Morre um dos pilares do maior festival folclórico do Brasil e Garantido prepara despedida na Baixa de São José

Paulinho Faria mesmo após ter entregado o cargo de apresentador continuou sendo uma referência sobre a história do Garantido (Reprodução/Internet)

Mencius Melo – Da Revista Cenarium

MANAUS – A pandemia de Covid-19 tem sido implacável com a Associação Folclórica Boi-Bumbá Garantido (AFBBG), de Parintins, no Amazonas. Além de vitimar dezenas de sócios históricos, o Garantido acaba de perder Paulinho Faria, ícone que veio a óbito nesta segunda-feira, 22, em Manaus, onde estava internado há mais de uma semana por complicações causadas pelo novo coronavírus.

De acordo com o presidente do Boi Garantido, Antonio Andrade, as informações ao longo da semana apontavam para um quadro clínico complicado. “Sabíamos por conta de nossas fontes que o Paulinho não estava bem, mas, não divulgamos porque se trata de uma violência com a família que era quem estava acompanhando de perto”, informou Antonio.

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O presidente adiantou que mesmo com as restrições impostas pela pandemia será impossível não homenagear Paulinho Faria. “Estamos em conversações com a prefeitura de Parintins, com a vigilância sanitária, polícia militar e demais órgãos de controle social para que possamos preparar a Cidade Garantido para uma grande despedida dedicada ao Paulinho Faria, nosso eterno apresentador. O clima de comoção está tomando conta de Parintins”, lamentou Antonio Andrade.

Histórico

Paulinho Faria nasceu em Belém do Pará e com poucos meses sua família retornou a Parintins. Jovem, ainda na década de 1970, assumiu como apresentador do Boi Garantido no então desconhecido Festival Folclórico de Parintins. Filho de comerciantes, Paulinho Faria era reservado, até por força de uma timidez que ele fazia questão de esconder, era no palco do curralzinho da Baixa que ele crescia como artista.

Comunicador de voz elegante, Paulinho fazia sucesso nos programas de rádio. Era um ícone da comunicação e um apresentador imbatível na arena. Cargo que ele dizia orgulhosamente ter recebido de Lindolfo Monte Verde, criador do Garantido. Foram 26 anos apresentando o boi. Um recorde de vitórias com apenas duas derrotas. É dele a contagem de “1,2,3 e já…” que abre tradicionalmente as apresentações do Garantido na arena.

Torcedor do Flamengo do Rio de Janeiro e do Sul-América de Parintins, Paulinho presidiu o clube de futebol azulino da ilha. Era o único momento em que vestia azul. Marqueteiro sem nunca ter estudado criou as maiores marcas do Garantido: “O Boi do Povão” e o indefectível “Mas Quem é Garantido Levante o Braço”, bordão até hoje decantado na arena de Parintins. Por tanta contribuição, Paulinho Faria está no panteão das lendas do Boi Garantido.

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