Início » Meio Ambiente » Moradores do Rio Madeira têm mercúrio no organismo três vezes maior que limite admissível, aponta laudo
Moradores do Rio Madeira têm mercúrio no organismo três vezes maior que limite admissível, aponta laudo
O documento demonstra fortes indícios de contaminação ambiental e confirma o lançamento de contaminantes a partir das balsas (Bruno Kelly/Greenpeace)
Compartilhe:
15 de dezembro de 2021
Bruno Pacheco — Da Revista Cenarium
MANAUS — Um laudo da Polícia Federal (PF) apontou, nesta quarta-feira, 15, que o mercúrio no organismo de moradores do Rio Madeira, no Amazonas, é três vezes maior que o limite considerado admissível pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Os dados surgem após balsas e dragas de garimpo invadirem a região, em novembro deste ano, em busca da exploração ilegal de ouro.
O documento obtido pela REVISTA CENARIUM trata sobre a primeira fase da Operação ‘Uiara’, onde três garimpeiros foram presos e 131 balsas foram destruídas, em uma ação deflagrada pela Polícia Federal. O laudo mostra que as informações foram detectadas por meio de amostras de cabelo de moradores do rio. Os agentes também coletaram materiais das balsas, da água do Rio Madeira e de folhas que estavam nas margens do rio e nas imediações das embarcações.
De acordo com o laudo, o nível de mercúrio na água do Rio Madeira é de 15 a 95 vezes maior ao considerado aceitável como máximo para consumo e uso recreativo. As amostras de cabelo foram coletadas das comunidades ribeirinhas Remanso e Rosarinho. Segundo o documento, todas as amostras relacionadas diretamente ao garimpo foram coletadas em balsas que operavam próximas ao município de Nova Olinda do Norte.
Conforme o relatório, dos materiais analisados, 85% apresentaram indícios de contaminação pelo elemento mercúrio. “As amostras da água e sedimento demonstram fortes indícios de contaminação ambiental e confirmam o lançamento de contaminantes a partir das balsas, correados para o meio ambiente mediante os materiais utilizados no processo de exploração do ouro e principalmente no rejeito da atividade”, mostra trecho do documento.
As amostras de folhas indicam que pode haver contaminação da vegetação às margens do Rio Madeira. Segundo o laudo, a presença de mercúrio nas folhas pode ser indicativa que o metal está sendo dispersado pela atmosfera e se precipitando no entorno do rio, podendo alcançar pequenas lavouras. “As amostras de cabelo advertem que as populações ribeirinhas estão consumindo água e/ou alimentos contaminados e concentrando nos seus tecidos o metal pesado”, diz outro trecho do laudo.
Operação
Nesta quarta-feira, 15, a PF e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) deflagraram a segunda fase da Operação ‘Uiara II’, que tem por objetivo identificar, abordar e inutilizar balsas e dragas que operam a atividade de garimpo ilegal de ouro na calha do Rio Madeira, no Amazonas. Esta fase da operação acontece em Borba (a 159 quilômetros de Manaus).
Em nota, a PF esclareceu que toda atividade de lavra de ouro no Rio Madeira é ilegal e que, portanto, as ações com o objetivo de desocupar a hidrovia continuarão a ser realizadas, assim como serão estendidas em 2022 a outras regiões de garimpo ilegal detectadas no Amazonas.
Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site. Se achar algo que viole os termos de uso, denuncie. Leia as perguntas mais frequentes para saber o que é impróprio ou ilegal.
Este site usa cookies para que possamos oferecer a melhor experiência de usuário possível. As informações dos cookies são armazenadas em seu navegador e executam funções como reconhecê-lo quando você retorna ao nosso site e ajudar nossa equipe a entender quais seções do site você considera mais interessantes e úteis.
Cookies Estritamente Necessários
O cookie estritamente necessário deve estar ativado o tempo todo para que possamos salvar suas preferências de configuração de cookies.
Se você desativar este cookie, não poderemos salvar suas preferências. Isso significa que toda vez que você visitar este site, precisará habilitar ou desabilitar os cookies novamente.