Ministro da Saúde anuncia compra de 150 mil ampolas de antídoto contra metanol
Por: Fred Santana
03 de outubro de 2025
MANAUS (AM) – O Ministério da Saúde anunciou a compra emergencial de 150 mil ampolas de etanol farmacêutico para reforçar os estoques de Estados e municípios no tratamento de vítimas de intoxicação por metanol. Ao mesmo tempo, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) abriu um chamamento internacional para viabilizar a importação do Fomepizol, um antídoto mais moderno e seguro, ainda não registrado no Brasil.
A medida ocorre após a notificação de 59 casos suspeitos e confirmados de envenenamento, com ao menos uma morte já confirmada. Em coletiva de imprensa, o ministro Alexandre Padilha confirmou 11 casos por meio de detecção laboratorial da presença do metanol por um Centro de Informações Estratégicas e Resposta de Vigilância em Saúde (Cievs).
“Determinamos a compra emergencial de 150 mil ampolas de etanol farmacêutico para reforçar estados e municípios no tratamento de vítimas. A Anvisa também acionou produtores e agências internacionais para adquirir Fomepizol, outro antídoto usado em casos de intoxicação”, declarou o ministro.

O ministro Alexandre Padilha explicou que o etanol farmacêutico será distribuído de forma estratégica para garantir resposta rápida em unidades de saúde. Apesar de soar contraditório, o etanol atua competindo com o metanol pelas enzimas do fígado, retardando a transformação da substância em compostos tóxicos que causam cegueira, falência de órgãos e morte. O governo federal estima distribuir cerca de 5 mil tratamentos completos a partir da aquisição.
A aposta, no entanto, é no Fomepizol, considerado mais eficaz e de aplicação simples. O medicamento bloqueia diretamente a ação da enzima responsável por metabolizar o metanol, evitando a formação de substâncias letais. Por não ter registro no País, a Anvisa acionou fabricantes internacionais e agências reguladoras para acelerar a importação.
O Fomepizol (ou 4-metilpirazol) atua inibindo de forma mais direta e seletiva a enzima álcool desidrogenase – essencialmente bloqueando a conversão do metanol em seus metabólitos tóxicos. É considerado mais seguro, de uso mais simples e com menor risco de efeitos adversos comparado ao uso de etanol.