Ministério Público de Rondônia entra com ação contra redução de unidades de conservação


24 de maio de 2021
Ministério Público de Rondônia entra com ação contra redução de unidades de conservação
Brasil quer mostrar ações ambientais na COP26 (Secom/Governo de Rondônia)

Com informações da FolhaPress

MANAUS – O Ministério Público de Rondônia (MP) protocolou nesse domingo, 23, uma Ação Direta de Inconstitucionalidade contra a lei sancionada pelo governador Coronel Marcos Rocha (sem partido) que retira e privatiza 219 mil hectares de unidades de conservação estaduais.

Segundo o MP, a desafetação fere o artigo 225 da Constituição, que prevê “direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado” e confere maior proteção à Amazônia por se tratar de patrimônio nacional.

Ecoando o parecer da Procuradoria-Geral do Estado, também contrário à lei, o MP afirma que a redução da Reserva Extrativista (Resex) Jaci-Paraná e do Parque Estadual (PES) Guajará-Mirim não foi precedida de estudos técnicos e de consultas às populações afetadas, além trazer o risco de etnocídio para povos indígenas.

Na quinta-feira, 20, o próprio Rocha assinou uma mensagem à Assembleia Legislativa vetando a lei, chamando-a de “maior retrocesso ambiental da história de Rondônia”. Horas depois, ele mudou de ideia, retirou a mensagem do Diário Oficial do Estado e a substituiu pela sanção das reduções, além de criar cinco unidades de conservação de forma compensatória.

Procurado pela reportagem, o governador, um aliado fiel do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), até agora não se pronunciou sobre por que decidiu sancionar a lei.

Na prática, a lei representa o fim da Resex Jaci-Paraná, que perdeu 88% do seu território e agora se restringe às matas ciliares, áreas já protegidas pela legislação federal. Nas últimas décadas, a região foi invadida por grileiros e fazendeiros, e hoje tem cerca de 120 mil cabeças de gado, apesar de pecuária ser uma atividade proibida em reservas extrativistas.

A Resex Jaci-Paraná é uma das unidades de conservação mais desmatadas do país, com 55% de sua área devastada. Praticamente toda a destruição de 113.375 hectares de floresta nativa ocorreu após a sua criação, em 1996.

No PES Guajará-Mirim, a redução de 50 mil hectares inclui uma área de mata nativa vizinha à Terra Indígena (TI) Karipuna, já invadida por madeireiros e grileiros. Os indígenas, que não foram consultados, temem que a mudança aumentará a pressão sobre o seu território.

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