‘Ministro Pazuello não comprou vacina, porque não quis’, afirmou presidente da CPI da Pandemia

Ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello durante depoimento à CPI da Pandemia (Jefferson Rudy/Agência Senado))

Da Revista Cenarium

MANAUS – O Senador Omar Aziz (PSD-AM), que preside a CPI da Pandemia no Senado, afirmou, na manhã desta quinta-feira, 20, que o ex-ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, “não comprou vacinas (contra a Covid-19 com antecedência), porque ele não quis”. A afirmação foi feita com base em declaração do general, na última quarta-feira, quando ele afirmou que Bolsonaro nunca pediu para que ele não comprasse imunizantes, mesmo havendo vídeos na internet em que o presidente desautoriza o general à aquisição da Coronavac, em 2020.

O imbróglio gerou atraso na aquisição dos imunizantes no País, que ficou para trás enquanto a Europa e Estados Unidos saiam na frente na vacinação de suas populações.

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Nesta quinta-feira, o senador Marcos Rogério (DEM-RO), que integra a base de sustentação do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na Casa, e principal defensor do presidente, exibiu um vídeo com declarações antigas de governadores, como João Dória (SP) e Flávio Dino (MA), gravadas no início de 2020, a favor do uso da Cloroquina para o tratamento da Covid-19 com prescrição médica, época em que o medicamento tinha aval da OMS (Organização Mundial da Saúde), para ser utilizado em pesquisas, cenário que mudou completamente nos últimos meses, com a resposta de inúmeros estudos, que mostraram a ineficácia da medicação para esse tipo de doença.

Segundo Omar, Pazuello isentou Bolsonaro de culpa pelo atraso na aquisição das vacinas, inclusive da Pfizer. Os representantes da fabricante do imunizante apresentaram pelo menos cinco propostas ao governo Federal, em 2020, as quais foram rejeitadas sob o pretexto de cláusulas abusivas no contrato. As mesmas cláusulas aceitas, no último mês, pelo Ministério da Saúde, que adquiriu pelo menos 100 milhões de doses, que poderiam ter sido adquiridas anteriormente, mas que serão entregues de forma fracionada, em meio à segunda onda da pandemia enfrentada pelo País, com cerca de 2,5 mil mortes registradas ao dia.

A ausência de vacinas é hoje sentida pelo Brasil, que depende de matéria-prima da China, para fabricar um dos principais imunizantes utilizados no território, a CoronaVac, cuja produção está paralisada atualmente, à espera da entrega do IFA (Ingrediente Farmacêutico Ativo), base da vacina.

Marcos Rogério levantou, mais uma vez, a tese de que governadores apoiaram a distribuição da cloroquina como protocolo da Covid-19. Contudo, a orientação prevista em nota técnica do MS, é para o tratamento precoce da doença, fase inserida no contexto da atenção primária, que é de responsabilidade de municípios, e não de Estados.

“Brasileiros e brasileiras têm opiniões sobre tudo. Inclusive, de tratamento”, disse, na tentativa de jogar sobre a população a responsabilidade do consumo de medicamentos do Kit Covid de forma indiscriminada. Vale resaltar que as medicações foram apoiadas à exaustão pelo presidente, em lives na internet e ocasiões públicas, mesmo após a contraindicação do uso pela OMS.

Na primeira fase de seu depoimento, ocorrida na última quarta-feira, 19, Pazuello destacou que pelo menos 29 países utilizam a cloroquina como protocolo de tratamento contra a Covid-19, entre eles, Cuba e Venezuela, fato que não foi comprovado com documentos técnicos.

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