Ministro dos Portos lança pacote naval de R$ 1,7 bilhões e cita BR-319 em visita a Manaus
Por: Fred Santana
29 de setembro de 2025
MANAUS (AM) – O ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, anunciou nesta segunda-feira, 29, em Manaus, investimentos de R$ 1,7 bilhão do Fundo da Marinha Mercante (FMM) para a construção de 188 embarcações no Amazonas. As obras, que estarão sob responsabilidade das empresas LHG Mining e Hermasa, têm previsão de gerar dez mil empregos diretos e indiretos, além de fortalecer a economia de povos tradicionais com renda e infraestrutura logística.
Durante a cerimônia realizada no Estaleiro Juruá, o ministro acompanhou a entrega das primeiras balsas de minério de ferro construídas pela LHG Mining. O projeto prevê a construção de 128 embarcações no Estado, com investimento de R$ 1,36 bilhão financiado pelo FMM. A empresa, no total, construirá 400 barcaças e 15 empurradores em quatro Estados brasileiros – Amazonas, Bahia, Pará e São Paulo – somando R$ 4,3 bilhões em investimentos.

A Hermasa, por sua vez, será responsável pela produção de 60 balsas graneleiras e dois empurradores. Os modelos incluem versões com capacidade de até 2 mil toneladas. O aporte financeiro para essa etapa é de R$ 384,3 milhões, também com recursos do Fundo da Marinha Mercante.
Segundo o ministro, a expansão da navegação fluvial contribui para reduzir custos logísticos no País, diminuindo a dependência do transporte rodoviário e evitando a sobrecarga de estradas. Cada comboio, formado por 16 barcaças, é capaz de transportar 50 mil toneladas de minério, o equivalente ao deslocamento de 1.250 caminhões. Essa estratégia também está alinhada à agenda de descarbonização do governo federal, por reduzir emissões de gases de efeito estufa e fortalecer alternativas sustentáveis para o escoamento da produção.
Além do anúncio em Manaus, Silvio Costa Filho inaugurou o porto fluvial do município amazonense de Envira e anunciou obras de modernização da instalação portuária de Eirunepé (AM). Ele destacou ainda que, desde 2023, já foram priorizados R$ 70 bilhões do FMM em projetos, número três vezes superior ao aprovado entre 2019 e 2022. Desse montante, mais de R$ 25 bilhões já foram contratados em crédito, contemplando também projetos da Petrobras.

O ministro ressaltou a importância estratégica do Amazonas no planejamento logístico nacional e reforçou a prioridade do governo federal em avançar com obras de infraestrutura. Em pronunciamento, ele citou a duplicação da BR-319, rodovia que liga Manaus a Porto Velho, como pauta integrada à política de transporte multimodal, que busca fortalecer a posição da região como um hub logístico de alcance nacional.
De acordo com dados da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), a navegação interior é responsável por mais de 90% da movimentação de cargas no Amazonas, com destaque para grãos, combustíveis e minério. Em 2023, os portos do Estado movimentaram cerca de 18 milhões de toneladas de cargas, consolidando a hidrovia do Rio Amazonas como uma das mais relevantes para o comércio e a produção nacional.
Balsa dos irmãos Batista
O ministro aproveitou sua agenda no Amazonas para a entrega das primeiras balsas de minério de ferro do projeto da LHG Mining, no estaleiro Juruá, em Iranduba. As embarcações fazem parte de um investimento de R$ 1,7 bilhão do Fundo da Marinha Mercante destinado à construção de 188 unidades no Estado, com o objetivo de fortalecer a logística fluvial e reduzir o transporte rodoviário.
Cada balsa integra um comboio capaz de transportar 50 mil toneladas de minério, o equivalente a mais de mil caminhões, reforçando a estratégia de escoamento da produção de forma mais sustentável e eficiente.
A entrega dessa balsa é parte de um programa mais amplo da LHG Mining, que prevê a construção de centenas de embarcações no Amazonas e em outros Estados, como Bahia, Pará e São Paulo. O investimento total do projeto soma bilhões de reais e busca criar empregos e gerar renda para a população ribeirinha, além de modernizar os portos e estimular o desenvolvimento da navegação interior.
Wesley e Joesley Batista, controladores do grupo J&F, são os empresários responsáveis pela LHG Mining. Eles possuem ampla atuação nos setores de alimentos, agronegócio, energia e mineração. No âmbito da mineração, o grupo adquiriu empresas e minas de ferro e manganês, consolidando sua presença no transporte fluvial de minérios. Além disso, o conglomerado tem participado de projetos de energia e infraestrutura, reforçando sua estratégia de diversificação e expansão em diferentes setores da economia brasileira.
Os irmãos estiveram envolvidos em escândalos ao longo dos últimos anos, principalmente relacionados ao grupo J&F e à JBS. Entre os episódios mais conhecidos estão investigações por corrupção, delações premiadas que implicaram políticos de alto escalão, manipulação de mercado e irregularidades fiscais. Essas controvérsias geraram grande repercussão nacional e internacional, resultando em processos judiciais, acordos de leniência e amplas discussões sobre ética empresarial e responsabilidade corporativa no Brasil.