Morre Tuíre Kayapó, ícone da resistência contra Usina Belo Monte


10 de agosto de 2024
Morre Tuíre Kayapó, ícone da resistência contra Usina Belo Monte
Isabella Rabelo e Jadson Lima – Da Cenarium

MANAUS (AM) – Morreu na manhã deste sábado, 10, a liderança indígena Tuíre Kayapó Mẽbêngôkre, que teve uma trajetória marcada pela luta a favor dos direitos dos povos originários e pela proteção das florestas no Brasil. Tuíre Kayapó, de 54 anos, faleceu em decorrência de complicações durante o tratamento de um câncer do colo do útero.

A ativista ficou conhecida internacionalmente na década de 1980. Em 21 de fevereiro de 1989, Tuíre Kayapó, com 19 anos, tocou a lâmina de um facão no rosto do engenheiro e então diretor da Eletronorte, José Antônio Muniz Lopes, em uma audiência realizada em Altamira (PA) para discutir a construção de um complexo de hidrelétricas no rio Xingu.

A Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) lamentou a morte da liderança indígena e classificou Tuíre Kayapó como “um momento fundamental pelo respeito aos direitos territoriais e culturais dos povos indígenas”.

“Tuíre Kayapó dedicou sua vida à proteção de seu povo e de seu território, sempre guiada pela busca por direitos e respeito aos povos indígenas. Seu legado de resistência continuará a inspirar aqueles que lutam por um Brasil mais justo para os povos indígenas”, diz em nota.

Repercussão

Outras figuras importantes da política e ativismo utilizaram suas redes sociais para demonstrar pesar pela morte da liderança indígena. A primeira indígena eleita Deputada Federal por Minas Gerais (MG), Célia Xakriabá (PSOL), destacou o legado e a luta de Tuíre pelos direitos indígenas.

“Uma grande líder nunca morre, apenas muda de lugar. Tuíre carregou a luta desde a base, porque a luta é o quarto poder. Tuíre também era deputada junto conosco, deputadas eleitas pela luta, porque não somos e nem ocupamos um lugar sozinhas”, escreveu.

A candidata a vereadora à Câmara Municipal de Manaus e ativista indígena, Vanda Witoto (Rede), e a deputada federal Erika Hilton (PSOL) também lamentaram o falecimento de Tuíre.

“Neste dia de tristeza profunda, reafirmo meu compromisso de honrar sua memória e de seguir lutando pela proteção da nossa mãe-terra, pelo direito à vida e pela preservação das nossas culturas”, escreveu Vanda.

A Ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, relembrou o momento de sua posse, em 11 de agosto de 2023, onde Tuíre Kayapó cantou à frente de todo o público presente no Palácio do Planalto, e falou sobre legado e ancestralidade.

“Neste vídeo, tive a honra de ouvir Tuíra cantando durante a minha posse como ministra. Para além da fortaleza que foi Tuíra, porque a vida exigiu que fosse, é assim também que nos lembraremos dela: ecoando seu canto e seu sorriso“, afirmou.

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