Ministério da Saúde alerta para alta em casos de dengue e chikungunya


Por: Ana Cláudia Leocádio

06 de janeiro de 2025

BRASÍLIA (DF) – O Ministério da Saúde (MS) fez um alerta para o possível agravamento da incidência das arboviroses, principalmente dengue e chikungunya, nos primeiros meses deste ano, e fez 25 recomendações aos gestores estaduais e municipais com medidas de prevenção e monitoramento dos casos, que vêm aumentando desde 2024.

O alerta e as recomendações estão na Nota Informativa 3/2025, publicada na última sexta-feira, 3, assinada pela Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente, pelo Departamento de Doenças Transmissíveis e pela Coordenação-Geral de Vigilância de Arboviroses do MS.

Com a troca de gestores neste ano, a nota é direcionada sobretudo aos novos administradores municipais, que precisam realizar o monitoramento constante do cenário epidemiológico, implementar medidas de controle de vetores e preparar as redes de saúde já nos primeiros meses de 2025.

De acordo com o Ministério da Saúde, “a continuidade do fenômeno El Niño em 2025 pode intensificar a situação devido ao impacto no clima e nas condições favoráveis à proliferação do mosquito Aedes aegypti”, transmissor da dengue, zika e chikungunya. “O ano de 2024 mantém as altas temperaturas observadas em 2023, e seus impactos podem ser observados na maior seca histórica do Rio Negro em 122 anos”, enfatiza o documento.

Agente de combate ao vetor da dengue joga água acumulada em vaso de planta (Reprodução/Agência Gov)

Ainda segundo a Nota Informativa, dos nove Estados da Amazônia Legal, seis apresentaram aumento no número de casos prováveis e coeficiente de incidência (casos por 100 mil habitantes) de dengue nas semanas epidemiológicas 27 a 52, em 2024, comparado ao mesmo período de 2023.

O Estado do Amapá registrou o maior crescimento, saindo de 804 registros, em 2023, para 2.915, até 30 de dezembro do ano passado, um aumento de 262,56%, com uma incidência de 332,15 casos por 100 mil habitantes. Em seguida, está o Pará, que registrou 1.512 casos de dengue em 2023, e saltou para 4.301, em 2024, alta de 184,46%. Os demais Estados com elevação de registros foram Roraima (72%), Tocantins (57,01%), Mato Grosso (24,93%) e Acre (1,38%). Amazonas (-13,54%), Rondônia (-53,25%) e Maranhão (-10,58%) apresentaram queda no número de casos.

Chikungunya

Em relação à chikungunya, o Estado do Mato Grosso apresenta o mais elevado crescimento da doença no País, com 4.030 casos, em 2024, contra 159 registrados no ano anterior, um aumento de 2.454,59%, e incidência de 112 casos/100 mil habitantes. Em seguida está Roraima, com aumento de 780% dos casos, depois vem Acre (338,10%), Rondônia (184,62%) e Amapá (115,15%). Os demais Estados da Amazônia Legal, apresentaram queda no registro da doença, em 2024.

As modelagens preditivas do MS indicam ainda uma incidência elevada de casos de arboviroses em Estados como São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Tocantins, Mato Grosso do Sul e Paraná.

O Ministério ressalta a importância da participação da população nas ações de combate e eliminação do mosquito transmissor das arboviroses, pois cerca de 75% dos focos da dengue estão nos domicílios.

Profissional faz inspeção de monitoramento no combate ao mosquito Aedes aegypti (Tomaz Silva/Agência Brasil)
Necessidade de atualização de dados

A Nota Informativa enfatiza que os modelos apresentados trazem margens de incertezas que podem variar para cada Estado, o que requer a atualização periódica e ajustes das variações no decorrer do período epidêmico.

O documento alerta, ainda, para o aumento da circulação do sorotipo 3 da dengue nas últimas semanas de 2024, especialmente no Amapá, São Paulo e Minas Gerais. “Esse sorotipo não tem incidência relevante no País desde 2008. O sorotipo predominante de dengue no Brasil é o 1 (73,4%), seguido do 2 (25,9%). A circulação do tipo 3 pode elevar os casos, pois boa parte da população não possui essa imunidade”, alerta o ministério.

Os modelos apresentados no documento, no entanto, não preveem alterações como a expansão do sorotipo 3 ou mudança da predominância deste. Não prevê, ainda, a emergência de novos vírus como Oropouche, que podem vir a ser notificados como dengue.

Manaus tem decreto para atuar contra arboviroses

Em Manaus, um decreto municipal, assinado pelo prefeito David Almeida, estabelece uma série de ações de combate ao mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, zika e chikungunya. Além disso, prevê a participação integrada de várias secretarias com a Secretaria Municipal de Saúde (Semsa) nas atividades.

Segundo informações da prefeitura, o município de Manaus também dispõe de uma autorização judicial, válida por um ano, para que agentes de saúde possam acessar imóveis fechados, abandonados ou onde haja resistência dos proprietários para verificar possíveis criadouros do mosquito.

O alvará de autorização judicial foi concedido pelo juiz Marcelo Manuel da Costa Vieira, no dia 28 de dezembro do ano passado. Ainda segundo o município, a medida judicial segue a Lei Federal 13.301/2016 e tem como foco principal os bairros críticos para garantir a intensificação do trabalho preventivo.

Levantamento mais recente da prefeitura acendeu o alerta para a situação de alta vulnerabilidade para as arboviroses em 11 bairros, como Tarumã, Redenção e São Jorge, apesar da cidade apresentar um risco médio para o índice de infestação predial de 1,8%.

Agentes de endemias da Prefeitura de Manaus realizam visita a domicílio (Reprodução/Semcom Manaus)

Segundo a Prefeitura de Manaus, a capital registrou 10.600 casos de dengue, em 2024, com 2.636 confirmações e dois óbitos, além de registros de chikungunya e zika. “A meta é visitar e orientar a população em todas as regiões da cidade, especialmente os 11 bairros identificados como de alta vulnerabilidade pelo mais recente Mapa de Vulnerabilidade, conforme último Levantamento do Índice de Infestação por Aedes aegypti (LIRAa)”, informa a prefeitura.

Recomendações do Ministério da Saúde
  • Notificação e monitoramento: casos suspeitos de dengue e chikungunya devem ser notificados imediatamente, e dados inseridos no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan);
  • Investigação de óbitos: óbitos suspeitos devem ser investigados com prioridade para reorganizar fluxos de atendimento e evitar novas fatalidades;
  • Estratégias de controle vetorial: realizar visitas domiciliares, eliminação de criadouros, borrifação residual em áreas de grande circulação e bloqueio da transmissão diante de notificações iniciais;
  • Organização dos serviços de saúde: ampliar horários de atendimento, organizar a atenção básica para manejo de casos leves e garantir leitos para casos graves;
  • Capacitação profissional: atualizar equipes para diagnóstico e manejo clínico de arboviroses.
Orientação à população
  • Fazer uma avaliação rápida em casa: vasos de plantas, calhas, recipientes de água para pets e outros locais que possam acumular água;
  • Buscar atendimento médico imediato ao surgirem sintomas como febre, dores no corpo e nas articulações, sinais de alarme ou gravidade.

Leia a íntegra da Nota Informativa:

Leia mais: Em Manaus, Prefeitura e Fiocruz instalam estações larvicidas para combater o Aedes Aegypti; assista
Editado por Adrisa De Góes
Revisado por Gustavo Gilona

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