Ministério da Saúde começa testagem inédita para hepatite D na Região Norte
01 de agosto de 2024
Testagem (Reprodução/Prefeitura de Feira de Santana)
Ana Cláudia Leocádio – Da Cenarium
BRASÍLIA (DF) – O Ministério da Saúde iniciou, nesta quinta-feira, 1º, a testagem inédita da hepatite D na Região Norte após dados do Boletim Epidemiológico 2024 apontarem que 72% dos casos da doença estão concentrados nesta parte do País.
De acordo com a pasta, a hepatite D pode causar uma das formas mais graves de hepatites virais e é um vírus que depende da presença da infecção pelo vírus da hepatite B (HBV) para contaminar uma pessoa. Da mesma forma que as outras hepatites, a do tipo D pode não apresentar sinais ou sintomas.
O Departamento de HIV/aids, Tuberculose, Hepatites Virais e Infecções Sexualmente Transmissíveis do Ministério recomenda a investigação da infecção pelo vírus da hepatite D porque esta coinfecção é considerada a forma mais grave de hepatite viral em humanos, com maior risco de progressão para cirrose.
Fachada do Ministério da Saúde na Esplanada dos Ministérios (Marcello Casal Jr/ Agência Brasil)
Uma Nota Técnica do Ministério da Saúde estabelece todas as regras para a implantação desse projeto-piloto do exame de carga viral do vírus da hepatite D ou Delta (CV-HDV) no Sistema Único de Saúde (SUS).
O público-alvo do rastreamento são os “indivíduos ou filhos de indivíduos provenientes dos Estados da Região Amazônica (Amazonas, Acre, Roraima, Rondônia, Amapá, Pará, Tocantins, Maranhão e Mato Grosso) ou que possuam algum vínculo epidemiológico com pessoas desses Estados; ou em caso de exacerbação da hepatite B crônica em pacientes com HBV-DNA suprimido sem outra etiologia identificada”.
Segundo a assessoria de comunicação do Ministério, “o rastreamento para a hepatite delta, de acordo com o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Hepatite B e Coinfecções deve ser realizado por meio de imunoensaio laboratorial para a detecção de anticorpos totais anti-HDV (anti-HDV total). Em caso de resultado reagente para anti-HDV total, recomenda-se a realização do exame de carga viral do HDV (CV-HDV) para a complementação do diagnóstico”. Este exame da carga viral (CV-HDV) começou a ser ofertado pelo SUS a partir desta quinta-feira, 1º de agosto.
O exame para detecção da carga viral da hepatite D, ressalta a pasta, será realizado de maneira centralizada, em parceria com laboratório da Fiocruz de Rondônia e a Fiocruz-Rio de Janeiro e estará disponível para solicitações de todo o Brasil, desde que siga os critérios de solicitação descritos na nota técnica. A implantação desse projeto piloto no SUS terá um investimento de R$ 220 mil. As amostras são recolhidas pelos laboratórios locais, enviadas aos laboratórios centrais (Lacens), que ficarão responsáveis pelo envio ao laboratório da Fiocruz em Porto Velho.
O objetivo com esse projeto-piloto, segundo o ministério, é “disponibilizar testes de diagnóstico e monitoramento para essa infecção no país, preenchendo uma lacuna histórica no acesso ao diagnóstico, acompanhamento e tratamento. A expectativa é alcançar a totalidade das pessoas infectadas”. Após o diagnóstico, os pacientes serão encaminhados ao tratamento e deverão seguir os protocolos de testagem até que estejam curados da doença.
Norte concentra 72% dos casos
Segundo o novo Boletim Epidemiológico de Hepatites Virais 2024, de 2000 a 2023, foram notificados mais de 785 mil casos no Brasil, sendo 40,6% do tipo C, 36,8% do tipo B, 21,8% do tipo A e 0,6% de hepatite D.
Na Região Norte, foram 42,7 mil casos de hepatite A (25%), 41,9 mil de hepatite B (14,5%), 11,7 mil do tipo C (3,7%) e 3,2 mil de hepatite D, que corresponderam a 72% de todos os casos registrados no país. O Amazonas concentrou quase 40% dos registros (1,7 mil casos), seguido do Pará, com 23% (1 mil).
Segundo o Boletim, somente em 2023, foram mais de 28 mil novos casos, sendo 7,3% de hepatite A, 35,4% de hepatite B e 56,7% de hepatite C. Ao longo da séie histórica, do total de casos de hepatite D, 62,8% dos registros estavam entre pessoas autodeclaradas pretas ou pardas, seguidos de 17,3% brancas, 6,6% indígenas e 1,3% amarelas.
SUS oferece testes rápidos e vacinas
O Ministério da Saúde alerta que as hepatites virais atingem o fígado, causando alterações leves, moderadas ou graves. Na maioria das vezes são infecções silenciosas, sem aparentes sintomas. Quando presentes, elas podem se manifestar com cansaço, febre, mal-estar, tontura, enjoo, vômitos, dor abdominal, pele e olhos amarelados, urina escura e fezes claras. O SUS disponibiliza testes rápidos e de confirmação para as hepatites B e C, bem como os respectivos tratamentos.
As vacinas contra hepatite A e B fazem parte do calendário nacional. A vacina da hepatite A tem esquema de uma dose aplicada aos 15 meses de vida, e também está disponível nos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIE) com duas doses para pessoas acima de 1 ano de idade com determinadas condições de saúde.
Para a vacina da hepatite B, a recomendação é que se façam quatro doses da vacina, sendo uma ao nascer (vacina Hepatite B), e aos 2, 4 e 6 meses de idade (vacina Pentavalente). Para a população adulta, o esquema completo deve ser de três doses.
Para pessoas acima de 20 anos, que não sabem se tomaram as três doses para hepatite B, é preciso procurar um posto de saúde para fazer o teste. O Ministério da Saúde recomenda que todas as pessoas com mais de 40 anos façam o teste.
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