Mesmo com juros altos, 94% dos consumidores de Manaus vão às compras de Natal
Por: Ana Pastana
15 de novembro de 2025
MANAUS (AM) – Apesar do cenário de juros elevados e renda pressionada, 94% dos consumidores de Manaus (AM) afirmam que pretendem comprar presentes de Natal em 2025, segundo a Pesquisa de Intenção de Compras do Consumidor, divulgada pela Fecomércio-AM no último dia 10 e realizada nos dias 8 e 9 de outubro deste ano, com 1.145 entrevistados no comércio varejista da capital.
Desse total, apenas 6% disseram que não vão às compras neste ano, principalmente por estarem endividados, sem dinheiro ou por priorizarem outras despesas.
Entre os consumidores que não pretendem comprar presentes, 29% afirmaram estar endividados, 28% têm outras prioridades financeiras e 17% estão desempregados. Uma fatia menor, 3%, pretende usar os recursos exclusivamente para quitar dívidas e contas em atraso.

A maioria dos entrevistados (55%) pretende antecipar as compras em pelo menos duas semanas, motivados por promoções e busca por preços mais competitivos, especialmente durante a Black Friday. Outros 37% deixam para a última hora, enquanto 8% só compram na véspera ou no próprio dia 25 de dezembro, movimento tradicionalmente impulsionado pelo recebimento do 13º salário.
Os principais presenteados continuam sendo mães (22%) e filhos, afilhados ou enteados (22%), seguidos por namorados(as) e cônjuges (17%). A lembrança dos pais aparece em apenas 9% das menções.

Quanto ao valor investido, 77% planejam comprar mais de um presente. Entre eles, 38% devem gastar acima de R$ 400, e 46% pretendem investir entre R$ 101 e R$ 300.
Em relação aos itens mais procurados, o vestuário lidera com 32% das intenções de compra, seguido por perfumaria e cosméticos (18%) e acessórios (9%). Brinquedos aparecem com 17%, impulsionados pelo consumo para crianças. No total, o setor de moda e beleza concentra 59% da demanda prevista para o período.
O levantamento também mostra que 94% dos consumidores pretendem comprar presencialmente. Os shoppings são o destino preferido (40%), seguidos pelo Centro da Cidade (37%), lojas de bairro (20%) e hipermercados (3%). No pagamento, o cartão de crédito lidera com 50% das escolhas, seguido pelo Pix (40%) e outras modalidades (10%).

(Divulgação/O Boticário)
Economista avalia
Para o economista Max Cohen, o contingente de 6% que não vai gastar neste Natal não deve influenciar significativamente o desempenho das vendas.
“O que vai determinar o resultado são a quantidade de compras que cada família fará e o valor dos produtos adquiridos. Produtos essenciais costumam ser mais baratos que itens supérfluos ou de luxo. Por isso, o impacto dos 6% é pequeno dentro da contabilidade dos 94% que vão comprar”, afirmou.
Ainda assim, o economista alerta que o fato de a maioria planejar comprar não significa um cenário positivo para o comércio.
“Nós não estamos passando por um momento realmente favorável hoje. O que pesa é a taxa de juros. Semana passada, o Banco Central manteve os juros em 15%. Isso não é bom, nem para as famílias, nem para as empresas. Para as famílias, encarece o crédito, dificulta quitar dívidas e reduz a disposição para comprar. As pessoas compram menos, e as empresas vendem menos. Essa é a perspectiva geral”, explicou Max.
