Motoristas denunciam vagas ‘reservadas’ por flanelinhas, em Belém
11 de agosto de 2021
Reserva de vagas na Rua R. Padre Champagnat, área do Comércio de Belém (Foto: Reprodução/Whatsapp).
Danilo Alves – Da Cenarium
BELÉM (PA) – Estacionar em Belém, principalmente na região central, não é tarefa fácil. Desde às 8h o espaço para os carros nas ruas fica lotado e, durante o dia, motoristas precisam de paciência para conseguir uma vaga. Aproveitando-se dessa dificuldade, muitos flanelinhas burlam a lei e praticam a famosa “reserva” de vagas.
Conhecida entre quem transita de carro pela cidade em horários de pico, a prática consiste em combinar com alguém a reserva de uma ou mais vagas para pessoas que costumeiramente precisam estacionar naquele local por um valor combinado. De acordo com uma motorista, que não quis ter seu nome revelado, o preço varia entre R$20 a R$50 por dia. “Quem trabalha na região do Centro, muitas vezes precisa apelar para as vagas reservadas, ainda mais quando está sem tempo. Eu precisei pagar R$50 para um flanelinha guardar meu carro na Brás de Aguiar, a gente combinava esse valor por semana”, contou.
Para efetivar a reserva, o “vendedor” de vagas usa cone, cadeira, cavalete e até o próprio veículo. Em frente ao prédio do Ministério Público do Estado, um flanelinha guarda vagas com cone até em espaços que, conforme está marcado no chão, deveria ser ocupado por cadeirantes. Mas, ao contrário, qualquer veículo estaciona no local, pagando adiantado para colocar o carro. O homem não quis conversar com a reportagem da CENARIUM sobre o assunto.
Próximo à Praça Batista Campos, mais vagas reservadas por flanelinhas (Foto: Reprodução/Whatsapp).
No bairro da Pedreira, os guardadores reservam a vaga para comerciantes da área (Foto: Reprodução/Whatsapp).
Reserva de vagas na Rua Padre Champagnat, área do Comércio de Belém. (Foto: Reprodução/Whatsapp).
As vagas ‘reservadas’ estão por todos os pontos da capital paraense. (Fotos: Reprodução/Whatsapp)
Logo à frente, às proximidades do Fórum Cível e da Assembleia Legislativa, os flanelinhas foram flagrados reservando duas vagas com cavaletes de ferro. Segundo Paula Diniz, 54, comerciante da área, a reserva é para os servidores dos órgãos do entorno, uma prática que, segundo ela, “sempre existiu e que já se repete há anos”. Na mesma rua, em frente a um comércio, novamente a via pública fica interditada para vagas reservadas a funcionários. Enquanto isso, dezenas de motoristas que desejam estacionar ficam parados em fila dupla por indisponibilidade de vaga.
De acordo com o Trânsito de Código Brasileiro (CTB), é proibido criar obstáculo para o trânsito de veículos. A lei, no entanto, é ignorada. Um flanelinha que já atua na área há quase 40 anos diz que há motoristas que combinam a reserva pelo celular. Tem outros que nem precisam ligar antes, já são velhos conhecidos e por isso tem a vaga garantida diariamente. “Tem gente que paga de R$ 2 a R$ 5 por dia. É um bom negócio”, disse o flanelinha, que não quis se identificar.
Em nota, a Superintendência Executiva de Mobilidade Urbana de Belém (Semob) informou que não é competência do órgão fiscalizar o trabalho informal de flanelinhas ou guardadores de carros. “Caso seja constatada a obstrução de via pública por cones, cavaletes ou qualquer outro objeto, o agente de trânsito pode apenas fazer a desobstrução do local e advertir o responsável”, informou. A Semob diz, ainda, que mantém fiscalização constante na área para combater irregularidades previstas no Código de Trânsito Brasileiro.
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