Militares vão prestar continência a Lula ou a qualquer outro, diz comandante da FAB

O comandante da FAB, Carlos de Almeida Baptista Junior, em seu gabinete em Brasília (Sargento Bianca Viol/FAB/Divulgação)

Com informações da Folha de S.Paulo

BRASÍLIA – Questionado se irá prestar continência caso o hoje favorito nas pesquisas eleitorais, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ou outro candidato tome o lugar de Jair Bolsonaro (PL) em 2023, Carlos de Almeida Baptista Junior é direto.

“Lógico. Nós prestaremos continência a qualquer comandante supremo das Forças Armadas, sempre”, disse.

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Se a resposta parece óbvia, os três anos de governo do capitão reformado do Exército em que os militares voltaram aos holofotes da política a fazem necessária neste 2022.

Não foram poucos, nesse período, que viram com temor a proximidade das Forças Armadas das ideias autoritárias e golpistas do presidente.

E Baptista não é um militar qualquer. É, desde a crise que derrubou a cúpula da Defesa em abril, o comandante da FAB (Força Aérea Brasileira).

Mais que isso, o tenente-brigadeiro-do-ar sempre é citado nos meios militares como o mais bolsonarista dos três chefes que ascenderam na ocasião. Ele dá de ombros.

“Não sei de onde saiu isso. Esse clichê me foi colocado uma hora depois da minha indicação”, disse à Folha em entrevista no seu gabinete, na quinta-feira passada, 27.

Depois ele sugere a origem: sua atuação nas redes sociais, onde interage com postagens da órbita bolsonarista. “Como comandante da FAB, sempre ratifiquei a posição apartidária da Força. Uma coisa é falar de política, outra é de política partidária”, diz.

Em julho passado, Baptista Junior gerou polêmica ao reforçar a crítica feita por Walter Braga Netto (Defesa) à CPI da Covid. Citando militares investigados no Ministério da Saúde, o presidente da comissão, senador Omar Aziz (PSD-AM), falou em “lado podre” das Forças.

O brigadeiro, que havia coassinado a nota de Braga Netto com os outros dois comandantes, concedeu entrevista ao jornal O Globo dizendo que “homem armado não faz ameaça”. O comandante diz que estava certo.

Sua fala sobre a eleição vem na sequência de um movimento em que Exército e Marinha sinalizaram descolamento de Bolsonaro, como a Folha mostrou recentemente. É uma sinalização institucional a Lula, presidenciável ao qual os militares são mais refratários, e a outros candidatos.

Questionado sobre o fato de que a FAB permite que militares não vacinados contra Covid-19 trabalhem, desde que assinem termos, ele diz os protocolos de saúde são rígidos. Até dezembro, 93% dos 66 mil militares da Força haviam tomado ao menos uma dose, e 65%, as duas.

O comandante também falou sobre a carta na qual anunciou o corte de parte da encomenda da aviões de transporte KC-390 da Embraer, primeira rusga pública da Força com a empresa que foi dela de 1969 a 1994. “A partir de hoje, eu sou o cliente”, afirma.

Veja a entrevista completa aqui.

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