na segunda (29), uma Ação Popular para impedir a realização da festa de Réveillon em Manaus. Guedes alega que o valor, segundo ele exorbitante, pago pelo show é praticamente o dobro do que é, geralmente, pago em outros lugares.

“Chama atenção pelo valor exorbitante dos gastos totalmente desnecessários para o momento que serão despendidos em meio a uma pandemia mortal e proximidade de uma quarta onda, ocasionada pela Covid-19 e suas variantes, que está devastando a saúde e a economia pública do Estado e do mundo”, pontuou o vereador no documento. (Veja o documento no fim desta reportagem)

Guedes lembra ainda que a capital amazonense e sua população conta com recursos voltados para a saúde, criação de empregos, reformas estruturais contra alagamentos e cheias do Rio Negro, além de programas voltados para a melhoria da vida dos contribuintes.

Ômicron no Amazonas

Com as preocupações com a nova variante, o governador do Amazonas, Wilson Lima, reuniu, nessa segunda-feira, o Comitê Intersetorial de Enfrentamento à Covid-19 para avaliar eventuais impactos da Ômicron. Nenhum caso da doença foi identificado no Estado, até o momento. Atualmente, 64% da população do Amazonas está com o esquema vacinal completo contra a Covid-19, primeira e segunda dose ou dose única. Na capital, 74,3% da população está imunizada.

Leia mais: Governador do AM reúne comitê de enfrentamento à Covid-19 para tratar da variante Ômicron

“Estamos em estado de alerta. Precisamos estar preparados para tomar medidas e preservar vidas. Aproveito para fazer um apelo para que as pessoas tomem a vacina. Quem não tomou a primeira dose, tome. Quem tomou só a primeira dose, que tome a segunda. Já está no período da terceira dose, então se vacine. Por meio dos veículos de comunicação, vamos manter a população informada sobre todas as decisões com relação à Covid-19, como a gente sempre fez”, disse Wilson Lima.

À CENARIUM, o infectologista Nelson Barbosa indicou que ainda é cedo para indicar os riscos da nova variante. Segundo o médico, se a prefeitura ou o governo do Estado optarem pela realização do Réveillon, é preciso ter um controle muito rigoroso do passaporte vacinal.

“Todas as pessoas que forem para esse evento precisam estar com pelos menos as duas doses (da vacina) tomadas, e a dose de reforço se for o caso, e manter as medidas de barreira de prevenção, como álcool em gel, aferição da temperatura na entrada dessas pessoas. Nós já tivemos dois grandes eventos, foram eventos testes e, até agora, não tivemos nenhuma piora da curva, principalmente de óbitos e internação”, finaliza ele.

Também nessa segunda-feira, entrou em vigor a portaria do governo federal que proíbe voos com destino ao Brasil que tenham origem ou passagem por seis países africanos, por conta do surgimento da Ômicron. Com isso, o Brasil está com fronteiras aéreas fechadas para a África do Sul, Botsuana, Eswatini, Lesoto, Namíbia e Zimbábue – a exceção fica apenas para voos com transporte de cargas.

Veja a Ação Popular na íntegra:

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