Ministro afasta delegado de investigação sobre interferência de Bolsonaro na corporação

Ministro do STF, Alexandre de Moraes é alvo de pedido de impeachment do presidente Jair Bolsonaro (Jorge William/Agência O Globo)

Com informações do Infoglobo

BRASÍLIA (DF) – O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes decidiu afastar o delegado da Polícia Federal (PF) Felipe Leal da condução do inquérito que apurava suposta tentativa de interferência indevida do presidente Jair Bolsonaro na corporação.

O delegado havia sido designado para conduzir a investigação pelo próprio ministro, em julho. Mas, em despacho proferido nesta sexta-feira, 27, Moraes apontou que Felipe Leal determinou a realização de diligências que investigariam atos do atual diretor-geral da PF Paulo Maiurino e que, portanto, estariam fora do escopo inicial da investigação.

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“Não há, portanto, qualquer pertinência entre as novas providências referidas e o objeto da investigação”, escreveu o ministro.

Ao retomar o prosseguimento do inquérito, o delegado Felipe Leal havia solicitado cópia de processos administrativos referentes a atos de gestão de Maiurino, como a exoneração do delegado Alexandre Saraiva do comando da Superintendência da PF do Amazonas depois que ele apresentou notícia-crime contra o então ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles. O delegado também pediu informações sobre investigações abertas na Procuradoria-Geral da República (PGR) a respeito da produção de relatórios da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para orientar a defesa do senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ).

“O presente inquérito foi instaurado, a pedido da Procuradoria-Geral da República, para apuração de supostos fatos noticiados em pronunciamento do ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Fernando Moro, iniciado às 11h do dia 24 de abril de 2020, no auditório Tancredo Neves, localizado no Palácio da Justiça, edifício-sede do Ministério da Justiça e Segurança Pública, imputando a prática de ilícitos ao presidente da República”, escreveu o ministro.

Para Moraes, as novas diligências resultariam na investigação de atos da atual gestão do diretor-geral da PF Paulo Maiurino e que isso fugiria do escopo do inquérito.

O delegado Felipe Leal chefiava o Serviço de Inquéritos (Sinq) da PF, núcleo de investigações contra políticos com foro privilegiado, e foi retirado do cargo por Maiurino, quando ele assumiu a direção-geral. Apesar de afastado da área, Moraes havia determinado, em julho, que Felipe Leal continuasse à frente do inquérito. Agora, o ministro determinou que a atual direção da PF designe um novo delegado para o caso.

A determinação de Moraes foi vista, nos bastidores da PF, como uma sinalização favorável do ministro ao atual diretor-geral Paulo Maiurino. Isso porque, agora, caberá a sua gestão definir a equipe que conduzirá o inquérito sobre as supostas interferências de Bolsonaro na corporação.

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