Ministério da Economia diz que Censo de 2021 está cancelado por conta de orçamento

De acordo com Rodrigues, o levantamento foi cancelado devido aos cortes realizados – a pesquisa perdeu 96% do orçamento, que foi reduzido de R$ 2 bilhões para R$ 71 milhões (Reprodução/IBGE)

Com informações do O Globo

BRASÍLIA – O Censo Demográfico de 2021 está cancelado. A confirmação foi feita pelo secretário da Fazenda, Waldery Rodrigues, nesta sexta-feira. “Não há previsão orçamentária para o Censo, portanto ele não se realizará em 2021”, declarou o secretário em coletiva de imprensa sobre a sanção do Orçamento.

De acordo com Rodrigues, o levantamento foi cancelado devido aos cortes realizados – a pesquisa perdeu 96% do orçamento, que foi reduzido de R$ 2 bilhões para R$ 71 milhões.

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“As razões do adiamento foram colocadas no momento em que o Censo não teve o recurso alocados no processo orçamentário. Novas decisões sobre alocação e realização do Censo serão comunicadas”, disse o secretário, que ressaltou que também serão ouvidas as orientações determinadas pelo Ministério da Saúde, em torno de questões sanitárias.

Secretário afasta risco de shutdown

Rodrigues ainda comentou sobre o nível de recursos para o governo gastar com custeio e investimentos ao longo de 2021. Segundo o secretário, o montante para despesas discricionárias é “mais recentemente um valor na ordem de R$ 87 bilhões”, frisando que é preciso somar o montante de quase R$ 17 bilhões em emendas que compõe esse tipo de gasto.

“Esse é um item de elevada atenção e foco, pela preocupação com a exequibilidade, o fato de o Orçamento ser exequível ao longo do ano. Entendemos que, neste momento, não corremos riscos de termos paradas em nenhum dos ministérios”, afirmou o secretário, afastando a possibilidade de um shutdown, a paralisação da máquina pública.

O secretário do Tesouro Nacional, Bruno Funchal, estimou que o mínimo necessário para rodar a máquina pública, em um cenário que desconsidera uma crise como a provocada pela pandemia da Covid-19, é de R$ 65 bilhões.

O risco de paralisação da máquina pública já havia sido alertado por vários economistas, como o pesquisador do Insper Marcos Mendes. Como o GLOBO mostrou, Mendes fez um alerta de que o acordo do governo com o Congresso para a sanção do Orçamento era insuficiente para compensar o buraco e que a negociação aumentava o risco de shutdown, justamente por jogar parte do ajuste fiscal sobre as despesas não obrigatórias para preservar emendas.

Cortes provocaram troca no comando do IBGE

A redução no orçamento da pesquisa já havia provocado mudanças no Instituto Brasileiro de Georgrafia e Estatística (IBGE), responsável por conduzir o Censo.

Susana Guerra, que comandada o instituto, alegou motivos pessoais e  pediu demissão  um dia depois de o Congresso ter reduzido a verba do Censo a R$ 71 milhões. Ela foi substituída por Eduardo Rios Neto, economista e demógrafo que era diretor de pesquisas do IBGE.

Antes disso, o IBGE cancelou a prova para contratar os cerca de 200 mil recenseadores e agentes necessários para visitar os mais de 70 milhões de domicílios brasileiros.

Susana e Rios Neto publicaram artigo no GLOBO defendendo a realização do Censo. “Além de ser um instrumento fundamental para o pacto federativo e a calibragem da democracia representativa, a contagem da população permite a determinação dos públicos-alvo de todas as políticas públicas nos âmbitos federal, estadual e municipal”, escreveram.

O ponto é corroborado por especialistas, que alertam para o risco de um apagão estatístico diante da mais grave crise sanitária mundial do século. A defasagem do Censo, que já dura onze anos, dizem especialistas, pode minar políticas públicas para os próximos anos.

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