Ministro do STJ decide manter prisão de envolvidos em fraude na Saúde do Amazonas

Detidos pela segunda fase da Operação Sangria no momento em que chegavam para se apresentar às autoridades no último dia 8 de outubro (Revista Cenarium/ Ricardo Oliveira)

Mencius Melo – Da Revista Cenarium

MANAUS – Em nota publicada pela Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap), foi confirmada a manutenção das prisões temporárias dos cinco envolvidos em possível crime de prática de corrupção na Secretaria de Saúde do Amazonas. A decisão foi tomada nessa segunda, 12, pelo ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Francisco Falcão.

Os detidos são alvo da Operação Sangria, da Polícia Federal, e deverão permanecer por mais cinco dias encarcerados. Entre eles estão quatro homens e uma mulher: Rodrigo Tobias de Souza Lima, Dayana Priscila Mejia de Sousa, Ronaldo Gonçalo Caldas Santos, Luiz Carlos Avelino Junior e Gutemberg Leão Alencar.

PUBLICIDADE

A operação da PF vem na esteira das ações provocadas pela pandemia da Covid-19, que permitiu uma ‘abertura’ do Estado para compras em caráter de urgência. No caso do Amazonas, foram as compras de 28 ventiladores pulmonares no valor de R$ 2,9 milhões. A negociação chamou atenção por ter sido realizada entre o Estado e uma loja de vinhos.

Arquitetura

De acordo com as investigações, o esquema foi organizado a partir da divisão do trabalho. A cada um dos cinco presos pela Policia Federal, coube um papel dentro da arquitetura do crime envolvendo verbas da secretaria de saúde. Segundo o que apuraram as investigações, todos eles tiveram função na arquitetura do desvio.

A Rodrigo Tobias de Souza Lima, que é ex-secretário de saúde, coube fazer a ‘ponte’ na estrutura da Secretaria de Saúde para aquisição dos ventiladores. Para a PF, ele é fio condutor já que tinha de como contaminar o modus operandi do processo licitatório para compra dos ventiladores. Tobias sabia como superfaturar os equipamentos, segundo a PF.

Única mulher a participar do esquema, Dayana Priscila Mejia de Souza, é ex-subsecretária de atenção à saúde em Manaus. Segundo as investigações, ela fez o trabalho de checagem e montagem do esquema de aquisição dos aparelhos pulmonares juntos à empresa Sonoar. Que mais tarde viria a se saber, tratar-se de uma empresa próxima ao governo.

Partes do tabuleiro

Completam o tabuleiro, Guttemberg Leão Alencar que é ex-policial militar e foi coordenador da campanha de Wilson Lima no interior. Guttemberg foi apontado como o responsável por estreitar as relações com a loja de vinhos do empresário Fábio Passos, que forneceu os respiradores. A negociação chamou atenção da opinião pública.

Já a Ronald Gonçalo Caldas Santos, engenheiro clínico da secretaria de saúde do Amazonas, coube negociar a aquisição dos respiradores superfaturados. Segundo a Polícia Federal, Ronald teve participação importante porque foi quem tratou com a sócia da Sonoar. O engenheiro sabia do superfaturamento dos produtos.

Por último está Luiz Carlos Avelino Junior, que de acordo com as investigações é sócio oculto da empresa Sonoar desde 2019. No tabuleiro do esquema a Sonoar vendeu para a loja de vinhos, que vendeu para o Estado e assim ocorreu o superfaturamento dos respiradores. Ainda de acordo com as autoridades, Avelino foi administrador direto da Sonoar nos primeiros meses de 2020.

PUBLICIDADE

O que você achou deste conteúdo?

Compartilhe:

Comentários

Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site. Se achar algo que viole os termos de uso, denuncie. Leia as perguntas mais frequentes para saber o que é impróprio ou ilegal.