Ministra suspeita que incêndios em SP são orquestrados como o ‘Dia do Fogo’ na Amazônia
26 de agosto de 2024
Visita da ministra e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à sede do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) (Reprodução/Governo federal)
Ana Cláudia Leocádio – Da Cenarium
BRASÍLIA (DF) – A ministra do Meio Ambiente e da Mudança do Clima, Marina Silva, suspeita que os recentes incêndios no interior de São Paulo são resultados de ataques coordenados como os impetrados por fazendeiros no Pará, em 2019, no que ficou conhecido como o “Dia do Fogo”. A declaração ocorreu durante visita da ministra e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à sede do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
Na sede do órgão, em Brasília, no Distrito Federal, funciona o Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (Prevfogo), responsável pelo monitoramento dos focos de incêndios em todo o território nacional.
O Dia do Fogo, mencionado por Marina Silva, foi marcado por uma série de incêndios criminosos, em agosto de 2019, no Pará. A Polícia Federal (PF) descobriu posteriormente que houve combinação, por meio de redes sociais, para incêndios florestais concomitantes nos municípios de Altamira e Novo Progresso, Sudoeste do Estado.
A ministra suspeita que esteja ocorrendo no interior paulista o mesmo movimento. “Em São Paulo não é natural, em hipótese alguma, que em poucos dias tenham tantas frentes de incêndio envolvendo vários municípios. Mas, obviamente que isso as investigações vão dizer”, ressaltou, acrescentando que toda a ação criminosa será punida com o rigor que a lei oferece.
O diretor-geral da Polícia Federal (PF), Andrei Rodrigues, disse que espera concluir no menor período de tempo os inquéritos, tanto de São Paulo, quanto do Pantanal e Amazônia, para trazer esclarecimentos sobre as situações em que ocorreram os incêndios. Rodrigues informou que incêndio é dano ambiental, que dever ser apurado pela PF, usando imagens de satélite do Ministério da Justiça para ajudar nas investigações.
Investigações
A visita de Lula e da ministra ao Ibama ocorreu após o aumento de queimadas no estado de São Paulo, de onde o presidente retornou no fim de semana. A situação paulista fez o governo federal mobilizar as Forças Armadas, que disponibilizaram o avião KC-390 Millennium, operado pelo Primeiro Grupo de Transporte de Tropa (1º GTT) para auxiliar no combate às queimadas no interior do estado.
Em uma mensagem na rede social X, Lula disse que o presidente do Ibama afirmou não haver, até agora, nenhum incêndio detectado por causas naturais. “Significa que tem gente colocando fogo de maneira ilegal, uma vez que todos os estados do país já estão avisados e proibiram uso de fogo de manejo. Já são cerca de 3 mil brigadistas em todo o Brasil trabalhando para combater os focos de fogo. A Polícia Federal vai investigar e o governo vai trabalhar com os estados no combate aos incêndios”, disse o presidente.
Lula reproduziu uma declaração da ministra Marina em que afirma: “mesmo que o governo federal e os governos dos estados coloquem todo o seu efetivo no combate aos incêndios, é necessário que as pessoas parem de colocar fogo, senão vão prejudicar a saúde e a vida das pessoas e dos animais. É um apelo que fazemos.”
Ao final, Marina também anunciou que a PF e as polícias estaduais iriam começar a investigar os responsáveis pelos incêndios ilegais na região amazônica, como já está ocorrendo no Pantanal. Neste domingo, a ministra informou que já foram abertos 31 inquéritos entre Amazônia e Pantanal e dois no estado de São Paulo.
“Em todas as situações em que há suspeita de incêndio criminoso, o que está acontecendo no Pantanal, na Amazônia e, possivelmente esse processo que se desencadeou em São Paulo, está sendo feita uma investigação”, afirmou a ministra, na sede do Ibama.
Marina Silva também falou do desafio de se combater fogo na região amazônica. “No caso da Amazônia, os esforços são enormes que estão colocados. Diferentemente do Pantanal, que é uma área aberta, como o senhor viu, na Amazônia são árvores de 30, 40 metros de altura com até três metros de diâmetro. Imagine o que é fazer o combate numa região como essa. No caso de São Paulo, a mesma coisa, propagação rápida porque são áreas abertas com cana”, explicou a ministra.
Multiagências na Amazônia
Para o combate aos incêndios na Amazônia, as medidas apresentadas após a reunião com os governadores, na última quarta-feira, 21, foram a instalação de três multiagências, que vão reunir todos os órgãos federais e estaduais para atuarem em conjunto no combate às queimadas. Uma será instalada entre Porto Velho e Humaitá, no Amazonas; a segunda em Apuí, no sul do Amazonas, e a outra em Novo Progresso, no Pará.
O MMA constatou que 21 municípios concentram 50% dos incêndios, a maioria localizados nessa área sul do bioma. De janeiro a agosto, esse grupo registrou mais de 22 mil focos de incêndio. A maior parte ocorre no entorno das BRs 163, 230 e 319, segundo a ministra.
O secretário extraordinário de Controle do Desmatamento e Ordenamento Ambiental Territorial do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, André Rodolfo de Lima, explicou que um terço desse fogo na Amazônia ocorre em área de pasto, outro terço em área de agricultura e, o último terço, em área de floresta, o que eleva mais a preocupação.
“Nessas três regiões nós vamos intensificar as ações sobre esses focos de incêndio, muito provavelmente a maioria deles, senão a totalidade deles, sem autorização”, completou.
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