Ministra Nísia Trindade reforça compromisso com saúde indígena em Roraima
Por: Ian Vitor Freitas
14 de janeiro de 2025
BOA VISTA (RR) – A ministra Nísia Trindade, realizou nessa segunda-feira, 13, uma visita ao Estado de Roraima para verificar ações desenvolvidas na região focadas na saúde indígena. A programação contou com diversas reuniões estratégicas e visitas a unidades de saúde que prestam assistência à população Yanomami.
Na oportunidade, ela começou as atividades na Casa de Governo, onde ocorreu uma reunião com o novo coordenador do Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) Yanomami, Mauricio Ye’Kwana e outras lideranças indígenas. Além disso, a ministra também visitou a Unidade de Retaguarda dos Povos Indígenas de Roraima, no Hospital Universitário do Estado, a Casa de Saúde Indígena Yanomami e finalizou com uma reunião no escritório regional da Agência Brasileira de Apoio à Gestão do Sistema Único de Saúde (AgSUS).

A ministra reforçou alguns desafios que continuam sendo enfrentados no território e que afetam a saúde dos povos indígenas. Uma das medidas adotadas está relacionada com um novo modelo de gestão da saúde indígena, estabelecido com as lideranças indígenas a partir dos impactos na região.
“Entre os desafios de hoje, temos, por exemplo, no sentido de manter a desintrusão, que alcançamos 92%, e os problemas de saúde são reflexos de questões ambientais e sociais. Temos que aumentar a assistência, contratamos 1.700 profissionais de saúde, desde o agente de saúde indígena até o médico, que são 40, do Programa Mais Médicos. Isso é um recorde histórico, nunca teve tantos profissionais do ‘Mais Médicos’ para esse atendimento”, destacou.
Durante as visitas, Nísia Trindade contou com a companhia da ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara e do governador do Estado, Antônio Denarium.
Malária e desnutrição dos Yanomami
Outro tema abordado durante a visita da ministra em Roraima foi sobre os casos de malária e desnutrição dos povos indígenas Yanomami.
Conforme o Governo Federal, em meados de 2023, equipes do Ministério da Saúde foram deslocadas para a região e se depararam com crianças e idosos em estado grave de saúde, com desnutrição acentuada, além de muitos casos de malária, infecção respiratória aguda, entre outras doenças.
“Importante falarmos hoje sobre a malária em crianças, porque a medicação é diversa, então estamos atuando na prevenção, através do uso de biolarvicida, mosqueteiros e de borrifações. Sabemos que em função de todo o impacto do garimpo aumentou muito a malária na região. Estamos fazendo diagnóstico precoce com os testes rápidos. Avançamos muito na questão da nutrição, mas isso tem que ser um cuidado permanente”, relatou a ministra.
Confira parte das ações do Ministério da Saúde em assistência aos Yanomami:
- Reabertura de 7 Polos Base garantiu a redução substancial do vazio assistencial no território Yanomami, assegurando o pleno funcionamento dos 37 Polos Base existentes;
- Com a construção de 6 novas Unidades Básicas de Saúde Indígena (UBSI), o território passa a contar com 40 unidades, somando 77 estabelecimentos de saúde em operação;
- Número de profissionais de saúde saltou de 690 para 1.759 – 1.069 profissionais contratados;
- Saúde Digital: em agosto de 2024, foi realizada a primeira teleinterconsulta em Território Yanomami.
Obras da Unidade de Retaguarda a Saúde dos Povos Indígenas
Segundo a ministra, a visita é vista de forma muito positiva para o Governo Federal, que serve para acompanhar o processo e o progresso de Roraima com os povos indígenas. Ela destacou ainda a implantação de novos programas e as obras da Unidade de Retaguarda a Saúde dos Povos Indígenas do Hospital Universitário da Universidade Federal de Roraima (UFRR). A primeira etapa do projeto deve ser entregue em fevereiro de 2025.
“Estamos implementando o Programa Mais Acesso a Especialistas que é um programa do Governo Federal. Para esse programa, as residências e os egressos da residência terão papel muito importante. Eu queria assim, ressaltar que aqui nós temos um espaço que será referência para o Brasil, então é importante para Roraima, mas será muito importante para o País como um todo e até mesmo para outros países, que lidam com a questão indígena”, disse.

Inicialmente a previsão é que a unidade tenha 36 leitos, destinada exclusivamente ao atendimento dos povos indígenas. O setor fica localizado dentro do Hospital Universitário da UFRR. Os leitos estarão distribuídos em 12 enfermarias, sendo quadruplas e duplas, assim como os isolamentos respiratórios.
A ideia do projeto é criar um hospital que atenda os povos indígenas, permitindo o direito de realizarem rituais e crenças, bem como a pajelança, fortalecendo a história e a cultura dos povos originários.