Moraes autoriza transferência de militar indiciado por golpe para o AM

MANAUS (AM) – O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes autorizou, nessa segunda-feira, 3, a transferência do tenente-coronel do Exército Brasileiro (EB) Hélio Ferreira Lima para cumprir a prisão preventiva dele em uma unidade militar de Manaus. O militar está preso desde o 19 de novembro do ano passado sob suspeita de integrar um plano para reverter o resultado eleitoral de 2022.

Um trecho da decisão assinada por Moraes e divulgada no site do STF nesta terça-feira, 4, aponta que o militar ficará preso no 7° Batalhão de Polícia do Exército, localizado no bairro São Jorge na Zona Oeste de Manaus. O magistrado comunicou a ordem judicial que autorizou a transferência do ex-militar ao Comandante do Comando Militar da Amazônia (CMA), o general Ricardo Augusto Ferreira da Costa Neves. A unidade policial é vinculada ao CMA e está sediada na capital amazonense.

“Defiro os requerimentos e autorizo a transferência do custodiado Tenente-Coronel HÉLIO FERREIRA LIMA para o 7º Batalhão de Polícia do Exército, localizado em Manaus/AM. Comunique-se ao Comandante do Comando Militar da Amazônia, General Ricardo Augusto Ferreira Costa Neves. Oficie-se ao 7º Batalhão de Polícia do Exército, localizado em Manaus/AM”, diz trecho da decisão. Veja:

Hélio Ferreira Lima é um dos chamados “kids pretos”, militares brasileiros com treinamento para operar em ações especiais, que se envolveu em um plano para romper a ordem democrática no Brasil, segundo apontaram as investigações da PF. Durantes as diligências para apurar indícios de crimes, os agentes federais encontraram encontraram um pen-drive em endereço ligado ao militar, no qual continha uma planilha que revelou detalhes com “informações acerca de um planejamento estratégico do Golpe de Estado” no Brasil.

O material coloca o ex-CMA como um dos participantes ativos do plano que tinha o objetivo de manter o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no poder após a sua derrota nas urnas para Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O pen-drive, da marca modelo DT101 G2, foi recolhido pelos policiais federais em fevereiro deste ano, durante buscas realizadas em cumprimento de mandados contra Hélio Ferreira Lima no âmbito da Operação Tempus Veritatis.

De acordo com a PF, o documento “trata-se de uma planilha com mais de duzentas linhas de preenchimento”. A peça, diz a investigação, aborda “fatores estratégicos de planejamento, quais sejam: fisiográfico, psicossocial, político, militar, econômico e produção”.

Na época, a representação pela prisão preventiva de Hélio Ferreira Lima foi solicitada pela PF “considerando o seu perfil e gravidade das condutas praticadas”. Para a investigação, o militar em liberdade “pode colocar em risco a ordem pública e a efetiva coleta de provas em face de outros envolvidos na ação descortinada pelas apurações”.

Monitoramento ilegal

A decisão do ministro Alexandre de Moraes em novembro do ano passado também revelou uma “cronologia as atividades identificadas”, na qual o próprio magistrado foi monitorado, segundo a PF. A investigação policial aponta que os levantamentos iniciais em “‘pontos de interesse’, relacionados ao ministro do STF Alexandre de Moraes” pode “ter contado com levantamentos realizados por Hélio Ferreira Lima e Rafael Martins de Oliveira”.

O magistrado era alvo um dos alvos do plano que previa a execução dele “com uso de artefato explosivo ou por envenenamento ou por envenenamento em evento oficial público”. “[O investigado] possui indícios de que teria participado, de atividades relacionadas ao monitoramento para prisão/execução do ministro Alexandre de Moraes no mês de novembro de 2022”, diz a decisão que ordenou a prisão de Hélio Ferreira Lima. Veja:

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Editado por Izaías Godinho