Mesmo com maioria no MDB, Simone Tebet ainda encontra resistência para ter candidatura consolidada
30 de maio de 2022
(Foto: Reprodução Redes Sociais)
Com informações da Folhapress
BRASÍLIA – Depois de ter a pré-candidatura aprovada pela direção do MDB, Simone Tebet (MDB-MS) encara uma série de desafios para consolidar seu nome na disputa pela Presidência da República.
Levantamento feito pelo jornal Folha de S.Paulo indica que, se a convenção fosse hoje, a candidatura da senadora teria votos suficientes para ser seja aprovada pelo partido.
Para traçar a tendência de votos, a reportagem conversou nos últimos dias com dirigentes estaduais e com delegados, que têm direito a voto no encontro. Atualmente, em pelo menos 19 diretórios há indicação de apoio por unanimidade ou por maioria dos convencionais à candidatura.
A projeção de dirigentes estaduais é que Tebet conseguiria reunir ao menos 65% dos votos na convenção.
No entanto, o cenário pode mudar até o meio do ano, quando ocorrerá a reunião. Alguns líderes de diretórios regionais e políticos do partido apontam que o apoio pode ser revertido, se a candidatura não decolar.
A pré-candidata à Presidência da República do MDB, senadora Simone Tebet (MS). – AFP
O presidente do MDB, deputado Baleia Rossi (MDB-SP), diz que Tebet conta com o apoio de 90% do partido.
Resistência a Tebet
Emedebistas que resitem à senadora e mesmo apoiadores da parlamentar que conhecem bem o partido, porém, dizem que a sigla está dividida e, na convenção, o resultado pode ser mais apertado do que a direção planeja.
Isso porque, no encontro, cada Estado tem um número determinado de delegados, aptos a votar, e cada um deles tem uma quantidade de votos calculada com base no cargo que ocupa na direção estadual e nacional da sigla e suas funções públicas. Ou seja, uma pessoa pode acumular votos.
Ex-presidentes do partido também têm direito a voto. O encontro deverá ser realizado no intervalo entre 20 de julho e 5 de agosto —prazo previsto pelas regras eleitorais.
Entre os principais desafios, Tebet precisará trabalhar para sair do índice de 2% de intenções de voto, segundo a última pesquisa Datafolha, e assegurar que a maioria dos pares a aprovará na convenção do partido.
A própria cúpula do MDB reconhece que a candidatura de Tebet no momento é apenas política, garantindo o apoio para que seja chancelada na convenção. Falta ainda o componente eleitoral.
Caso a senadora não se mostre viável, ganhará força o cenário em que os diretórios fiquem livres para escolher se ligarem ao presidente Jair Bolsonaro (PL) ou ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Aliança com Lula
Essa posição já é defendida principalmente pela ala do MDB que enxerga na aliança com Lula uma chance maior de bons resultados na política local em outubro.
Esse grupo prefere o apoio ao petista porque a aliança com o ex-presidente dá força aos palanques locais, além de aumentar as chances de participação em um eventual governo.
Não seria inédita a situação em que emedebistas apoiam outros candidatos na disputa nacional. Foi assim na eleição de 2018, quando o candidato do partido foi Henrique Meirelles.
Membros de diretórios estaduais do MDB fazem uma comparação entre a candidatura de Meirelles e um possível cenário para Tebet neste ano.
A cúpula do MDB já conta com a resistência à senadora em Estados como Alagoas, Ceará, Amazonas e Paraíba. No entanto, o comando do partido em outras unidades da federação, como Bahia e Sergipe, ainda evita se posicionar publicamente sobre a candidatura de Tebet por ora.
“Pessoalmente, a minha defesa é pelo [ex-]presidente Lula. Mas ainda não tivemos a reunião da comissão estadual”, disse Jackson Barreto, presidente do diretório do partido em Sergipe.
Há Estados, porém, em que a presença tanto de Lula como de Bolsonaro é forte e seus dirigentes preferem candidatura própria para não se comprometerem com uma posição.
O presidente do diretório do Rio, Leonardo Picciani, defende a candidatura de Tebet, segundo aliados, e uma das razões é evitar se comprometer com a polarização.
O Rio tem 26 votos e por lá, a posição na convenção será dividida. Isso porque Picciani tem ascendência sobre uma ala dos convencionais, mas o deputado Washington Reis também tem influência sobre um grupo e deve abrir uma dissidência pró-Bolsonaro na convenção.
Além das divisões internas no Rio de Janeiro, outros Estados apresentam disputa sobre o rumo a ser tomado pelo partido na corrida presidencial.
No Rio Grande do Sul, a maioria dos votos deve ser a favor de Tebet. Mas a ala ligada ao deputado Osmar Terra, que foi ministro de Bolsonaro, tende a rifar a senadora para tentar criar alianças com partidos bolsonaristas.
Há mesmo dirigentes partidários que manifestam publicamente apoio à candidatura, mas reconhecem nos bastidores que seguem discutindo alianças com os outros candidatos e que aguardam para analisar o comportamento de Tebet nas pesquisas.
No Maranhão, a indicação é favorável ao projeto da senadora. Mas o apoio ainda não está cristalizado.
“Somos partidários. Mas é uma candidatura difícil [a de Tebet] e aqui, no Maranhão, a presença de Lula é muito forte. Ele [Lula] pode vencer a eleição aqui com 70% dos votos. Se o candidato não for viável, isso tira nosso entusiasmo”, disse o ex-senador João Alberto Souza, que é um dos delegados do diretório do estado.
O MDB costuma ser um partido dividido e já teve disputas apertadas em convenções.
Em uma delas, em 2006, o ex-governador fluminense Anthony Garotinho foi rifado da disputa pela Presidência da República depois de a convenção optar por não ter candidatura própria.
O placar foi apertado: 303 votos de convencionais a favor de um nome do MDB na disputa, e 351 contrários. Naquela época, o ex-presidente Itamar Franco também queria disputar o Palácio do Planalto.
Em outras convenções, como as de 1998 (quando foi decidido o apoio à reeleição de Fernando Henrique Cardoso, do PSDB) e 1987, as divergências no partido, que se chamava PMDB, resultaram em xingamentos, brigas e agressões.
A convenção para tentar chancelar o nome de Tebet à disputa presidencial ainda não foi convocada.
Terceira via
Além dos embates internos no MDB, a senadora busca o apoio de outros partidos da terceira via em meio a dúvidas sobre o potencial eleitoral de candidatos numa eleição, até o momento, concentrada em Lula e Bolsonaro.
Para ganhar tração na disputa presidencial, o MDB negocia uma aliança com o PSDB. As conversas apontam para os tucanos indicarem um vice na chapa com Tebet após João Doria, ex-governador de São Paulo, desistir de concorrer à Presidência da República na eleição deste ano.
Mas ainda há impasses regionais, como em Pernambuco, onde o MDB tem uma aliança local para apoiar Danilo Cabral, do PSB, apesar da pré-candidatura de Raquel Lyra, do PSDB.
“Nós temos uma aliança consistente com o PSB. Será um prazer ter uma aliança nacional com o PSDB, mas não vejo isso no plano local”, disse o presidente do MDB de Pernambuco e deputado federal, Raul Henry.
O diretório estadual, segundo ele, irá apoiar a campanha presidencial de Tebet com exceção de algumas prefeituras, como em Paulista (PE).
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