Mesmo contra a vontade do ex-presidente, campanha de Lula reforça segurança após dois incidentes

Lula em recente evento em Aracaju (Foto: Ricardo Stuckert/PT)
Com informações da Folha de S.Paulo

RIO DE JANEIRO — Depois de dois incidentes com “penetras”, o comando da pré-campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) inaugurou, na noite desse domingo, 26, estrutura reforçada de segurança para eventos fechados com o petista.

Foram instalados dois pórticos para detecção de metal logo à entrada do restaurante onde Lula e o vice, Geraldo Alckmin (PSB), participaram de jantar com cerca de 200 convidados. Na frente do local, havia pelo menos 15 seguranças.

As novidades foram implementadas apesar das resistências do ex-presidente Lula.

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Além da checagem de nomes em lista, os participantes receberam um pin sem o qual não era possível circular pelas dependências do restaurante, em zona nobre de São Paulo.

Luiz Inácio Lula da Silva em evento ao lado de Geraldo Alckmin, vice de sua chapa
Luiz Inácio Lula da Silva em evento ao lado de Geraldo Alckmin, vice de sua chapa – (Bruno Santos/Folhapress)

Organizadores pediram que convidados deixassem os aparelhos de celular na chegada ao evento.

O jantar serviu de teste para campanha de arrecadação que o PT pretende lançar em julho. Segundo organizadores, o partido arrecadou cerca de R$ 3 milhões com a contribuição de seus participantes, entre advogados e empresários.

O PT lançará um vídeo com pedido de ajuda financeira para a campanha de Lula, cuja previsão de gastos deverá ser de R$ 131 milhões.

Com o lançamento da campanha, o partido tenta mitigar um impasse com deputados federais, dirigentes e puxadores de voto, que, individualmente, reivindicam a liberação de R$ 2,5 milhões do fundo eleitoral para suas campanhas.

Só esses gastos representariam mais de R$ 150 milhões da cota do PT no fundo partidário, que é de pouco mais de R$ 500 milhões.

Outra medida em estudo pela tesouraria do PT é dividir os custos de viagem de Lula com o comitê de campanha dos candidatos a governos estaduais.

A ideia é que, por exemplo, a coordenação de campanha de Alexandre Kalil divida com a coordenação de campanha de Lula os gastos de viagens do ex-presidente a Minas.

Além de agradecimento a apoiadores, o jantar desse domingo, 26, celebrou ainda o lançamento do documentário “Amigo Secreto”, sobre a operação Lava Jato.

A diretora Maria Augusta Ramos foi homenageada no evento, organizado pelo grupo Prerrogativas.

Os cuidados com segurança aconteceram depois de seguidos incidentes. O mais recente aconteceu na própria terça-feira, 21, durante ato de lançamento das diretrizes do programa de governo da chapa Lula-Alckmin.

O discurso de Lula foi interrompido pelo protesto de um bolsonarista que, ao lado de dois outros, driblou o esquema de segurança e entrou no salão onde ocorria o evento, restrito a convidados.

Não havia detectores de metal na entrada do salão. Os cerca de 150 convidados não foram submetidos à revista.

Após passar pelo saguão do hotel e por uma primeira barreira destinada à identificação de jornalistas, o trio foi credenciado com direito a acesso ao salão onde o petista, seu vice e dirigentes partidários participavam do lançamento do esboço do plano de governo.

A abordagem do manifestante, que se aproximou Lula e Alckmin sem que fosse detido por um segurança, provocou um alerta na cúpula petista.

Após o incidente, a necessidade de novos protocolos de segurança foi discutida com o próprio candidato. Foi a segunda vez que a estrutura de segurança foi facilmente burlada. A primeira vez aconteceu no casamento do petista, no dia 18 de maio.

Apesar da exigência de apresentação de um QR Code e de o endereço do local ter sido divulgado no dia da cerimônia, um penetra circulou por pelo menos três horas entre os convidados do casamento.

E, embora os aparelhos celulares dos convidados tenham sido confiscados na chegada ao salão de festas, o desconhecido portava o seu telefone quando foi expulso pelos seguranças.

Incidentes também têm ocorrido do lado de fora dos locais de eventos.

No dia 15, apoiadores de Lula foram atingidos por um líquido de forte odor lançado por um drone que sobrevoou os arredores do Centro Universitário do Triângulo (Unitri), onde horas depois Lula se reuniria com o ex-prefeito Alexandre Kalil (PSD).

Bolsonaristas têm feito cerco à agenda do ex-presidente. No dia 5 de maio, durante viagem a Campinas, eles cercaram o carro em que o petista deixava um condomínio onde tinha almoçado.

Sempre refratário a esquemas mais ostensivos de segurança, Lula tem sido convencido da necessidade de reforçar sua proteção em eventos públicos e restritos. Segundo petistas, sua segurança pessoal também ganhou reforço.

Para os grandes eventos, já há um rígido protocolo. O público é previamente cadastrado pelas delegações de partidos.

Chegando aos estádios e centros de convenções, os participantes são submetidos a detector de metal, passando, em seguida, por uma fila montada segundo ordem alfabética. Identificados, recebem pulseiras de acesso. Nos locais, é proibido o uso de cartazes cujos cabos podem ferir militantes.

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