Ministra Sonia Guajajara é eleita presidente do Fundo para o Desenvolvimento dos Povos Indígenas


29 de maio de 2024

Da Revista Cenarium*

MANAUS (AM) – Pela primeira vez, o Brasil assumiu a presidência do Fundo para o Desenvolvimento dos Povos Indígenas da América Latina e do Caribe (Filac). A ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, foi eleita presidente representando o governo do Brasil. O Filac abriu sua 17ª Assembleia Geral Ordinária, na última segunda-feira, 27, e encerrou nesta quarta-feira, 29, na cidade de Caracas, Venezuela.

Com o tema “Rumo a um novo diálogo intercultural para a vida a partir da sabedoria dos povos indígenas”, delegações indígenas e governamentais de Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Cuba, Equador, Espanha, Guatemala, Honduras, México, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Peru, Portugal, Uruguai e Venezuela participaram das reuniões preparatórias que nortearam as deliberações da Assembleia Geral.

Na segunda-feira, 27, houve consultas paralelas entre os Povos Indígenas e o Governo com estabelecimentos de acordos e recomendações relevantes para o biênio 2024-2026, além da apresentação das diretrizes de planejamento do Filac até o ano de 2035. É a entidade que define estratégias para o Plano de Ação Ibero-Americano para a Implementação dos Direitos dos Povos Indígenas por meio do fortalecimento da sua economia como alternativa, visando garantir o futuro com sustentabilidade e preservação do meio ambiente.

As contribuições dos povos indígenas para a Cúpula do Futuro, a Agenda 2030 e a revitalização e preservação das línguas indígenas, no âmbito da Década Cultural, foram reconhecidas como essenciais.

Reunião do Fundo para o Desenvolvimento dos Povos Indígenas da América Latina (Ascom/MPI)

São 476 milhões de indígenas no mundo espalhados por 90 países. Essa quantidade é quase o dobro da população do Brasil, três vezes a população da Rússia e cinco vezes a população da Alemanha. São comunidades que possuem terras, territórios e recursos tradicionais que contêm 80% da diversidade biológica mundial. Na América Latina e no Caribe, 58,2 milhões de indígenas ocupam 20% das terras mais bem preservadas.

São regiões com uma rica biodiversidade com práticas tradicionais, conhecimentos e saberes que proporcionam uma alta resiliência diante de crises climáticas, alimentares e até econômicas. “Nesta crise global do clima, milhares de povos indígenas em todo o mundo enfrentam com coragem e sabedoria milenar porque não destroem o meio ambiente”, disse a ministra.

Sonia citou a tragédia no sul do País, ressalvando que, apesar das muitas dores e perdas, não houve ocorrências de indígenas mortos e catástrofes mais drásticas nas aldeias, já que elas acabam sendo barreiras naturais para as enchentes por ter o território preservado.

Eleição da nova diretoria

Na 17ª Assembleia foi eleita a nova Diretoria da entidade para o período 2024-2026, conforme estabelece o Acordo Constitutivo. Os países eleitos para a composição 2024 – 2026 foram Brasil, Nicarágua e Espanha. A presidência foi do governo do Brasil com a eleição de Sonia Guajajara, ministra dos Povos Indígenas, Mirna Kain da Nicarágua e Laura Oroz, da Espanha.

“Vamos nos unir como diretoria do Filac por meio de um processo de diálogo, cooperação e tomada de decisões conjuntas. Essa colaboração é essencial para garantir que as políticas e ações do fundo sejam equitativas, inclusivas e alinhadas com as necessidades e aspirações dos povos indígenas na América Latina e no Caribe”, afirmou a nova presidente. Para Sonia, “a colaboração entre representantes de governos e indígenas na diretoria do Filac vai permitir a construção de um futuro justo, sustentável e inclusivo para todos”.

Ministra Sonia Guajajara (Rafa NeddermeyerAgência Brasil)

Sonia Guajajara adiantou que sua gestão será pautada por alguns eixos:

“Negociação e Consenso: vamos reunir os representantes de governos e indígenas para discutir questões como alocação de recursos, projetos e estratégias para melhores abordagens e soluções.

Compartilhamento de Experiências: os representantes de governos vão compartilhar experiências de políticas públicas, programas e iniciativas em seus países para enriquecer o debate e ajudar a identificar boas práticas.

Respeito à Autonomia Indígena: os representantes de governos reconhecem a autonomia dos povos indígenas em suas decisões e prioridades, trabalhando em parceria, respeitando os conhecimentos tradicionais e as formas de organização das comunidades.

Promoção de Direitos: Vamos lutar juntos pela implementação dos direitos indígenas, como o acesso à terra, saúde, educação e preservação cultural para fortalecer a defesa desses direitos em nível regional e internacional.”

(*) Com informações da Assessoria
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