Militar e bolsonarista, deputado é investigado por ‘rachadinha’ e organização criminosa na ALE-RO

Além de receber de volta parte dos salários de servidores, o grupo nomeava 'fantasmas', fraudava contratos de locação de veículos e licitações para reformas de escolas públicas estaduais (Reprodução/Divulgação)

Iury Lima – Da Revista Cenarium

VILHENA (RO) — O deputado estadual de Rondônia Cabo Jhony Paixão (Republicanos) está sendo investigado por possível envolvimento em um esquema de ‘rachadinha’ na Assembleia Legislativa do Estado (ALE-RO). Além do parlamentar da base militar e apoiador assumido do presidente da República, Jair Bolsonaro, servidores ‘fantasmas’ da Assembleia e processos licitatórios fraudados, que somam mais de R$ 1 milhão em irregularidades, estão sob a mira da ‘Operação Chamado’, que combate crimes de corrupção na casa de leis rondoniense.

Tanto o gabinete do representante, em Porto Velho, quanto a própria residência, em Ji-Paraná (RO), foram alvos de busca e apreensão da Polícia Civil (PC) nesta sexta-feira, 14.

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Ao todo, 150 policiais executam mandados de busca e apreensão contra investigados ligados ao político em Porto Velho e Ji-Paraná. (Polícia Civil/Reprodução)

“As medidas cautelares visam coletar elementos de informação para a investigação de organização criminosa ligada ao deputado estadual, dedicada ao uso de emendas parlamentares em contratações fraudulentas de obras e reformas de escolas estaduais”, informou a PC.

De acordo com a polícia, a operação conta com 150 policiais no cumprimento de 32 ordens judiciais que estão sendo executadas, também, em escolas públicas, residências e empresas privadas de pessoas ligadas ao político.

Prejuízo milionário

Ainda segundo a Polícia Civil, até o momento, “o valor destinado irregularmente, via emendas, somam R$ 1.034.354,00”, mas a estimativa é de que o montante possa ser ainda maior, “considerando a fase de investigação interna de outros recursos e fontes”.

Além disso, a organização também estaria fraudando contratos de locação de veículos, configurando a ‘rachadinha’. Neste caso, para viabilizar o mecanismo, servidores estariam transferindo parte ou quase o valor integral dos salários aos líderes do esquema, que também nomeavam ‘servidores fantasmas’. 

“A Polícia Civil combaterá veementemente a corrupção. Nós não podemos tolerar que este câncer permaneça em Rondônia!”, afirmou o delegado-geral Samir Fouad Abboud, em nota enviada à CENARIUM.  

Deputado nega envolvimento

O deputado estadual Jhony Paixão se manifestou, também, por meio de nota, e negou qualquer participação no esquema, bem como seu possível envolvimento com a organização criminosa. 

Ele afirmou que “se coloca inteiramente à disposição da Justiça para elucidar qualquer fato que seja necessário” e que “está tranquilo quanto a todas as suas ações em sua vida privada e pública”.

Segundo a nota, o parlamentar “ainda não teve acesso aos autos do inquérito”, mas “reafirma seu desejo de que os fatos sejam esclarecidos o mais breve possível, para que não restem dúvidas quanto à idoneidade com que vem atuando no Legislativo Estadual”. “(…) não há nenhum fato que possa macular a sua honra e a da sua família”, finaliza o texto. 

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